tag:blogger.com,1999:blog-2505655548081856682024-03-18T16:29:47.049+00:00Cloreto de SódioIdeias velhas, recicladas a bem do ambiente intelectual português.
(E algumas intimidades partilháveis)Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.comBlogger921125tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-91323765406682413902024-03-18T16:28:00.002+00:002024-03-18T16:29:14.085+00:00Stabat Mater (a todas a Mães)<p>Nota prévia: em Abril de 2019, escrevi este texto alusivo ao tempo da Páscoa. Aqui fica ele, mais uma vez, para recordar o Cristo e homenagear todas as Mães.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifxYu-DfxRUbNRbcDAdFYsLIAyT2zFZgTI5UALruZyZYxZvUmkmJpCPBV_ZGcAuFWnNqAd61kkTj0ykgc7xranzEPUEDLGvQSALEQ6uuVMzwq1qyKlC3ItVVavWFyqo53FiqBjuFgJw_5lnYng7STFrbZnI_X5LCZzZjVXy5c6Fgr6hlTBokq4EOZHFvA_/s975/Deposicao_de_Cristo_de_Bassano_Museu_do_Louvre_Paris.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="699" data-original-width="975" height="246" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifxYu-DfxRUbNRbcDAdFYsLIAyT2zFZgTI5UALruZyZYxZvUmkmJpCPBV_ZGcAuFWnNqAd61kkTj0ykgc7xranzEPUEDLGvQSALEQ6uuVMzwq1qyKlC3ItVVavWFyqo53FiqBjuFgJw_5lnYng7STFrbZnI_X5LCZzZjVXy5c6Fgr6hlTBokq4EOZHFvA_/w344-h246/Deposicao_de_Cristo_de_Bassano_Museu_do_Louvre_Paris.jpg" width="344" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Pintura: "Deposição de Cristo da Cruz" (1575-1577)</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Autor: Jacopo Bassano</div><br /><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt;">A cruz pesava-lhe no ombro, mas já não
tanto como no início. O corpo coberto de pústulas de sangue e suor misturadas
com o pó seco do caminho, dando origem a uma espessa camada de lama
avermelhada, começava a estar dormente, afastado do seu pensamento.</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O sangue quente e vivo escorria-lhe da cabeça, e a coroa de espinhos
continuava fortemente enterrada no crânio, parecendo ter nascido ali, com
origem nos cabelos suados, castanhos e lodosos. O Sol a pino cegava-o e ele quase
não conseguia ver para onde atirava os pés doridos, que as sandálias já não
conseguiam proteger. O caminho era íngreme, pedregoso, difícil. Como difícil
tinha sido a sua vida e a sua luta pela fé.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Jerusalém estava cheia de gente por altura da Páscoa. Muitos tinham
vindo de longe só para verem, com os próprios olhos, a condenação e a morte de
um homem que diziam ser o rei dos Judeus. A multidão cercava-o selvaticamente,
gritando, urrando, fugindo às investidas dos soldados e dos cavalos, acicatando
alguns cães que se misturavam com a turba em êxtase. Ele ouvia todo aquele
barulho ensurdecedor, mas não conseguia distinguir as vozes. Esforçava-se,
desesperadamente, por escutar, de entre a confusão de palavras, a voz gentil de
Maria, sua mãe, que estivera sempre consigo, que o amava incondicionalmente,
que sempre respeitara a sua vontade e as suas opções, que queria morrer por
ele, se a deixassem. E Maria de Magdala, com o seu conforto e os seus olhos de
avelã, doces e tristes, e João, o seu melhor amigo, o seu irmão, a sua paz. Mas
o peso da cruz tirava-lhe a concentração, e desistiu. Sabia que estariam ali, a
acompanhar o seu caminho derradeiro até ao Gólgota.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Sentiu que as forças lhe fugiam. Caiu mais uma vez. Mais uma vez os
soldados romanos o levantaram a toque de lanças e de palavras sujas. Ergueu-se,
as pernas a tremer e a garganta seca, seca, como as dunas do deserto. Dobrou-se
para abraçar a cruz e pô-la de novo sobre os ombros, já em carne viva. Não foi
capaz. O corpo não obedecia ao cérebro cansado. O estômago ardia-lhe e o
coração parecia querer sair-lhe do peito. Apercebeu-se de que alguém lhe punha
a mão na face. Por entre o sangue quase em crosta e o suor enlameado, abriu
mais os olhos para ver quem era. Não era a mãe. Não era João. Nem Maria de
Magdala.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">“Chamo-me Simão. Vou ajudar-te”</span></i><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">. E
empurrado pelos soldados, após um brusco aceno de cabeça do centurião, o homem,
já idoso, natural de Cirene, carregou a cruz durante uns bons metros. Os
suficientes para aliviar um pouco o condenado. Este aproveitou para semicerrar
os olhos e tentar ver, pela centésima vez, onde estavam os amigos. Escondidos,
decerto. Amedrontados, como seria de esperar. A protegerem a própria vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Quando, com um esgar de sofrimento, se preparava para aceitar a cruz de
volta, das mãos do Cireneu, viu uns olhos muito azuis, muito abertos, rasos de
lágrimas, incrustados num rosto claro de tanta luz e triste de tanta dor. Era a
mãe. Era a sua mãe que lhe estendia a mão frágil, como se com aquele gesto
pudesse carregar também aquela cruz ensanguentada. Inspirado pelo olhar
incomparável daquela mãe, incomparável como o de todas as mães, o condenado
mostrou-se mais vigoroso, mais preparado para o resto do caminho em direcção ao
monte.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> Agarrou na cruz, e nem as dores dos espinhos, nem os golpes das
vergastadas lhe ardiam. Nada o segurou ou impediu de cumprir o fim da mais
difícil oração da sua vida. Muito menos as memórias do que tinha sofrido havia
poucas horas. Pelo seu olhar perpassou o manto cor de púrpura e os risos dos
que, no Sinédrio, gozavam com ele, a cana a servir de ceptro, o seu rosto
cansado, cuspido pelos soldados, as injúrias e os impropérios, a libertação de
Barrabás, os gritos do povo enlouquecido, “<i>Crucifica-o, crucifica-o</i>!”,
as mãos de Pilatos mergulhadas na bacia e, depois, pingando para o chão a água
da indiferença…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> Olhou
em frente e viu o monte. O Gólgota. O Monte da Caveira. Onde eram crucificados
os que punham em causa o que não podia ser posto em causa. Seria ali, dentro de
poucas horas, o lugar da sua morte. E ele sabia-o. Desde o tempo dos profetas
que tudo isto se sabia. Nada era novidade para ele. Então, nada havia a fazer
para contrariar a vontade dos homens que o tinham condenado, o desinteresse dos
homens que não o defenderam e a frieza do Pai, que iria aparentemente
abandoná-lo no momento mais extraordinariamente difícil da sua vida. E também
sabia que as suas roupas iriam ser jogadas à sorte entre os soldados e que lhe
iria ser dado vinho e fel, pelos mesmos que lhe iriam perfurar o lado para se
certificarem da sua morte. Todas estas provações seriam muito mais difíceis de
aceitar se a mãe não estivesse com ele, quando tudo terminasse. Essa era a sua
grande certeza: a mãe iria recebê-lo nos braços, junto ao coração, num aperto
derradeiro, único e doloroso. E lá estaria também a irmã dela. E João. E Maria
de Magdala.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> Assim
se cumpriu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Depois da hora nona, as trevas invadiram a Terra. O condenado, à beira do
fim (ou do princípio?), invocou o nome do Pai e, em paz, depois de tudo estar
consumado, entregou o espírito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O Sol eclipsou-se, o véu do templo rasgou-se em dois e a Terra tremeu,
tal como tinha sido narrado pelos profetas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Garamond",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; text-align: center;">…………………………..</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"> Aos pés da Cruz, o regaço de Maria recebeu, finalmente, este Menino de
Sua Mãe, exangue, </span><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">coberto de </span><span style="font-family: Garamond, serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">chagas, retalhado, sujo, semi-nu, abandonado,
morto, mas vivo para toda a eternidade. </span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-90572704150292267312024-03-12T18:44:00.014+00:002024-03-12T19:01:43.480+00:00O desespero da Rosa e outras estórias sem interesse<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgECSXSrztemiw_YeuRNrD4B51LYxjobZqrLn-R_0AdBqUd8I9j2DC0nl0taMogWDjlvAFhu5uVCJFuE2M_8iSgjlp-Yfe0CB8P1Tgh4DsSDdqJ16t37hN0XHYq0e1HTFtfXHWik9leKkMr7mbl9xmSziTVs5b9YanCDCc1b6vSFAQ89yhPh6g_0_i9gXo9/s900/cravo%20seco.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgECSXSrztemiw_YeuRNrD4B51LYxjobZqrLn-R_0AdBqUd8I9j2DC0nl0taMogWDjlvAFhu5uVCJFuE2M_8iSgjlp-Yfe0CB8P1Tgh4DsSDdqJ16t37hN0XHYq0e1HTFtfXHWik9leKkMr7mbl9xmSziTVs5b9YanCDCc1b6vSFAQ89yhPh6g_0_i9gXo9/s320/cravo%20seco.jpg" width="320" /></a></div><br /><p align="center" class="Standard" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
desespero da Rosa</span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
descaramento socialista, pontuado por um certo desespero, tornou-se o rosto
visível de um candidato com um histórico cheio de nódoas, atirado aos bichos no
último congresso do PS pelos próprios camaradas e que, na noite das eleições,
perante um país em suspenso, se mostrou ansioso por regressar a casa e fugir daquele
cenário desastroso, criado por ele próprio e pelo Governo a que pertenceu e do
qual foi despedido. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Como
pode um partido, que perdeu a credibilidade perante os seus eleitores e perante
os portugueses em geral, depois da sua queda vergonhosa por motivos ainda mais
vergonhosos, apresentar um candidato que foi ministro, e ministro demitido por
decisões mal explicadas?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Como
é possível António Costa, no decorrer da campanha eleitoral, vir a terreiro
defender o seu ex-ministro, por si demitido, como o candidato certo a primeiro-ministro
de Portugal se ele nem um bom ministro foi?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Como
se pratica o apoio a um falso delfim que, em debates televisivos
após a sua demissão, rasgou o Governo socialista e o seu líder de alto a baixo?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">A última
pergunta que se impõe é ainda mais simples: o Partido da Rosa não tinha outro
candidato, mais <i>clean</i>, menos polémico, para eleger como
secretário-geral? Pedro Nuno Santos era mesmo o melhorzinho de todos? Pois…
parece que não.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span><b style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
que o meu PS não fez, vou eu fazer agora…</span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-indent: 35.4pt;">…
poderia ter sido o lema de campanha do candidato socialista, já que foi um ver
se te avias nas mudanças operadas no pensamento de Pedro Nuno Santos quando se
viu na incumbência de ganhar as eleições. Por exemplo, tudo o que o Partido
Socialista se recusou a fazer em relação às justas exigências dos professores,
em pé de guerra com o ministério da tutela e com João Costa quase durante um
ano lectivo inteiro, com Pedro Nuno tudo será agora diferente: os professores
poderão vir a recuperar o tempo de serviço que lhes foi roubado. Serve esta atitude
eleitoralista para medir o cinismo e a teimosia hipócrita do ministro da Educação,
do ministro das Finanças e do primeiro-ministro, que afirmaram sempre não haver
dinheiro para tal despesa repentina e incomportável. Agora, com PNS, o dinheiro
deixou de ser problema.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">PNS
perdeu por uma nesga, mas perdeu. Ganhou o parente (não muito) afastado de
Ventura que conseguiu pôr o país em suspenso com o seu “Não é não!”. Veremos se
vai manter o que disse ou se, com o apoio do terceiro maior partido, vai
contribuir para mudanças profundas na gestão do país e dos portugueses, algumas
delas regressadas de outros tempos, em que o queridíssimo líder, com palavras
mansas e cristãs, sussurradas aos ouvidos dos descontentes e guardadas e feitas
cumprir por uma competente guarda pretoriana, punha e dispunha do tempo, da
mente e da vontade dos liderados. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"> </span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O Povo
é… o Povo (por enquanto)</span></b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Não
defendo partidos extremistas, nem de esquerda, nem de direita. E porque os
extremos se tocam, a História já nos mostrou os resultados terríveis e os atentados
aos direitos fundamentais dos cidadãos que regimes nazis/fascistas e regimes
comunistas tiveram a oportunidade de exercer ao longo de décadas, sobretudo
numa boa parte dos países da Europa, incluindo no nosso, durante 48 anos. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Quando,
ao longo do seu percurso de ascensão, um partido se revela uma alternativa, mas
contra as pedras basilares do sistema democrático, esmagando aos poucos os
direitos dos cidadãos, a primeira reacção, quase instintiva, é refutá-lo, mais
do que isso, é ignorá-lo. Ainda assim, ignorar um partido com as
características do partido de André Ventura só poderia ter dado este resultado:
uma subida estrondosa no número de votos e uma conquista legítima e democrática
de quase um quarto dos assentos parlamentares. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Inúmeras
tempestades irão abrir-se sobre as nossas cabeças, acompanhadas de tsunamis e
terramotos da mais diversa índole. Mas não nos podemos admirar. Foi o Povo que
escolheu, e o Povo é soberano. Ninguém poderá contrariar a vontade do povo, e
André Ventura tem isso do seu lado. Isso e as asneiras em catadupa perpetradas
por Costa e seus delfins, de tal modo que tiveram de deixar cair um Governo de
maioria que, por falta de inteligência, de sentido de Estado e com um sistema
de amiguismo bem implementado, abriram um espaço preenchido por quem, à imagem
de outros políticos tristemente célebres, souberam aproveitar o demérito da
esquerda e o transformaram em mérito próprio para se auto-proclamarem
salvadores de uma nação em agonia. Outros já o fizeram, vindos da esquerda e da
direita, com os resultados desastrosos, assustadores e macabros que todos
conhecemos e abominamos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Há,
porém, uma questão que Ventura, no meio da sua quase infantil euforia, ainda
não ponderou. A subida vertiginosa do seu partido em termos de votantes, recebendo
no boletim mais de um milhão e cem mil cruzinhas, não tem a ver com o seu
programa eleitoral ou com as soluções que ele vai apresentando como se já fosse
primeiro-ministro. Tem a ver com o descontentamento, com a desilusão, com o
vazio que sentimos em relação à forma como temos sido governados. Ventura e o
seu partido não têm JÁ um milhão de adeptos, têm APENAS um milhão de adeptos.
Os outros seis milhões andam espalhados pelo espectro, desnorteados, à espera
de melhor rumo. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">O
acto de desespero dos eleitores, até de vingançazinha, contra as duas maiores
cores do espectro partidário, desvalorizando o peso desse gesto, pode resultar
num caldinho ainda menos apetecível, onde seremos, cheios de estúpida
felicidade, postos a cozer em fogo lento. Os próximos dias serão, pois,
decisivos para as nossas vidas. Mas há sempre forma de voltar atrás. <o:p></o:p></span></p><p align="center" class="Standard" style="text-align: center;">
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">É
verdade! Alguém diga ao Presidente da República que, para já, guarde silêncio e
deixe a democracia funcionar sozinha.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>João Luís Nabo</b></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>In "O Montemorense", Março de 2024</i></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-9448385723839953432024-02-15T21:40:00.002+00:002024-02-15T21:57:13.585+00:00Três textos de ficção<p> </p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuSv1JfY8pd0mlp7OMIgzEK4f5-eDLAjEpy86i3Z__S5bQr-hKDTcJ1yGrMm1Ais1xg8h3SVFoFvL3BiA065U5_F9k2n2Hegy_wc91_RYJLg6T4IEQj58xC8hsWybwuXv4x4_hSQBlbYp72X91fEm8KDF_cDsg3LsYPS5NOMGpKCr1XxRxT6YDYydU2IvA/s720/balu%20montemorense%20fev%202024.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="555" data-original-width="720" height="247" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuSv1JfY8pd0mlp7OMIgzEK4f5-eDLAjEpy86i3Z__S5bQr-hKDTcJ1yGrMm1Ais1xg8h3SVFoFvL3BiA065U5_F9k2n2Hegy_wc91_RYJLg6T4IEQj58xC8hsWybwuXv4x4_hSQBlbYp72X91fEm8KDF_cDsg3LsYPS5NOMGpKCr1XxRxT6YDYydU2IvA/s320/balu%20montemorense%20fev%202024.jpg" width="320" /></a></b></div><b><br /><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b><p></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">I<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br /></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Não é novidade a
forma completamente inadequada como decorrem os debates entres os candidatos a
primeiro-ministro, nos diversos canais de televisão. Acusações, destruição de
carácter, tiros certeiros à honra, desrespeito desbragado pelas ideias do
adversário, lançamento de petardos, em qualquer direcção, servindo de manobras
de diversão, escavações fundas mas, muitas vezes, inócuas, no histórico
político e pessoal de cada um, roçando o ignóbil e o insultuoso, é o que nos tem
sido servido durante os últimos dias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Se alguns dos pugilistas
conseguem, apesar de tudo, manter alguma dignidade, sabe-se lá com que esforço,
há outros que deveriam ir para casa, em vez de se sentarem no estúdio, de mangas
arregaçadas e esgares ameaçadores, frente ao adversário. Se um prémio houvesse
para o que está continuamente a pisar a linha vermelha, esse seria para André
Ventura, que continua a pensar que é o único que irá livrar o país dos corruptos,
dos criminosos e dos oportunistas. Outros houve, e a História é, infelizmente,
farta em exemplos, que, não há muitos anos, foram eleitos porque o povo, farto
do estado de uma Europa falida e a ressuscitar conflitos antigos, queria um
mundo novo e justo. Pouco tempo passou até às perseguições, às prisões, às
deportações em massa, ao genocídio, à destruição e ao envolvimento da Europa,
dos Estados Unidos e da ex-União Soviética numa guerra profundamente
destruidora como é qualquer guerra. Das ruínas nasceram outros oportunistas que
acabaram por dividir a Europa em duas e manter um cenário de medo e insegurança
durante várias décadas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Ventura não é um
fenómeno único na Europa (e no Mundo). Trump, Putin, duas personalidades
ideologicamente dominadoras, os partidos de extrema-direita que lideram os
governos da Itália, da Polónia e da Hungria, a França, com a candidata Marine
Le Pen, a ganhar cada vez mais espaço no espectro político do seu país, são as
máquinas que, aos poucos, vão minando a democracia, cada vez mais ameaçada. Daqui
a algumas gerações, não muitas decerto, a Europa desse tempo não terá,
politicamente, qualquer semelhança com a Europa do início deste século.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Para já, Ventura
consegue manipular os debates, insurgir-se contra os moderadores, dominar as
discussões, gerir o seu tempo e o tempo dos outros. Conhecedor da máxima “Não
há publicidade má”, consegue aquilo que pretende: ser falado, comentado, amado
ou odiado. Jamais ignorado. E ignorá-lo é completamente impossível. E pouco
aconselhável.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O Balú, cão atento
e sábio, diz-me bastas vezes que não vale a pena preocupar-me tanto. Que, mais
ano menos ano, esquerda e direita irão tocar-se definitivamente e que ambas
acabarão por esquecer o bem do povo, porque será para elas mais importante o “Bem
da Nação”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">As novas
tecnologias ainda não são bem a minha onda, muito menos a minha praia. Vamos aos
poucos aprendendo, sobretudo com os filhos e os amigos mais novos que, entre um
ou outro sorriso paternalista, nos conduzem ao estranho mundo dos logaritmos e
dos megabytes. E, assim, seguimos mais confiantes, procurando tirar cada vez
melhor partido das ferramentas que temos à nossa disposição online. A Internet,
por sua vez, tornou-se um dos nossos maiores aliados quando nos fornece tudo o
que solicitamos para novas leituras, consultas, pesquisa, publicações. O acesso
a todos os locais, espaços e informações tornou-nos também mais vulneráveis,
tal como os instrumentos que usamos ou os espaços onde vivemos. Temos cada vez
menos desculpa para ignorarmos o que se passa à nossa volta e só não dominamos
todos os temas do universo apenas porque não teremos dez ou mais vidas como
esta, o tempo necessário para podermos abarcar uma parte (não a totalidade) de
todo o conhecimento que nos é oferecido através de um “simples” computador. Acredito
que, se Saramago vivesse fisicamente nestes tempos, teria, decerto, já escrito
uma boa história sob a premissa “No Dia Seguinte Não Houve Internet”. Quem sabe
até se este novo romance não poderia ser escrito pelo ChatGPT, tal como o foi a
terceira parte desta bela crónica?<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">III<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Enviei a seguinte
mensagem ao ChatGTP:<b> “</b>Olá! Imagina que amanhã não há Internet. Escreve
uma pequena ficção sobre isso!” Cinco segundos depois, recebi o seguinte texto,
que tomei a liberdade de resumir por conveniência de espaço<a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/Cloretos%202024/CLORETO%20FEVEREIRO_2024.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>:<o:p></o:p></span></i></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">“Era uma manhã
como outra qualquer, até que o sol nascente foi ofuscado por nuvens densas que
pairavam no céu. As pessoas acordaram, como de costume, pegando nos seus
dispositivos eletrónicos, mas algo estava diferente. A conexão com a Internet
havia sido perdida. Em poucas horas, a notícia espalhou-se como um rasto de
pólvora. Governos, empresas, famílias inteiras estavam desligadas do mundo
digital, sem redes sociais, sem e-mails e sem acesso à informação instantânea. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">As ruas, que
costumavam ser preenchidas pelo zumbido das actividades online, agora estavam
estranhamente silenciosas. As lojas que dependiam da Internet para processar
transacções estavam fechadas. As pessoas juntavam-se em praças e nos parques,
tentando encontrar conforto na companhia umas das outras. Enquanto isso, nos
bastidores, cientistas e especialistas trabalhavam freneticamente para entender
o que havia acontecido. Surgiram teorias da conspiração mas sem respostas
concretas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Com o passar dos
dias, as comunidades começaram a adaptar-se à nova realidade. Apesar dos
desafios, algumas coisas positivas emergiram dessa crise. As famílias passaram
mais tempo juntas, redescobrindo a arte da conversa cara a cara, as crianças começaram
a brincar ao ar livre, longe dos ecrãs brilhantes que antes as hipnotizavam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Então, lentamente,
a Internet começou a voltar. Os sistemas foram restaurados, os cabos foram
consertados e a vida online retomou seu curso. As pessoas jamais iriam esquecer
os dias em que o mundo ficou desconectado, lembrando-se de como a ausência da Internet
as aproximou umas das outras de maneiras que nunca teriam imaginado possíveis.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><b> João Luís Nabo (e ChatGPT)</b></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><i> In "O Montemorense", Fevereiro de 2024</i></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><i> </i></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/Cloretos%202024/CLORETO%20FEVEREIRO_2024.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Nota:<i> O texto foi
ligeiramente alterado na forma mas não no conteúdo.<o:p></o:p></i></p>
</div>
</div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-55053341276364325372024-01-14T21:56:00.006+00:002024-01-15T13:09:44.730+00:00Duas mãos para o novo ano<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOKXlrUgvBitEfcS1vJNxafpjVDH395S3Ux2U1iNKB16zMkFoK3CjJrW1aosg8VobpuWJZSRa8z7SmEeo42QS_z4D4dApTsjes6fiSMWjABUiTAo_G72wHYPpgHbJ4UG5kRJsp1KNO_MOLKAINq3JVBqPnzUMV4BizsTXBHbF16ZJm2pdaSq2WqazWVc8D/s3872/semedor%20cloreto%20janeiro.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2592" data-original-width="3872" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOKXlrUgvBitEfcS1vJNxafpjVDH395S3Ux2U1iNKB16zMkFoK3CjJrW1aosg8VobpuWJZSRa8z7SmEeo42QS_z4D4dApTsjes6fiSMWjABUiTAo_G72wHYPpgHbJ4UG5kRJsp1KNO_MOLKAINq3JVBqPnzUMV4BizsTXBHbF16ZJm2pdaSq2WqazWVc8D/w330-h221/semedor%20cloreto%20janeiro.jpg" width="330" /></a></div><br /><p></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">I<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Uma mão cheia de
nada…<a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/Cloretos%202024/CLORETO%20DEZEMBRO_2023.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Chegámos a 2024,
depois de dezenas de escândalos, de crises, de casos e de outras cenas que nos
dão vontade de começar a acreditar no diabo e nos seus seguidores. Fico
ligeiramente aborrecido quando os assuntos que nos atraem e distraem levam os
meus doze leitores (treze, pois há um novo leitor atento e crítico às minhas
publicações, aos meus livros e a outras parvoíces que vou produzindo) a
pressionar-me com perguntas sobre política e… capacidade de sobrevivência. De
política entendo muito pouco. De capacidade de sobrevivência, enfim, não tenho
grande razão de queixa, porque tenho a sorte de me rodear de pessoas absolutamente
diferentes umas das outras que me ensinam, sejam (muito) mais novas do que eu,
sejam mais velhas e experientes, a perceber que não somos a última bolacha do
pacote, que não somos os maiores em coisa nenhuma, que não somos os salvadores
de ninguém, nem exemplo para a maioria. É essa a regra para a nossa
sobrevivência. Com a cada vez maior ascensão das redes sociais, onde nos
mascaramos para poder cobardemente dizer o que nos apetece sem pagarmos judicial
e moralmente por isso, tornámo-nos poderosos, tristemente poderosos, e capazes
de destruir o nome, a honra, a vida, a biografia de quem quer, apenas e só,
viver tranquilamente e deixar que os outros vivam com igual placidez. Sinto, eu
e os meus treze leitores, que há uma necessidade urgente de olharmos mais para
os nossos vizinhos, de sentarmos à nossa mesa quem gostamos e de assegurarmos que
estaremos sempre ao lado dos amigos que, num dia, acordam com menos esperança ou
que precisam, mais do que uma palavra de consolo, uma voz forte que lhes
garanta a segurança perdida em momentos de desventura. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Não precisamos de
ser políticos, nem super-homens, nem figuras públicas, nem religiosos, que
batem no peito de quarto em quarto de hora e franzem o sobrolho quando os
outros não o fazem. Precisamos de nos apresentar como seres humanos que não
hesitam um só momento quando a sua presença, a sua voz, a sua opinião, o seu
voto se torna necessário e imprescindível para defender um familiar, um amigo,
uma nação. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A qualquer custo. Porque a
amizade, o sentido de família e o patriotismo é isso mesmo, sem saudosismos e
muito menos desejos obscuros de regressar a um passado tristemente célebre, no
qual o autor deste texto seria, com toda a certeza deste mundo, perseguido,
preso, torturado e, muito provavelmente, morto.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Outra cheia de
esperança… <a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/Cloretos%202024/CLORETO%20DEZEMBRO_2023.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[2]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A nossa profissão, a minha e a de
muitos colegas meus que me acompanham, quer recentemente, quer desde há muitos
anos, nas nossas escolas de Montemor, tem muito de nós plasmado nas turmas que
ensinamos, nas salas onde trabalhamos. Sem que tivéssemos dado por isso, começamos,
aos poucos, a testemunhar os resultados das sementes que lançámos ao longo de
quarenta anos, sem, muitas vezes, sabermos se todas germinaram. Mas as
sementeiras são assim mesmo. Os terrenos nem todos são férteis, os agricultores,
por vezes, perdem a mão, as sementes nem todas estão suficientemente amadurecidas
para germinarem após as primeiras chuvas, outras, ainda, perderam-se por terem caído
sobre uma rocha implacável, dura e estéril. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os tempos que se aproximam não se
adivinham fáceis, com lobos em pele de cordeiro prontos a fincar os dentes no
cachaço de quem, distraída e estupidamente, os aplaude de forma cega e
subserviente, sem pensar nas consequências ou nos resultados dos seus aplausos.
Os alvos dos elogios e das lambebotices, lançados das bancadas da ignorância, incham,
crescem, mentem, exploram os que não pensam por si e acabam por aproveitar-se
dessas sementes que, impedidas pelos rochedos da vida, não conseguiram germinar
e dar origem a uma nova planta, completa e viçosa, com futuro e com sementes
para, porque donas do seu destino, mais tarde lançar à terra. Os que germinaram
têm a obrigação, o dever, a sagrada função de ler, estudar, conhecer o passado
deste país, analisar o esforço dos que fizeram esta nação, dos que nos
permitiram, à custa de sofrimento, luta, suor e lágrimas, ser um povo livre e
que, se não fossem os sucessivos Governos desgovernados, poderia ser feliz e
próspero.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os tempos que se aproximam vão ser
de aproveitamento, de populismo, de promessas cegas e entusiasmadas, sabendo
nós que tudo não passará de uma técnica obscura e táctica para conquistar a
confiança de quem já não crê nas promessas de um candidato vindo de um Governo Costista
desacreditado e inglório. Os fracos, as sementes que não germinaram e que
conseguiram entrar nos meandros da partidarite e da governação, mudam de cor,
de camisola, de pensamento, de teorias e agarram-se a quem lhes vai garantir um
cargo, uma posição, um tacho certo, pelo menos durante quatro anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como cidadão português, continuo a
amar o meu país, independentemente dos incompetentes que o têm governado. E
acredito que a maioria das sementes que todos nós lançámos, durante tantos anos
de investimento nos jovens e no ensino, terão caído em terra fértil, adubada,
lavrada e que nos irão dar, em breve, um país decente e livre. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br /></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/Cloretos%202024/CLORETO%20DEZEMBRO_2023.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Obrigado, Irene Lisboa<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/Cloretos%202024/CLORETO%20DEZEMBRO_2023.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> São Mateus, 13, 18-23
(Parábola do Semeador)<o:p></o:p></p><p class="MsoFootnoteText"><b>João Luís Nabo</b>, in "O Montemorense", Janeiro 2024</p>
</div>
</div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-48892439363868347802023-12-14T11:32:00.007+00:002023-12-14T11:41:09.724+00:00Toca o sino...<p> <br /></p>
<p align="center" class="Standard" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 13pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2U-HRYSghTJp92FSaGOyU-FEG4BfFWIDjUmfFKy19eV3WSXHaeKcKaA3LdolNVn7DcQPrtE8Gp50_J8Z-B0zoISGxtiqqwicXlN-exjGfCWERUo2jnwKxOoMVPz_ayHm6_38ET7tkcQx_Wgc29N7dzm-r6ND6fivmADzDMvWMGgXsPpNVxAJ-B_ySys5m/s1700/natal%2023%20cloretoo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1133" data-original-width="1700" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2U-HRYSghTJp92FSaGOyU-FEG4BfFWIDjUmfFKy19eV3WSXHaeKcKaA3LdolNVn7DcQPrtE8Gp50_J8Z-B0zoISGxtiqqwicXlN-exjGfCWERUo2jnwKxOoMVPz_ayHm6_38ET7tkcQx_Wgc29N7dzm-r6ND6fivmADzDMvWMGgXsPpNVxAJ-B_ySys5m/w367-h244/natal%2023%20cloretoo.jpg" width="367" /></a></div><p></p>
<span style="mso-bookmark: _Hlk84863043;"></span><br />
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">I<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Toca o sino…<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">…pequenino, sino
de Belém. Há dois milénios que se celebra o nascimento da figura mais
carismática da História e a que, talvez, mais conflitos tenha provocado, de
forma involuntária, é certo, mas devido à maneira oportunista como os homens têm
vindo a querer interpretar a sua mensagem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Assumidamente interessado
em temas ligados às religiões, e descontraidamente agnóstico, revejo na figura
de Jesus a imagem dos homens bons, que lutam pela justiça, que dão o peito às
balas, que rejeitam os bens materiais e que amam o próximo nos seus amigos e
nas suas famílias, sem quaisquer interesses secundários. Contudo, o exemplo
dado pela Criança que (re)nasce agora raramente foi seguido por muitos dos que
o admiram e adoram e o colocam em tronos de ouro e forrados a pedrarias. Porque…
admirar é uma coisa, aplaudir o seu exemplo é de bom tom, mas seguir literalmente
os seus ensinamentos e as suas propostas… isso já é outra coisa muito
diferente. Daí termos assistido, ao longo dos tempos, aos maiores crimes e aos
insultos mais descarados ao Menino de Belém, ao Cristo do Gólgota, sacrificado
pelos Seus contemporâneos e pelos que haviam de vir. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O desejo, a ganância,
a luxúria, o orgulho, a inveja, a ambição desmedida, o poder, a possibilidade
de dominar os mais fracos… são conceitos e práticas que nem por isso estão
longe do quotidiano de muitos de nós e sem os quais muitos de nós não saberiam
viver. É o que é. É o que manda a natureza humana. E quem somos nós para
contrariar a natureza humana? <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E Cristo? Cristo
não era deste mundo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II</span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Toca o sino…<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br /></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">…a rebate, como
alerta das mil tragédias que o mundo enfrenta. A rebate, clamando ajuda de quem
pode e de quem quer. A rebate, porque é tempo de urgência, de medo e de
angústias que nenhum Natal consegue anular, que nenhuma oração consegue aliviar.
Incêndios, inundações, derrocadas, bombardeamentos, explosões… O sino,
imparável, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>soa através do planeta, de
Norte a Sul, de Oriente a Ocidente. Puxado por mãos invisíveis de milhões em
fila, perdidos, em pânico, sem casa, sem família, prestes a perderem a vida. O
que falta para que o sino, insistente e desesperado, seja finalmente ouvido? <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O choro das
crianças, das mães e dos velhos soam mais alto do que as mais belas canções de
Natal que vamos ouvindo por aí, e têm mais substância do que qualquer poema que
fala da estrela de Belém, dos pastores, das ovelhas e má-na-sê-quê. Então, o
que falta para que o sino ressoe nas mentes e nos corações dos poderosos que
comandam os nossos dias? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Serão
necessárias mais cimeiras, mais reuniões, mais debates, mais discursos, mais
apelos? Não. Bom senso. É só isso que falta. Bom senso e sentido de humanidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p>I</o:p></span></b><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II</span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Por quem os sinos
dobram…<a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/CLORETOS%202023/CLORETO%20DEZEMBRO_2023.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> <span> </span><span> </span></o:p></span></b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Toca o sino, dolente
e compassado, acompanhando o passo de quem se despede definitivamente de quem
amou em vida e vai continuar a amar depois da morte. São milhares os seres
humanos como nós que, na Europa e no Médio Oriente, morrem todos os dias, sem
nada poderem fazer contra os senhores da guerra. O desespero dos sobreviventes
aumenta quando percebem que os que têm poder para terminar os conflitos não
querem fazê-lo porque há interesses superiores que comandam as suas decisões. Russos,
ucranianos, palestinianos, israelitas pesam o mesmo na balança da vida – têm
famílias, amigos, bens, e tinham um futuro. Nós, por cá, e apesar dos políticos
que nos têm governado, ainda vamos tendo esperança em dias melhores e sentimos
algum alívio pela distância que nos separa desses conflitos sanguinários. Se os
sinos dobram por eles, um dia poderão dobrar por nós, como dizia o poeta. E aí,
como escreveu um senhor chamado Brecht, já não poderemos fazer nada.</span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">IV<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Toca o sininho…<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">… pequenininho, do
tamanho de algumas gaivotas que ainda não perceberam que a vida é muito mais do
que uma imagem. A vida, essa coisa bela e abstracta, passa por nós tão
rapidamente que, se não estivermos atentos, acabamos por nem dar por coisa
nenhuma… Apenas porque passámos uma parte dela a admirar a nossa imagem no
espelho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Bom Natal!</span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 47.2px;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>João Luís Nabo</b></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 47.2px;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>In "O Montemorense", Dezembro 2023</i></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/CLORETOS%202023/CLORETO%20DEZEMBRO_2023.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> John Donne & Ernest Hemingway<o:p></o:p></p>
</div>
</div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-80950346181137279972023-11-13T20:03:00.004+00:002023-11-13T21:44:22.207+00:00Três de três<p> </p><p align="center" class="Standard" style="text-align: center;"></p><br /><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 7;"> </span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNp0xviaKmiJhrkPfu26g9iAE_g-GmMw4nWrcC-6CusDKecvxKuI7Ravb7QX3pPBP0aGM1eQwyOyoxxrMQvfMxylU2KlHCQkdd8RzQtv-AuQc_ci7w_0iKBaztQV96igSUzHItu8zsFw-8SCEMLKT5TVI5QtqCUinBwxBXql5hi0C0fUdcH-_Mqckkc1nK/s3232/IMG_20231113_160322.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3232" data-original-width="3120" height="333" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNp0xviaKmiJhrkPfu26g9iAE_g-GmMw4nWrcC-6CusDKecvxKuI7Ravb7QX3pPBP0aGM1eQwyOyoxxrMQvfMxylU2KlHCQkdd8RzQtv-AuQc_ci7w_0iKBaztQV96igSUzHItu8zsFw-8SCEMLKT5TVI5QtqCUinBwxBXql5hi0C0fUdcH-_Mqckkc1nK/w322-h333/IMG_20231113_160322.jpg" width="322" /></a></div><br /><p></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">I<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">De</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> <b>partida<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em quase cinquenta anos de regime
democrático (umas vezes mais, outras vezes menos), nunca se viu coisa assim.
Mesmo quem nutra alguma simpatia por este ou por aquele político, por motivos
menos racionais, claro, ficou recentemente desprovido de qualquer gota de paciência
para aceitar a catadupa de acontecimentos vergonhosos que invadiu as televisões
e os jornais e, consequentemente, o nosso dia-a-dia, protagonizados pelo Primeiro-ministro,
pelo ministro Galamba, pelos amiguchos do Costa, pelo Presidente da República,
cada vez menos capaz de gerir a crise, pelo Governador do Banco de Portugal e,
provavelmente, por outros amiguinhos que, de menor importância, não merecem ter
o nome nos cabeçalhos das notícias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Porque todos nós sabemos o que
aconteceu, não se justifica gastar o meu e o tempo dos meus 8 leitores (9, peço
desculpa) a recordar as figuras tristes e comprometedoras desses indivíduos que
governam esta terra de tantos santos e de muitos mais heróis (nós, os
contribuintes). Resta, na verdade, deixar a reflexão e perguntar se, no Governo,
está tudo maluco e quebradiço, ou se Portugal e os portugueses não merecem o
mínimo respeito vindo dessa gentinha que, cada vez mais, mostra as suas
verdadeiras ambições: o Poder, não para governar, mas para a distribuição de
favores, para a criação de grupos secretos e conluios e conspirações, envolvendo
negócios de milhões e sacos de dinheiro com uns trocados a servirem de
marcadores de livros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Se não mudarem os políticos (e não
antevejo melhoras no horizonte), mudo eu de nação. E é já em Janeiro. (Alguém
quer boleia?)<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">De regresso<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Dizem que não se
deve voltar aos sítios onde se foi feliz. Tenho dificuldade em concordar com
este aforismo, já transformado num <i>cliché</i> cediço e sem piada nenhuma. Todos sabemos que
há lugares que, revisitados, nos podem reacender essa felicidade, já um pouco
distante no tempo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O meu novo livro,
a ser lançado em breve, é um conjunto de vinte e quatro contos escritos no
Verão de 2022, um pouco por esse Alentejo, nosso e muito nosso. Regressei,
recentemente, por breves instantes, a Vila Viçosa, vila branca e com lugar
cativo na História e na Literatura de Portugal. Nela escrevi “O Grito do Falcão”
e “O Ajuste de Contas”, duas das histórias desse livrinho quase maldito. A
esplanada, na Praça da República, extensa no seu rectângulo ajardinado, estava
vazia e as mesas e cadeiras empilhadas à espera de melhor tempo. Contudo, e
ainda assim, consegui respirar o mesmo ar que por ali circulava naqueles dois dias
quentes de Agosto, um para cada conto, comigo agarrado à solidão das palavras,
mas rodeado sempre por muita gente, alguns estrangeiros, outros habitantes da
vila, que vinham tomar o seu café matinal, olhando para mim, primeiro com
desconfiança, depois com um certo ar de benevolência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Neste exercício de
memória, senti também um outro tipo de felicidade: o de perceber que, muito
provavelmente, sem este cenário monumental, sem os sons das vozes, as cores dos
fatos de Verão que me invadiram os sentidos naquelas manhãs, as histórias
teriam sido outras ou, provavelmente, nem sequer tinham existido. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Pois o livro, que
poderá estar em breve nas vossas mãos, é sobre Vila Nova, escrito aqui, em
Montemor, e também em terras mais distantes, como Vila Viçosa, Alandroal, Santiago Maior, Monte do Trigo e, até, imaginem, Porto Covo. Acreditem, caros leitores, que
tais excursões literárias, feitas por outros imperativos, só serviram para
comprovar a teoria de muitos de nós sobre a terra que nos viu nascer: quanto
mais afastados de Vila Nova, tanto mais próximos nos sentimos dela, a ponto de,
à distância, com um olhar mais apurado, lhe entrarmos no coração e conseguirmos
revelar os mistérios, os comportamentos, as decisões, as angústias, os
conflitos, as devassidões, os pecados, os segredos de alguns dos seus
extraordinários habitantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Aproveito para
agradecer à equipa que me acompanhou e aconselhou até à entrada do manuscrito
na editora: Fernando Mão de Ferro, Helena Gil e Raquel Ferreira (Edições
Colibri), Manuel Filipe Vieira (revisão do texto), Pedro Coelho (autor do
prefácio), Ricardo Feijão (foto da capa) e Tânia Grafino (<i>designer</i>). <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Afinal o “eu” transforma-se
em “nós”. Porque os amigos também são para estas ocasiões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">III<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Para
fechar<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">É só mesmo para
isso: para fechar o Cloreto deste mês. Não me sinto muito confortável quando o
texto só tem duas partes. Não é lógico, não é triangularmente saudável, não é
simbólico (como nos contos de fadas), não é bíblico. É por isso que, meus
amigos, estão a ler estas breves linhas, pensando que iam defrontar-se com mais
umas frases daquelas para fazer pensar. De qualquer modo, ficamos mais seguros
sabendo que entre o <i>um</i> e o <i>três</i> há o <i>dois</i>. Porque, só
assim, o <i>dois</i>, amparado pelos amigos (ao contrário de Costa), faz todo sentido.
Aqui e em toda a parte. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i>João Luís Brejo Nabo</i></span></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><b>In "O Montemorense", Novembro de 2023</b></span></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-90525229535295411842023-10-09T16:01:00.008+01:002023-10-09T16:24:47.831+01:00Notas sobre pessoas boas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxDMRAXmYmEjvFpOEgp-FRw_Fg31iuOYG-Nv1-CMmLxF2yJbCSXO0L3GAvg08q8iEPZ1Of20Znio7E7AltHnyxuk4bMyci87u74quJ75YBUyyX-vDhv9lNgAuxnYFXz9yGro9-HzC8ATu6wgqXaavO56_Wrq3R1-GDReoTZVjGCPYkjn3ir7JOHaaW-Fo4/s810/foto%20r%20aviz%20luis%20marinho.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="810" data-original-width="704" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxDMRAXmYmEjvFpOEgp-FRw_Fg31iuOYG-Nv1-CMmLxF2yJbCSXO0L3GAvg08q8iEPZ1Of20Znio7E7AltHnyxuk4bMyci87u74quJ75YBUyyX-vDhv9lNgAuxnYFXz9yGro9-HzC8ATu6wgqXaavO56_Wrq3R1-GDReoTZVjGCPYkjn3ir7JOHaaW-Fo4/s320/foto%20r%20aviz%20luis%20marinho.png" width="278" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"> <span style="text-align: center;">(Foto: Luís Marinho)</span></div><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Nota prévia<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Gosto, sempre
gostei, de escrever sobre pessoas, sobretudo sobre aquelas que fazem a
diferença e que existem para fazer da vida à sua volta um espaço de luz, de
esperança e de reflexão. Por vezes, não resisto, perante tantas atrocidades, em
referir os que nos prejudicam como cidadãos com direitos, como seres humanos
com sentimentos e família. Não lhes perdoo os dislates, as figurinhas, os
disparates, as mentiras e a manipulação que fazem dos nossos dias. Neste espaço
de liberdade, hoje, o caso é outro. São pessoas que se cruzaram, ou ainda
cruzam, comigo, com quem partilhei conhecimentos, de quem recebi lições de
vida, de juventude e de confiança no futuro, independentemente da idade destes
meus protagonistas de hoje. <o:p></o:p></span></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Nota um –
Guilherme<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> Há falta de professores. Há centenas
de alunos sem aulas. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Esteve há pouco
tempo em minha casa um meu ex-aluno que ingressou este ano na Faculdade de
Letras de Lisboa, a minha <i>alma mater</i>, e que me disse: <i>“Quero ser
professor. Professor de Inglês.” </i>Noutras alturas, perante esta confissão,
ter-lhe-ia dito para pensar noutra profissão, porque o ensino não está fácil
para quem inicia a sua carreira nos tempos que correm ou para quem a vai
começar nos tempos mais próximos. Desta vez, e perante esta manifestação de
interesses vinda de um jovem como o Guilherme, estremeci, não de preocupação,
mas de ânimo e de algum alívio. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> O Ministério da Educação quer pôr
nas escolas pessoas formadas em qualquer área para suprir a dramática falta de
docentes, por um lado, devido ao crescente número de professores que se
aposentaram e, por outro, porque esta carreira deixou de ser aliciante devido à
enorme carga de burocracia que a tutela nos obriga a dominar para podermos ser
professores. O conhecimento e a transmissão desse conhecimento deixou de ser o
grande foco de muitos professores. Projectos, actividades fora da sala de aula,
prolongadas visitas de estudo, Erasmus a dar com um pau, isso é que passou a
ser importante e a dar visibilidade aos intervenientes. É tudo de grande
utilidade, é verdade, mas ainda é na sala de aula onde tudo de mais importante
acontece. Na minha opinião, claro, que não é a opinião de muitos. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> Quando o Guilherme me confidenciou
que queria ser professor de Inglês, comecei a pensar que precisamos de muitos
guilhermes que, como este meu ex-aluno (e, agora, colega de curso), venham
afirmar, com honra e um brilho nos olhos, que o ensino é mesmo a sua paixão e
que querem aprender agora para poderem ensinar, mais dia menos dia, numa escola
qualquer deste país, a precisar urgentemente de gente nova, saudável, arejada e
apaixonada… como o Guilherme. <i><o:p></o:p></i></span></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Nota dois – Manuel<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><p class="MsoNormal" style="background: white; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; mso-fareast-language: PT;">Partiu
o Senhor Manuel Parreirinha, repositório de mil histórias que contou e ouviu,
enquanto cortou o cabelo e fez a barba a centenas de clientes e amigos, na sua
pequena barbearia, na nossa Rua de Aviz. Lutou contra várias adversidades da
vida, que lhe interromperam a rotina e a relação com os clientes, mas regressou
sempre mais forte e mais conversador. Esteve entre a vida e a morte, perdeu a
sua querida Jacinta, saltou barreiras, fez maratonas, deu vida à terra inculta que,
agora, o recebeu. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; mso-fareast-language: PT;">Inteligente,
perspicaz, crítico, era um defensor acérrimo da família e dos amigos, dos
vizinhos e dos clientes. Foi meu barbeiro durante mais de 30 anos. Falávamos de
tudo um pouco, até de temas considerados tabu pela maioria dos seres pensantes.
Mas com ele não havia conversas proibidas. Os meus temas preferidos eram,
invariavelmente, a minha família, os meus filhos e o meu pai. O meu Pai a quem
ele tecia os maiores elogios, como homem, como trabalhador e como amigo dos
amigos. Assim como ele, barbeiro de carreira e com algumas cadeiras de
Psicologia roubadas à magana da vida. <i>"Vai
haver concerto, não é verdade?"</i>, perguntava-me quando lhe aparecia na
loja de surpresa. <i>"É verdade, Sr. Manel, temos de pôr o público ao
rubro!"</i> Ele ria-se, generoso, sábio e paciente. <i>"Vou fazer-lhe
um corte que vai ser um mimo."<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; mso-fareast-language: PT;">Em
Julho, pedia-lhe sempre que me fizesse um pente dois<i>. “Pente dois? Está a
falar a sério?” </i>E, depois, ficava em silêncio. Um pente dois não lhe
permitia mostrar a sua arte de barbeiro. Retomava a conversa quando, com
mestria, me aparava a barba para me colocar aquele Denim activo e provocador
que me deixava sempre meio entontecido.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #050505; mso-fareast-language: PT;">Vou
sentir a sua falta. A sua voz ficará para sempre na minha memória e, quando um
destes dias, passar pela barbearia, vou olhar lá para dentro e sussurrar, como
que numa espécie de oração: <i>"Senhor Manel, tenho concerto com o Coral
de São Domingos no próximo Sábado!"</i> Sei qual é a resposta que vou guardar para
sempre comigo: <i>“Vou fazer-lhe um corte que vai ser um mimo!”<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><span style="color: #050505; mso-fareast-language: PT;"> </span></i></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Nota três – Carlos<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">A sua loucura é contagiante. A sua
persistência é irritante. O seu talento é inegável. O Carlos Marques, da
Trimagisto, não resistiu mais e decidiu convidar-me para participar num dos
seus projectos artísticos. Antes de aceitar, hesitei… porque não me sabia à
altura das suas exigências como “patrão”. Naturalmente que não vou aqui deixar
cair o pano (literalmente) e revelar o que vem aí. Serve esta nota, apenas e só,
para dar palco (literalmente) a um actor/músico/produtor/escritor/e tudo,
natural de Montemor e que tem na sua carreira (já um pouco estendida) duas
criações que se lhe colam à pele e que não o largarão tão cedo: a <i>Festa dos
Contos</i>, este ano na sua 13ª edição, e o <i>Levantei-me do Chão</i>, uma das
mais conseguidas homenagens a José Saramago que eu já tive a oportunidade de
conhecer. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> Em cada espectáculo, quase sempre
intimista mas denso, o Carlos transforma-se (transfigura-se) e mostra-nos o
homem da luta, o leitor, o perguntador, o apontador de destinos indizíveis, o
feiticeiro misterioso que usa a sua poção mágica feita de palavras para pôr o
dedo na(s) ferida(s) de cada um de nós e de todos em conjunto, de modo a
obrigar-nos, com aquela sua teimosia simpática, a aceitarmos que somos
pecadores e que necessitamos urgentemente de soluções para a nossa vida. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> O que aí vem será mais um momento
surpreendente do uso da palavra para iluminar as mentes adormecidas. Estamos
juntos. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><i>João Luís Nabo</i></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i>In "O Montemorense", Outubro 2023</i></p><p></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-6015275386075332092023-09-12T14:23:00.010+01:002023-09-12T21:51:05.810+01:00Duas notas breves<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJj0_zFTpRfx05jZVsBhSG1veMMdrOgF7s1nKFRO3f3AZ2w_NaBHbUy21vxJzrA_p2X0GWPXU-VnNKsZ8jqEvDmXbmbzGGd1ma-BXlEB_2usYgrIlo_tNBoj7UDjdNMNYohdUYtRxxJ2MSLpcDk8gVQbsSFN58wr3Iqk-7s_TC8FBtNfRsQdNdJVZ7V8Ub/s470/papa2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="470" data-original-width="470" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJj0_zFTpRfx05jZVsBhSG1veMMdrOgF7s1nKFRO3f3AZ2w_NaBHbUy21vxJzrA_p2X0GWPXU-VnNKsZ8jqEvDmXbmbzGGd1ma-BXlEB_2usYgrIlo_tNBoj7UDjdNMNYohdUYtRxxJ2MSLpcDk8gVQbsSFN58wr3Iqk-7s_TC8FBtNfRsQdNdJVZ7V8Ub/s320/papa2.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Francisco<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Muito se escreveu
sobre a vinda do Papa Francisco a Portugal e sobre a Jornada Mundial da
Juventude. Já muito se tinha escrito sobre o Papa Francisco e sobre o dedo que
ele começou a pôr nas feridas da Igreja, logo no início do seu pontificado.
Veio, logo que foi eleito, parece-nos, escancarar a porta que João Paulo II
tinha deixado entreaberta. Meio disfarçados até então, os escândalos de
pedofilia no seio da Igreja são assumidos sem meias tintas e condenados por
Bergoglio, que quer justiça para as vítimas e duras penas para os que vierem a
ser condenados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Mas não foi apenas
com estes casos que o seu tempo na cadeira de Pedro se tem revelado inspirador
e profícuo. A sua forma de entender os evangelhos, reescrevendo-os sempre que se
pronuncia sobre a vida de todos nós, crentes e não crentes, mostra-nos que o
tempo, as leis, as mentalidades no tempo de Cristo, e nos séculos antes da Sua
vinda, não se podem aplicar e serem entendidos da mesma forma, à luz deste
século XXI, que corre vertiginoso ao nosso lado. Francisco transformou o Deus
Todo-Poderoso e vingativo do Antigo Testamento num Pai compreensivo e tolerante
que eu não conheci quando, criança, andava na catequese. O Deus castigador, que,
qual <i>Big Brother</i> de Orwell, andava sempre de olho nas nossas acções, nos
nossos pensamentos e nos nossos desejos, é hoje, nas palavras de Francisco, um
Pai que, como todos os bons pais, aceita todos os seus filhos, por muito
desviados que possam andar dos caminhos que a Igreja decidiu classificar como
os caminhos do Bem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Se o Papa
Francisco fosse Deus, personalizado e livre de todos os insondáveis mistérios com
que, ao longo dos séculos, os homens da Igreja O cobriram, eu repensaria as
minhas opções de fé e reformularia as minhas vivências espirituais. Mas
enquanto na Igreja não houver uma real e generalizada prática dos ensinamentos
deste verdadeiro homem de Deus… continuarei a admirá-lo, a defendê-lo e a
seguir o seu pensamento… mas do lado de fora.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">António e Marcelo<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Portugal, esta nossa pátria “muito
amada”, é um país sem rumo e sem políticos capazes de fazerem deste pequeno
território um exemplo perante todos os outros do planeta: a economia está
exponencialmente… a estagnar. As fábricas ficam sem matérias-primas para os
seus produtos. Os combustíveis aumentam, assim como o preço de tudo o que deles
depende: bens alimentares, luz, gás... Os professores continuam a lutar pelos
seus direitos, porque nunca, em tempo algum, no decorrer desta democracia,
trataram tão mal uma das classes profissionais mais importantes e imprescindíveis
à nossa sobrevivência. Os médicos do Serviço Nacional de Saúde continuam mal
pagos e desrespeitados pelas tutelas. Os doentes fazem fila nos centros de
saúde sem saberem se são ou não consultados pelo seu médico de família. As
reformas de grande parte dos portugueses não são suficientes para as despesas
da casa e ainda mais para os medicamentos e outras emergências. Os estudantes
universitários conquistam com o seu esforço um lugar nas universidades mas,
depois, os pais não têm dinheiro para o alojamento e para as propinas. Há
cérebros enormes e utilíssimos ao país que são obrigados a ir embora para
outras paragens onde o seu valor seja verdadeiramente reconhecido. As bolsas e
os financiamentos de projectos de investigação são interrompidos nas
universidades portuguesas sem se saber os motivos. Os montes e vales deste país
estão queimados pelos fogos de Verão, que se repetem anualmente com consequências
gravíssimas para tudo o que é ser vivo. As barragens e as albufeiras, os rios,
os ribeiros, as reservas de água, estão a deixar ver o fundo, com resultados
nefastos para a agricultura, pecuária e consumo humano. Continuam a viver e a dormir
na rua, nas grandes cidades do país, independentemente das estações do ano, centenas
e centenas de sem-abrigo, sem comida, sem dinheiro, sem tecto, sem futuro,
muitos deles vítimas das políticas de habitação e de emprego que atiram para a rua
quem, até então, tinha uma vida digna e razoavelmente feliz. (Põe-se um
Presidente da República a distribuir sopa aos pobrezinhos, como se isso fosse a
solução certa para resolver o problema.) Alimenta-se uma guerra no centro da
Europa, respeitando os protocolos de auxílio e outras cenas impostas pela Nato,
colocando o país à mercê de um míssil mal-parado do senhor Putin, que poderá
atingir, quer a Ponte sobre o Tejo, quer o Castelo de Montemor. Figurões
nacionais fazem figurinhas tristes em cenários de guerra, quando deveriam estar
preocupados com o que se passa no seu próprio país. A extrema-direita
portuguesa continua a ganhar terreno, não devido a mérito próprio mas pelo
demérito da esquerda, que continua dividida e orgulhosa e a permitir que, aos
poucos, tudo regresse ao que estava, enquanto caminhamos vertiginosamente para
o cinquentenário do 25 de Abril. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tudo isto poderia ser resolvido, com
tempo e com empenho. A questão é que os nossos políticos não têm nem uma coisa
nem outra. Há escândalos nos gabinetes ministeriais, há gatunos à solta, a gozarem
com o Zé Povinho, que já nem sequer tem força para lhes fazer um manguito. Os
ricos aumentam de número e os pobres também. Mais explicações para quê? <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Muitos de nós,
patrióticos e amantes deste território que já foi de tantos estrangeiros,
começamos a ficar cansados de sermos portugueses. Sobretudo quando o assunto
nas televisões é, de manhã à noite, o amuo do nosso Primeiro-ministro no
Conselho de Estado.<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><b>João Luís Brejo Nabo</b></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><i>In "O Montemorense", Setembro de 2023 </i></span></p><br /><p></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-24745639450203585992023-07-14T14:23:00.008+01:002023-07-15T11:55:00.575+01:00Antes de férias<p> </p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> </span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; font-size: 12pt; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxU-kkCmmti_rsuPMkvV0YhEtWucrQxAGp6fy8xtxKbcyjxAoSKMDb_pUISX6dD7-xeLJJrVsJzWyQmB-UId4kU-U0e_wid-VVOzM9e-cIgLtVhEE0MsIoC6-5CJKnx-ToUgTJjpvDhccBQLTnT3SmLpTNkzxWe-yYrzTXwSGu8ynxD5sBcfIpt07YiqNo/s540/foto%20piano%20cloreto%20julho%2023.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxU-kkCmmti_rsuPMkvV0YhEtWucrQxAGp6fy8xtxKbcyjxAoSKMDb_pUISX6dD7-xeLJJrVsJzWyQmB-UId4kU-U0e_wid-VVOzM9e-cIgLtVhEE0MsIoC6-5CJKnx-ToUgTJjpvDhccBQLTnT3SmLpTNkzxWe-yYrzTXwSGu8ynxD5sBcfIpt07YiqNo/s320/foto%20piano%20cloreto%20julho%2023.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="font-size: medium;"><br /></span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="font-size: medium;"><br /></span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="font-size: medium;">O Piano do Tio Johnny</span></b></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"> Tenho um piano
desde os meus dezoito anos. Foi, e é ainda, uma das minhas grandes paixões. Não
apenas pela música que ele me tem permitido tocar nestas quatro décadas e meia,
mas pela sua história e pelo espaço que tal instrumento foi conquistando na
família.</span><p></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Segundo umas
investigações do meu amigo Ulf Ding, extraordinário pianista e construtor/afinador
de pianos, o meu é de 1935, vencedor de vários concursos, e, calculem, foi de
viagem até ao Brasil, de barco, onde passou uma temporada para, depois, regressar
a Portugal onde o fui encontrar, numa propriedade perto de Coruche. O meu pai,
sempre presente na minha vida, ao testemunhar (a princípio, um bocadinho
contrariado) a minha paixão pela música, decidiu oferecer-me aquele
instrumento, pressionado também pela minha querida professora de piano, Isabel
Joaquina da Cruz, que lhe disse que sim, que valia apena o miúdo continuar a
estudar a bela arte dos sons. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E assim foi. Feito
o negócio com o proprietário, serviu de prolongada companhia à minha Mãe,
também sempre na minha memória, e aos meus queridos vizinhos Toneca, Custódio, Jorge e
Custódia Maria Cachola (a primeira pequena cantora que eu acompanhei ao piano) que,
no nosso querido Bairro de São Pedro, dificilmente se desabituaram dos sons
diários, quando me casei e trouxe aquele tesouro para a minha casa nova, na
parte alta da Vila. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Ficou por ali um
vazio. E ficou cheia a minha casa nova. E mais cheia ficou com o nascimento dos
meus três filhos, que se habituaram a ver e a ouvir o pai a tocar todos ou
quase todos os dias. Com eles, começou a praticar-se cá em casa uma Praxe muito
simples, quase um ritual, porque isto da música é uma religião e os músicos são
os seus sacerdotes: todas as crianças nascidas na família teriam de passar uns
bons momentos a explorar o teclado do piano, a descobrir sons, melodias,
dissonâncias, conforme a força e a agilidade dos seus dedinhos pequenininhos e
rechonchudos. O João, a Joana e o Pedro foram os primeiros candidatos a pianistas
sem, contudo, termos conseguido esse desiderato. Deram outros voos, igualmente
extraordinários. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Depois, começaram
a sentar-se naquele banco, para além da filharada, os sobrinhos, o Ricardo
Romeiras, o João Pedro, a Marianinha e, mais tarde, os filhos dos sobrinhos, o
Duarte, a Carminho, a Benedita… Também amigos e os filhos deles… Outros
passaram por ali, de forma mais séria e cheia de compromisso, não foi Pedro,
Paulo, Vera e Francisco? Até amigos adultos e sem tacto nenhum para a música se
sentaram naquele banco e se divertiram a brincar com os sons… (A Sónia, o
Ricardo e o Luís são exemplos disso mesmo, ainda que contrariem, hoje e sempre,
a minha análise.)</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E hoje, quando há
uma ou outra visita da miudagem, quase todos apontam para o alto da escada e
pedem para ir tocar no velho piano que a todos hipnotiza. E os que não vêm cá a
casa, passam pela Igreja da Misericórdia com os pais-cantores, onde, minutos
antes do início do ensaio do Coral de São Domingos, há sempre um bocadinho
delicioso para estudar uma nova melodia com a pequenada e ver as mãos do
Gustavo, do Tiago, do Dinis e do Jaiminho, pequeninas mas cada vez mais soltas
e ousadas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><b style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> </span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><b style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: medium;"> Segredos
de Vila Nova</span></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.45pt;">Este
subtítulo deveria estar escrito entre aspas. Porque é o nome de uma colecção de
história inimagináveis e com finais absolutamente inesperados que me foram
passando pela cabeça no último ano. Algum dos meus oito leitores tem segredos?
Daqueles contados por amigos do peito e a quem prometeram nunca revelar a
ninguém? Pois, também o autor do livro entrou de posse de vinte e quatro
segredos e acabou por transformá-los noutras tantas histórias que o leitor irá
explorar, tentando descobrir qual é o segredo mais próximo do seu. O livrinho
está neste momento em fase de revisões, a capa já está definida e trabalhada e,
lá para Outubro ou Novembro, ficarão todos a saber quais são os “Segredos de
Vila Nova”. Não se esqueça: um pode ser o seu. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: left;">O prefácio foi escrito pelo meu amigo,
jornalista e professor universitário, Pedro Coelho.</span><span style="text-indent: 35.45pt;"> Fica aqui a sinopse para aguçar
o apetite aos meus leitores mais fervorosos: </span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p> </o:p><span style="text-indent: 35.45pt;">“</span><span face=""Calibri",sans-serif" style="mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-indent: 35.45pt;">Vila Nova tem segredos das mais variadas espécies e
origens, que muitos dos seus habitantes conhecem sem, no entanto, sentirem
coragem suficiente para os revelar. O receio das consequências deste seu acto
de bravura confunde-se com o medo provocado pelo vidro de que são feitos os
seus próprios telhados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Calibri",sans-serif" style="mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">São histórias de épocas diferentes, nas quais
desfilam largas dezenas de personagens que, aos poucos, conduzem o leitor ao
conto derradeiro, o último e definitivo, onde um segredo de uma amplitude muito
maior é, finalmente, revelado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Calibri",sans-serif" style="mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Vamos, então, ler sobre os vícios e as virtudes, as
traições e as lealdades, a vida e a morte, os ódios e as paixões avassaladoras
de quem vive numa terra como esta, nesta Vila Nova, tão bela à distância mas
tão perversa quando dela nos aproximamos.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Calibri",sans-serif" style="mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.45pt;">As Edições Colibri e o Fernando, meu editor, continuam,
inexplicavelmente, a acreditar em mim.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Boas Férias.</span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><b>Nota importante:</b> Se
estava à espera que eu fosse escrever sobre o Banquete Manuelino… enganou-se. Antes
de férias, só consigo escrever sobre coisas descomplicadas... e fofinhas. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">João Luís Nabo</span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">In "O Montemorense", Julho de 2023</span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-35649666023785618452023-06-13T15:52:00.002+01:002023-06-14T20:24:32.254+01:00Continuamos absurdamente à espera de Godot[1]<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggSLDRs6hnPKnvvhFyJeoDKuLQPoVxFwLYxxun_NJPE2p62mXar4RxqT35VNLF3wfqQ6bFetrGS4HBM33TpqYEZK2oAs49IjMNqSWFMTJft3lin-LDA7VCiAd-akH0kxtQY4pMJZM7SYCrHxWFad7aJSGwON14FCgaB1oXJzyIAU2vhdXxAIpHurrSNA/s2000/Sala-de-aula-desenho1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1316" data-original-width="2000" height="259" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggSLDRs6hnPKnvvhFyJeoDKuLQPoVxFwLYxxun_NJPE2p62mXar4RxqT35VNLF3wfqQ6bFetrGS4HBM33TpqYEZK2oAs49IjMNqSWFMTJft3lin-LDA7VCiAd-akH0kxtQY4pMJZM7SYCrHxWFad7aJSGwON14FCgaB1oXJzyIAU2vhdXxAIpHurrSNA/w393-h259/Sala-de-aula-desenho1.jpg" width="393" /></a></div><br /> <p></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Este ano lectivo
foi tão atípico como os anteriores, em que nos tivemos de fechar em casa e dar
aulas à distância a alunos que, muitas vezes, estariam a fazer outras coisas em
vez de aprenderem o pouco que tentávamos ensinar, ainda que contra todas as expectativas.
Hoje, falamos sobretudo dos professores e das greves, repetidas, insistentes, incómodas,
mas justas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os professores nunca
foram devidamente respeitados pelos diferentes governos que se sucederam no
pós-25 de Abril. Com a chegada de Manuela Ferreira Leite ao Ministério da
Educação, em 1993, tudo se começou a desmoronar. Mais tarde, veio Maria de
Lurdes Rodrigues lançar as sementes para uma guerra terrível entre professores
titulares e não titulares, com colegas a avaliarem colegas, assumindo esse acto
“oficial”, não raras vezes, uma acção de ajuste de contas pelos mais diversos,
e quase sempre, comezinhos motivos. Os governos anteriores a este, que, pelos
vistos, ainda respira, dividiram os professores, que se começaram a encarar uns
aos outros como inimigos, rivais ou outra coisa qualquer, e não como colegas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Pois temos de
agradecer a Costa e aos ministros da educação dos seus governos o facto nobre e
inegável de terem unido os professores que, com objectivos mais concretos e
mais profundos do que as habituais exigências de aumento de salário (não menos
legítimas e justas), decidiram que teriam, agora ou nunca, a oportunidade para reclamar
o respeito, a importância e a autoridade que lhes foram tiradas. (Abro um parênteses
para me declarar absolutamente contra aquela manifestaçãozinha contra o primeiro-ministro,
no passado dia 10 de Junho, acção que me envergonhou por ver ali colegas meus
numa atitude de desafio infantil e de absoluto desrespeito por um membro do
Governo, com gritos e cartazes que só fizeram a opinião pública e os comentadores
virarem-se contra nós. Como diria o outro, não havia necessidade.)<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">E os alunos? Não,
não me esqueci dos alunos. Eles continuam, apesar de tudo, a ser os principais
responsáveis por esta paixão que ainda continua acesa, embora diminua de vez em
quando, sem, contudo, se apagar ainda. Os alunos foram os principais
prejudicados com as greves. E arrastaram as respectivas famílias, que se viram
aflitas para solucionar as dinâmicas familiares com tantos “filhos” sem aulas. Costa
lembrou-se dos serviços mínimos e com eles a obrigatoriedade de cumprirmos os
nossos horários sem possibilidade de exercermos o nosso direito à greve. Nunca
concordei com este tipo de recurso, a não ser quando se trate de questões de
saúde ou de segurança pública ou nacional.</span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Mas, se
analisarmos bem, estes serviços mínimos, lançados para cima dos professores, já
tinham sido decretados, há vários anos, em relação aos próprios alunos. Não
estão a perceber onde quero chegar? Eu explico: os alunos, hoje, nas nossas
escolas, para passarem de ano, basta cumprirem os serviços mínimos. Podem
chegar atrasados às aulas sem serem devidamente penalizados… porque o sistema
não o permite; têm classificações negativas devido à sua falta de interesse pelas
disciplinas ou à sua manifesta falta de vontade de estudar, mas é de todo conveniente
não ficarem retidos, por motivos para cuja enumeração não há aqui espaço
suficiente; os alunos <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>levam livros para
a escola, muitos deles têm livros em casa ou nas bibliotecas, mas esquecem-se
de que os livros têm folhas e palavras e imagens que estão lá para serem lidas
e analisadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Toda esta
descontração em que o sistema escolar navega permite-lhes ir passando de ano
sem a preparação necessária e suficiente para estruturarem a sua forma de
pensar, de raciocinar, de discutir, de articular, de serem críticos perante a
sociedade que os irá, em breve, selvaticamente engolir. Isto porque grande
parte dos alunos de hoje não têm opiniões concretas sobre coisa nenhuma, não
querem tê-las e não querem ouvir quem queira ensiná-los a pensar e a ver com
todas as cores o mundo que os rodeia; eles não lêem, não vêem nem ouvem debates,
não assistem a noticiários e perdem todos os dias a oportunidade de aprender a conhecer-se
a si próprios, como seres pensantes e (re)activos. Depois, há as excepções (e, na escola onde trabalho, esse número é, felizmente, elevado) que,
por isso mesmo, não têm lugar neste texto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O que ainda é mais
grave é que uma parte deles pensa que os pais vão viver para sempre e que nunca
precisarão de trabalhar ou de chegar a horas ao emprego, ou de respeitar os colegas
e os seus superiores hierárquicos. E tudo isto porquê? Porque o sistema o
permite. O professor está limitado de tal forma nas suas acções que, se o aluno
reprova, a culpa nunca será da criança. Isto, porque o docente não pode utilizar
atitudes mais frontais para pôr no devido lugar os mais distraídos da vida. Esta
situação leva muitos professores a reger a sua prática lectiva com base numa
máxima simples e cuja eficácia deixa muito a desejar: “Se o sistema nos persegue
e nos obriga a passar os alunos, então não cansemos o sistema e passêmo-los
logo sem hesitar”. Isto, mesmo que o seu trabalho ao longo do ano lectivo tenha
sido, quase exclusivamente, fazer <i>directos</i>, publicar fotos, pôr <i>likes</i>
e <i>corações </i>fofinhos nas publicações dos amigos, exercitar os polegares
no teclado do telemóvel, passar horas a idolatrar ídolos de pés de barro que, no
<i>Youtube</i>, no <i>Instagram</i> ou no <i>TikTok</i> os provocam, os
desafiam, os hipnotizam e enganam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E o que faz a Escola
Pública para resolver todas estas questões, cada vez mais prolongadas no tempo,
relacionadas com a desmotivação de alunos e professores? Nada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Estou a caminhar a
passos largos para o fim da minha carreira como professor. Depois de tantos
anos de profissão, devo confessar que nunca me senti tão desiludido e triste
como agora. Ainda assim, vou continuar a investir nos alunos que ainda terei à
minha frente. Continuo apaixonado pela essência do processo e pela nobreza que
ilumina o acto da transmissão de conhecimentos. E porque foi esse o meu
compromisso há quase quatro décadas, vou levá-lo até ao fim.</span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/CLORETOS%202023/CLORETO%20Junho_2023_2.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> “À Espera de Godot”, peça de
teatro metafísica de Samuel Beckett, obra-prima do absurdo, publicada em 1952. Em
cena, há personagens que discutem o sentido da vida e o valor da sua própria
existência, enquanto esperam um indivíduo chamado Godot, que acabará por não aparecer.<o:p></o:p></p><p class="MsoFootnoteText"><b>João Luís Nabo</b></p><p class="MsoFootnoteText"><i>In "O Montemorense", Junho de 2023</i></p>
</div>
</div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-51668859490573127072023-05-14T12:28:00.005+01:002023-05-14T12:32:37.749+01:00As Mães<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic6nMSPLbiUsDPyvgEKEVVrm4XTIme1jczkhxTMjso0VWV3X80xh09qpvMf2WjE3ak2gQCy_G9jaNiVXELve_qp0MjbQD5Eql9pLRetIpwn7kuwLW_WBpJGlrklQwsKV2PJE3HVJyISGjfzQzwsRrPgcsxP7tTpeQB0Q5rhO8SMa3TTl8h_twq5kXlRg/s705/mae.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="367" data-original-width="705" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic6nMSPLbiUsDPyvgEKEVVrm4XTIme1jczkhxTMjso0VWV3X80xh09qpvMf2WjE3ak2gQCy_G9jaNiVXELve_qp0MjbQD5Eql9pLRetIpwn7kuwLW_WBpJGlrklQwsKV2PJE3HVJyISGjfzQzwsRrPgcsxP7tTpeQB0Q5rhO8SMa3TTl8h_twq5kXlRg/w391-h204/mae.png" width="391" /></a></div><br /><p></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Maio é mês de
Maria</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">
e o mês do Dia da Mãe, acontecimentos que merecem uma reflexão, antes de muitos
de nós os esquecermos durante o resto do ano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Maria será sempre
envolta no seu próprio mistério, atraindo várias centenas de milhares de
crentes à sua volta, na Cova de Iria, em busca de paz e numa peregrinação,
sobretudo, interior, que lhes permite regressar a casa mais leves, mais felizes
e com a sua fé reforçada. É admirável a força que a imagem de uma Mulher tão
especial irradia à sua volta, independentemente da fé de cada um. Embora
desligado espiritualmente de muitos dogmas da Igreja, as (raras) viagens que faço
ao Santuário de Fátima são sempre psicologicamente reconfortantes. Não me
pergunto porquê, porque não tenho resposta para tal. Sinto um certo magnetismo,
uma vontade de acreditar e, mais do que isso, o respeito por quem acredita.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O Dia da Mãe</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> é para muitos um
momento de alegria e de partilha de algum tempo com quem nos pôs no Mundo. Para
outros, é um dia em que as recordações vêm mais ao de cima, transportando-nos
para o tempo em que estavam connosco, não só nesse dia, mas em todos os dias de
todos os anos da nossa vida. A nossa Mãe, embora já no mundo de todos os
possíveis, continua connosco nos dias de festa, mas, sobretudo, naqueles em
que o colo, que ela nos dava em tempos, era o único gesto, nobre e
desinteressado, de que estávamos agora a precisar. Restam-nos as recordações
dos dias passados, principalmente quando, na nossa infância, era a sua voz o
nosso principal guia, o seu olhar a nossa segurança, as suas mãos o nosso remo. </span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Publiquei há uns anos um livrinho de contos, onde escrevi um que ofereci à
minha Mãe. Deixo aqui um excerto, que fala sobre as minhas idas ao mercado com
Ela, julgo que já transcrito outras vezes, porque é neste pedaço de texto que
eu lhe mostro toda a minha adoração e, neste momento, toda a minha saudade:<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">“(…) Fervilhar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">É o verbo que se
passeia pela memória dos dias quando me olho, através do tempo, a atravessar o
jardim com a minha mão esquerda, pequenina, embrulhada na da minha mãe. Cinco
anos de quotidianos felizes a ansiar pelos sábados de manhã para agarrar no
cesto e partir à descoberta neste templo onde as estações do ano comandam as
modas e os paladares de quem lá entra. Fervilhar. É som que não é som. É um
sentimento que começa ainda o dia não passa de duas, talvez três, pinceladas de
madrugada. Primeiro, vozes soltas, meio sozinhas ainda, neste espaço vazio,
gemendo, impando, dando ordens… Depois, mais vibrantes, frescas, timbres em
contraponto dos vendedores que, num aumento gradual, ali misturam os duros dias
ao sol, à chuva, ao frio, no campo, na lota, no matadouro, com as dores e os
caprichos das donas de casa, as exigências das avós que vão à hortaliça para a
sopa dos netos, os pedidos das criadas que não querem ouvir ralhar as patroas…<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">É um labirinto de
cores, um caleidoscópio de caras. De novidades iguais e diferentes. De
sorrisos, de esgares, da vida de todos os dias. Onde me perdia vezes sem conta,
porque um quadrado confunde toda a gente, mesmo que se visite amiúde e se
conheça cada erva que nasce por entre as lajes de granito pisado mil vezes.
Estranho este labirinto, que não tem nem corredores, nem passagens secretas,
espaço aberto onde todos sabem de todos, porque todos ouvem todos. Mas onde me
perdia constantemente… Acabando por sair sempre pela porta por onde não
entrara…<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Talvez o lago, ao
centro ― uma taça de mármore, com uma coluna ao meio a equilibrar uma bola
fantástica a apontar para o azul, quando o há ―, fosse responsável por tal
perda de referência. A perseguição aos peixes vermelhos, que se bandeavam nas
águas claras e frias, era sempre o primeiro e único exercício físico possível
naquele lugar. Depois de umas quantas voltas, ora para um lado, ora para o
outro, para não entontecer, eis que acabava perdido, sem saber onde tinha
pousado o cesto, sem saber da minha mãe, sempre atenta no olhar e nas palavras,
entretida a falar com a D. Carlota do Julinho dos presépios, dos comboios
eléctricos e dos balões coloridos, mal pairavam os primeiros acordes do Natal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E, quando, a troco
de um tostão, os vendedores me enchiam o pequeno cesto com duas ou três
cenouras, três ou quatro vagens de feijão-verde, um molho de salsa e outro de
hortelã, que deixavam um rasto de sabores adivinhados, eu sentia-me o petiz
mais importante do planeta, talvez o mais feliz do universo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Agarro com força
estas memórias, como se fossem a mão da minha mãe, porque me sinto protegido,
aconchegado, fascinado com o tal barulho das vozes que continuam a misturar-se
em contracantos, salmodias e pregões. Sem nesse tempo perceber porquê, sentia
que aquelas melodias iam fazer parte da minha vida e que se prolongariam muito
mais do que durante aquela breve meia hora matinal. Só depois vim a entender o
poder daquelas vozes, mais puras, mais belas, mais sinceras e convincentes do
que muitas que mais tarde, por gosto ou missão, viria a escutar nas mais
divulgadas oratórias, nas mais sublimes árias, em tantas óperas, densas e
dramáticas, e no esplendor das cantatas de um tal senhor Bach.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A minha mãe
continua fiel às orações da manhã:<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">― Quanto é este
molho de espinafres?<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">― E o carapau do
alto? – pergunta ainda, de banca em banca, porque a tradição vive naqueles
olhos e naquela vontade sábia de continuar simples, a gostar das coisas
simples. Sei que ainda me dá a mão, como se eu, homem feito, diminuísse de
tamanho todos os dias, pegasse no cesto que ela me dera e, de moeda em punho,
fosse eu o responsável pelas ervas de aroma que ainda hoje lhe enchem a casa de
cheiros e de sonhos…”<a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/CLORETOS%202023/CLORETO%20Maio_2023.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><b> João Luís Nabo</b></o:p></span></p><p class="Standard" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><i>In "O Montemorense", Maio 2023</i></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><a href="file:///E:/O%20MONTEMORENSE/CLORETOS%202023/CLORETO%20Maio_2023.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Do Tempo e
das Vozes, in<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Outros Contos de
Vila<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nova”, Editorial<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tágide, Lisboa, 2010<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoFootnoteText"><o:p> </o:p></p>
</div>
</div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-38598830571796946792023-04-13T13:10:00.002+01:002023-04-13T13:18:46.270+01:003 reflexões (provavelmente, disparatadas)<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI1BbWT3BwOf8bBVvzSwtNbh1DLP9k3as-AP7K2oWJ_kQn9WXv0vgtDvsg1u1WPemoHDbTrQ0ga8sH1i6j11JNcBh6YYHAueuGjdVkjXqVP0lPX_DliSOKhvOFg1K82VriPjKwfzwVJHqzzb0VCDjRAcNkzPI0xTEn4E6C1pgkKp9UUHRC7jM451cnXw/s2000/birra.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1333" data-original-width="2000" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI1BbWT3BwOf8bBVvzSwtNbh1DLP9k3as-AP7K2oWJ_kQn9WXv0vgtDvsg1u1WPemoHDbTrQ0ga8sH1i6j11JNcBh6YYHAueuGjdVkjXqVP0lPX_DliSOKhvOFg1K82VriPjKwfzwVJHqzzb0VCDjRAcNkzPI0xTEn4E6C1pgkKp9UUHRC7jM451cnXw/w404-h269/birra.jpg" width="404" /></a></div><br /><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Primeira<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Comecemos pelos
mais pequeninos. Exactamente, as criancinhas que começam a mandar nos pais, nos
avós e nas educadoras, logo assim que começam a balbuciar as primeiras palavras.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Em tempos idos, e
não quero dizer que dantes é que era bom, nada disso, não éramos nós, as criancinhas,
que definíamos o dia-a-dia da família. Nós, os pequeninos, adaptávamos os
nossos quereres às regras estabelecidas pelos nossos pais, pelos nossos
padrinhos (uma figura extraordinariamente importante na nossa educação) ou
pelos nossos avós, elementos incontornáveis na nossa vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os compromissos familiares
eram cumpridos como se algo de sagrado se tratasse e, independentemente da
idade do infante, fazíamos o que as famílias costumavam fazer: almoçar ou
jantar todos juntos em épocas festivas, passear, ir aos aniversários uns dos
outros, passar férias, todos ao molho e com fé nos deuses. Enfim, não havia
restrições, nem medos, nem complexos, nem ansiedades. Aliás, os nossos país
tinham métodos eficazes para tratarem os nossos ataques de mau feitio, as
nossas manias, os nossos chiliques e depressões. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Com a filharada cá
de casa aconteceu o mesmo: as regras da família eram para ser cumpridas, às
horas marcadas, com prazer e alegria. Claro que, hoje, já adultos, acabam por
fazer a sua vida, mas a família continua a ser, acredito eu, o pilar, o
pretexto para estarmos juntos, a discutir o que vier para cima da mesa, qualquer
que seja o tema. Nada fica no prato a arrefecer, porque por aqui não há tabus: o
que está enleado desenleia-se e nada fica por dizer. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Acho que os pais
de hoje, jovens, alimentados pelas teorias das escolas do Dr. Google e
preocupados com o futuro e segurança dos filhos (o que é natural e de aplaudir),
se angustiam em demasia e esquecem que, um dia, os filhos, irão cair de borco num
mundo-cão que não lhes perdoa caprichos ou birras de ocasião. Nem faltas de
pontualidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Segunda<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Falei há pouco com
um amigo que me disse que tinha deixado a escola cedo demais, porque não era
feliz na sala de aula. A conversa era leve e apareceu no meio de outras que
costumamos ter. Mas aquela frase deixou-me a pensar: e hoje, os alunos
sentem-se felizes numa sala de aula? Não terão possibilidade de aprender tudo o
que necessitam por outros meios? Acreditem, caros leitores, que não sei responder
a estas perguntas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O conhecimento,
essencial para o nosso desenvolvimento como seres sociais e úteis à comunidade
onde vivemos, pode ser adquirido de muitas formas, e hoje, com a<b> </b><i>Internet</i>,
tudo se pode estudar, analisar e aprender. Há, contudo, um problema que inviabiliza
a legitimidade dessa aprendizagem. A aquisição de conhecimentos deve ser feita
de forma organizada, lógica, de acordo com a faixa etária do aluno e, talvez o
mais importante, ser legitimada por alguém que se preparou durante anos para
isso: o professor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Por isso, porque,
muitas vezes, o que o professor explica já não é novidade para muitos deles, a infelicidade
de alguns alunos numa sala de aula não deve jamais ser desvalorizada. Urge
adaptar as práticas pedagógicas, as matérias e os programas às novas gerações
de estudantes <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que, mais do que demasiada
teoria, necessitam (e o mundo fora da escola também) saber qual a aplicação
prática do que aprendem dentro do recinto escolar. Está na hora de se repensar
os currículos de todas as disciplinas e, sobretudo, de direccionar os alunos
para as áreas de conhecimento onde se sentem realizados nas respectivas
aprendizagens e nas descobertas que elas lhes proporcionam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">As gerações de velhos
professores, que falavam de cima da cátedra para quem quisesse ou fosse capaz
de aprender, já quase terminou, felizmente. A sala de aula é hoje um espaço de
debate e de inclusão, onde todos podem e devem participar. Para isso, é fundamental
a motivação, o interesse, a curiosidade, a vontade de aprender e a consciência
da utilidade dessas mesmas aprendizagens. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A questão é continuarmos
a viver o velho problema de não se oferecer aos alunos as áreas adequadas ao
seu perfil, aos seus gostos e às suas capacidades. Se isso fosse possível
(bastava haver vontade política), revolucionava-se a escola e o país. E talvez
se acabasse com essa infelicidade de muitos deles. E talvez esse meu amigo tivesse
acabado a sua escolaridade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Terceira<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Fico incomodado
quando percebo que vivemos, todos nós, a maior parte da nossa vida com medo. E que
tem sido esse medo que os políticos, todos, antes e depois de Abril de 74, têm
usado para controlar os nossos dias. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Antes da
Revolução, os nossos pais e avós, tios e tias sentiam uma enorme angústia,
permanente e desgastante, porque o sistema político vigente, e que se aguentou
48 anos, não lhes permitia ser felizes. Havia o medo de falar, o medo de escrever,
o medo de pensar, o medo de agir. Tempos de terror inimaginável para os muitos
portugueses, e montemorenses, que foram levados pelos esbirros de Salazar e trancados
no Aljube, em Caxias, em Peniche ou degredados para o Tarrafal. Torturas,
sevícias de todo o género, humilhações, sofrimento, morte – tudo passaram estas
mulheres e estes homens, em nome da liberdade e em luta pelos direitos de todos
os portugueses.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Hoje, quase meio-século
após a revolução, continuamos a viver com medo. Medo de um retorno ao passado,
com os partidos de direita a conquistarem espaço no espectro político-partidário,
medo de não termos rendimentos suficientes para pagar as mensalidades da casa
ao banco, medo de que comece a faltar alguma comida em cima da mesa, medo de
uma doença que nos leve ou que afaste de nós, para sempre, familiares e amigos,
medo de não vivermos o suficiente para criarmos os nossos filhos e ajudarmos a
criar os nossos netos. Medo de termos uma avaria no carro, no esquentador ou na
máquina de lavar roupa. Medo de faltar dinheiro para pagar os seguros, o IMI e
o IUC ou as propinas dos filhos, a estudarem na universidade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Enfim, pelas
evidências que nos chegam todos os dias a casa através da televisão, temos a
certeza de que esta permanente sensação de insegurança e angústia se vai prolongar
pelos meses que aí vêm. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E o Governo de
Costa, com cada vez mais “casos e casinhos”, a rir-se de nós todos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como se fôssemos todos parvos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><b>João Luís Nabo</b></span></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i>In "O Montemorense", Abril de 2023</i></span></span></p><br /><p></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-53729225543507951362023-03-16T10:19:00.009+00:002023-03-16T10:27:13.854+00:00Capítulo uno e indivisível<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXsuJuFYGUqCtj2ldfRqbcRQAVqQtRb4MS37w2i71QJsTU8SzHtD-dKHpbkyzSNkfYp8i0lXmcpSmKcxtE6Zu4DM4Hk3eH5KYCcp38UaIOFpeHy50EW6gbgcoUvyYXpC7PnyhuCVfHJCrEqVrohVET9StQtwPtXEgHJJYA1xoohhI3DdFZSJuH6tEkFQ/s1200/titanic%20cloreto.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXsuJuFYGUqCtj2ldfRqbcRQAVqQtRb4MS37w2i71QJsTU8SzHtD-dKHpbkyzSNkfYp8i0lXmcpSmKcxtE6Zu4DM4Hk3eH5KYCcp38UaIOFpeHy50EW6gbgcoUvyYXpC7PnyhuCVfHJCrEqVrohVET9StQtwPtXEgHJJYA1xoohhI3DdFZSJuH6tEkFQ/w442-h261/titanic%20cloreto.jpg" width="442" /></a></div><p><br /></p><p style="text-align: center;"><b><span style="font-size: medium;">Capítulo uno e indivisível</span></b></p><p style="text-align: center;"><b><span style="font-size: medium;"><br /></span></b></p><p style="text-align: center;"></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">De mês para mês,
que é o mesmo que dizer de <i>Cloreto</i> para <i>Cloreto</i>, o país afunda-se
cada vez mais em escândalos, que mostram o tecido de que somos feitos desde a
fundação deste nosso belo reino, e que atrasam, sem apelo nem agravo, a
discussão e a resolução de problemas graves que vão minando a sociedade e o
espírito dos portugueses. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Enumerar os
escândalos torna-se já redundante e fastidioso e corro o risco de os meus dez
leitores abandonarem já, sem qualquer hesitação, a leitura desta breve crónica.
E faziam muito bem, porque eu faria o mesmo. Há muitas séries na Netflix para
ver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Por isso, hoje
nada de TAP, de Alexandra Reis, de Christine Ourmières-Widener, de Marcelo ou
de Costa. Esqueçamos os professores e o pessoal não docente, a serem gozados
todos os dias pelo ministro e companhia, estando como eles os médicos e os
enfermeiros, os maquinistas da CP, os trabalhadores dos portos, do sector
aéreo, da justiça, toda esta gente em greve e a prejudicar profundamente os
sectores onde trabalham e os utilizadores que deles dependem (mas é para isto
que as greves servem, tenham paciência!). <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Coloquemos também em
repouso os escândalos que têm assolado a Igreja e que parecem não ter uma
solução concertada entre os seus responsáveis. Podíamos igualmente discutir
aquela bonita política de Marcelo “Nem mais um sem-abrigo nas ruas em 2023”,
podíamos até dizer que a figura do nosso Presidente da República já deu o que
tinha a dar e que, cada vez que fala, há um tsunami que nos atinge a todos,
porque somos nós que pagamos as quantas barbaridades que ele já disse por aí. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Isto para não
falar nos lares de idosos, que maltratam os utentes de uma forma que não
julgaríamos possível nos tempos que correm. E, ainda por cima, alguns deles
pertencem a instituições religiosas, estas que deveriam ser as primeiras a dar
o exemplo. Também neste campo devíamos recordar alguns familiares que, muito
escandalizados, se confessam às câmara de televisão. Apetece-nos perguntar: “Só
agora é que deu pelos maus-tratos ao seu pai ou à sua mãe? Há quanto tempo não
os ia visitar?” <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E no preço dos
alimentos? Vamos falar nisso? Nem pensar. E quando nas caixas dos supermercados
pagamos por um produto um preço muito mais alto do que aquele que estava na
prateleira? Também não vamos por aí. E os preços das rendas dos apartamentos e
as exigências dos bancos para conceder empréstimos, obrigando os jovens adultos
a viverem com os pais até lá para os sessenta anos?… <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Mas há milhões de
milhares de euros para empresas, para bancos, para administradores, para ajudar
gente aflita lá fora, com guerras e terramotos, e sei lá mais para quem, porque
ainda não se sabe tudo. O cristal vai-se quebrando aos poucos e aos poucos as
verdades começam a ver a luz do dia. Mas, depois, vem aí o futebol, o treze de
Maio, as Jornadas Mundiais da Juventude, que, não discutindo a sua importância
e utilidade, são outras distracções muito convenientes ao nosso querido
Governo. Enquanto uns rezam, convivem, gritam nomes ao árbitro, outros roubam
até mais não, lançam novos impostos até mais não, retiram-nos regalias até mais
não, apaparicam os amigos até mais não. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Por falar em
amigos… E os amigos dos políticos que entram para a engrenagem governamental
sem qualquer experiência e, tantas vezes, sem as qualificações necessárias? São
ministros, secretários de estado, assessores, assessores de assessores, secretários
de assessores, enfim, um chorrilho de pessoal que tem tachinho garantido
enquanto aquela cor se mantiver à tona de água. Quando a coisa mudar, vão
outros, pelos mesmos motivos… afectivos. E os afectos, meus caros leitores,
contam tanto!! <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E os portugueses,
apesar de estarem tesos que nem um carapau, ainda que muitos de nós continuem
precários nos seus empregos, e embora a maioria ganhe um ordenado que não dê para nada, apesar de, ultimamente, termos posto as garras de fora mostrando o
nosso desagrado por tudo o que nos está a acontecer, continuamos um povo manso
e confiante no “Há-de-ser-o-que-Deus-quiser”, uma expressão sinistra vinda lá
dos anos quarenta, quando um senhor muito sério, de fato e voz de falsete,
governava este quintal sempre tão mal frequentado, acrescentando a este lema o
tal de “Deus, Pátria, Família”, que alguns, hoje, querem ressuscitar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Pois, meus amigos,
isto não pode continuar a ser “o que Deus quiser”. Isto não vai lá com greves,
cartazes e palavras de ordem. Isto não vai lá com esperas ao primeiro-ministro
e aos ministros para lhes perguntarmos cara a cara o que andam a fazer ao nosso
país e ao dinheiro que tanto nos custa a ganhar. Isto não vai lá assim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E muito menos
quero deixar aqui a ideia de que Portugal está a ficar um terreno absolutamente
disponível e cultivável para que os semeadores do Chega comecem a lançar as
sementes à terra. (Se não começaram já). E elas dão frutos, meus amigos. Elas
dão frutos… que crescem rapidamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Portanto, perante
todas estas misérias e estes perigos eminentes, isto só se resolve de uma
maneira: com uma Revolução. Ou, no caso de não ser possível, que haja coragem
por parte de quem de direito e que se dissolva o Parlamento e se convoque
eleições antecipadas. Piores não ficaremos.<o:p></o:p></span></p><b><span style="font-size: medium;"></span></b><p></p><p></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-88664473464453444872023-02-13T16:43:00.021+00:002023-02-13T17:52:08.363+00:00Um cafezinho com o Papa<p> </p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtwWk9eBTpmYq60jlGssE0FE68dtC2ay3RQN5ebBkQ5zUe-48DKDMUrTCJSFFM5yPJQ1fep9XUP213u7AR18IfihJ56SZlW8lgyVg0cAnwfDDgte88301CH70-qqXJ8_erxHBICyAzhno8JX7eU9wGYUvJFObN_1oStJKEu5z8wCtSiPIpnzJdmLcGQA/s474/papa1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="283" data-original-width="474" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtwWk9eBTpmYq60jlGssE0FE68dtC2ay3RQN5ebBkQ5zUe-48DKDMUrTCJSFFM5yPJQ1fep9XUP213u7AR18IfihJ56SZlW8lgyVg0cAnwfDDgte88301CH70-qqXJ8_erxHBICyAzhno8JX7eU9wGYUvJFObN_1oStJKEu5z8wCtSiPIpnzJdmLcGQA/w427-h255/papa1.jpg" width="427" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">I </b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Um cafezinho com o
Papa</span></b></div><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Se Sua Santidade, o
Papa Francisco, aceitasse tomar um cafezinho com o autor destas breves linhas,
aqui em Montemor, no Alkimia, por exemplo, ou noutro lado qualquer, tenho a
certeza de que iria, na sua forma humilde com que conquistou o mundo católico
e não católico, querer saber sempre a verdade das coisas sobre o tão célebre
palco-altar que vão construir para a sua grande missa campal e para a reunião
daqueles milhares de jovens que ali se vão juntar, mesmo à beira-Tejo, nas
Jornadas Mundiais da Juventude.</span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Podia safar-me a essas
perguntas embaraçosas e dizer-lhe para interrogar o Moedas, o Medina, o Sá
Fernandes, o Costa ou mesmo o Marcelo, que parece saber mais do assunto do que
aqueles todos juntos... Contudo, sei que eles não lhe iriam contar a verdade toda.<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Beberricando o
néctar escurecido e aromático, observando o pessoal que por ali passava, Francisco
iria ficar a saber, dito por mim, que sou português há uma data de anos, que
aquela triste cena do altar-palco foi tão somente o resultado da nossa forma de
sermos… portugueses: vaidosos, exibicionistas, com complexos do velho império, que, tal como muitos que
conhecemos, preferem dar pão com manteiga aos filhos o mês inteiro, mas
garantir a sua presença em todos os jogos do clube do seu coração. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Cinco milhões de
euros para receber Sua Santidade naquele espaço, mas com muitas centenas de
sem-abrigo a dormirem nas estações do metro de Lisboa e do Porto, com milhares
de famílias sem rendimentos suficientes para porem comida na mesa e terem uma
casa devidamente habitável, com milhares de desempregados, com centenas de
migrantes, explorados aqui, no Alentejo, mesmo ao lado das nossas terras, com crianças
com necessidades especiais a precisarem de meios adequados para viverem uma
existência digna, com dezenas de instituições de solidariedade sem dinheiro
para pagarem aos seus trabalhadores e para poderem proporcionar uns dias menos
tristes aos seus utentes. Não faria sentido...<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Até aqui, Sua
Santidade, pela bondade que lhe conhecemos, nada teria dito ainda, para não me
interromper, porque é bom ouvinte e porque me queria escutar até ao fim.
Falava-lhe depois na TAP (teria de ser) e na vergonhosa indemnização que recebeu
uma tal Xana que, segundo parece, vai mesmo ficar com a massinha. E naquela outra,
que fala francês e inglês do Pólo Norte, mas que se está marimbando para os
sotaques, porque irá ficar milionária para o restinho da sua inútil vidinha. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Então, Sua
Santidade, fazendo sinal ao Luís para lhe trazer outro cafezinho, olharia para
mim e diria, na sua simplicidade que todo o clero deveria assumir, na sua
singeleza que todos os seus seguidores deveriam imitar: “Meu filho, se eu
soubesse desta vergonha, talvez não tivesse vindo”. “Vinha, sim, Sua Santidade!”,
respondia-lhe eu, sempre do lado da solução. “Eu tenho uma varanda que dá para uma
das ruas mais movimentadas da minha cidade e, daí, Sua Santidade poderia dizer
umas palavras a todos nós, aos meus vizinhos, gente simples, de trabalho,
alguns de oração (não é bem o meu caso, desculpe), e depois, se houvesse tempo,
iríamos bater um petisco ao cafezinho da Isabel Abelha que faz umas iscas de
borrego de comer e chorar por mais. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">“Poupavam-se uns
milhares, Juanito!”, diria ele, colando a palma da sua mão alva e santa na minha. “É verdade, Santidade! É a
mais pura das verdades!” </span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Quando me levantasse para pagar os cafés, o representante
de Cristo diria: “Não, hoje... pago eu! Quando fores ao Vaticano… pagas tu! E,
se não te importas, vais levar-me as tais iscazinhas da Isabel! Acho que vou
gostar! Ah! E leva o teu Balú!! É o cão mais espectacular que conheci!! Vai adorar correr por aqueles corredores sem fim!<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> </span><b style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> </span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II</span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os
professores e os alunos <o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
</p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A pouco tempo de
deixar o ensino, saio preocupado com o que lá vou deixar. Ensinar nos dias de
hoje nada tem a ver com aquilo que era feito quando, em 1983, com vinte e dois
anos, comecei a trabalhar com a juventude dentro de uma sala de aula. “Faltam-lhe
ao respeito?”, perguntarão. “São arrogantes?” “Armam confusão nas suas aulas?”.
A resposta é não a todas as três perguntas que, porventura, me terão feito. Eu
também não lhes falto ao respeito, também não sou arrogante e também não armo
confusão. Estamos bem uns para os outros. No entanto, sinto que a vontade de
aprender daquela malta nova já não é a mesma da de antigamente, o que nos
obriga a criar novas estratégias, novos “truques” para que os programas do ministério
fiquem, minimamente, na cabeça da criançada. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Mas estamos num
momento em que há necessidade de mudança. Não só em termos das exigências da
classe dos professores e dos auxiliares de educação, mas em termos das matérias
que os alunos devem saber para a vida. Cá em casa, vive-se intensamente o
ensino, os jovens, os seus problemas escolares e familiares, a procura de
soluções para minimizar todas essas problemáticas, que acabam por arrastar
outras questões atrás de si. O problema é que parte das matérias que o ministério
tem nos programas que lhes temos de leccionar nada tem a ver com a vida real,
nada ajudam a enfrentar o mundo do trabalho e não preparam, muitas vezes, nem
para a vida académica, nem para a vida profissional de cada um deles.
Continuamos, porque somos obrigados a isso, a levar os alunos a estudar o que
pouco vai interessar para os seus cursos universitários ou para poderem ser
bons profissionais numa caixa de supermercado. <o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os bom
profissionais, como eu espalho tantas vezes nas cabecinhas daqueles inocentes, são como a boa música. Não interessa o género.
Interessa é a qualidade. <o:p></o:p></span></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> </span></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">III<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Vêm
aí os “Segredos de Vila Nova”</span></b></p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Sim, parece que
vem aí um livrinho que vai divertir (e perturbar) os leitores. “<i>Segredos de
Vila Nova”</i> é o título das vinte e quatro histórias,
todas elas passadas neste lugar do Alentejo e que já têm a equipa pronta a
entrar em cena: revisor, fotógrafo, <i>designer</i>, prefaciador e, claro, as Edições Colibri, do meu amigo Fernando Mão de Ferro, a editora que me dá toda a liberdade de
que a minha mente, tantas vezes em desassossego, vai precisando. E não posso
contar mais nada. Vão ter de ler para ficar a conhecer esta Vila Nova que
tanto amamos, mas que tanto criticamos por dá cá aquela palha. No entanto, para
satisfazer a curiosidade e saber se alguns dos vossos segredos, caros leitores,
vão ser ali revelados… vão ter de esperar ainda uns bons mesitos.<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> João Luís Nabo</b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">In "O Montemorense", Fevereiro de 2023</p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-91882254750461384752023-01-16T18:05:00.007+00:002023-01-17T11:21:16.018+00:00Três notas de Ano Novo<p> </p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoCPPnlKJ1Ge3HsCffF2gwEOi12NjYH2XymmLp4kmH4sXhbY2nfPWLfz94tUbiYK8wr0HSZEKuXuTd1eqCsVTCu_skmk-F3ZfMexX9vOp-msF8n5qj4DeuainC_YMTBg1frcdEdXzqjcnn9jGal7i4GkgHgTe_jqBmBezxDxjtoxP4z761yIeohpMqQg/s720/cloreto%20jan.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="720" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoCPPnlKJ1Ge3HsCffF2gwEOi12NjYH2XymmLp4kmH4sXhbY2nfPWLfz94tUbiYK8wr0HSZEKuXuTd1eqCsVTCu_skmk-F3ZfMexX9vOp-msF8n5qj4DeuainC_YMTBg1frcdEdXzqjcnn9jGal7i4GkgHgTe_jqBmBezxDxjtoxP4z761yIeohpMqQg/w363-h272/cloreto%20jan.jpg" width="363" /></a></b></div><b><br /><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b><p></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">I<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O soneto e a sua
estúpida emenda</span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Nós, que ainda temos
alguns pudores como arma contra as banalidades deste país, nem sabemos como
começar a aflorar este tema, que de frágil já nada tem. Os ecos repetem-se em
todo o território e, já se sabe, na Europa e no Mundo, que isto do orgulhosamente
sós foi chão que já deu uvas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Corrupção, compadrios,
combinações, esquemas, compras, vendas, cedências, terrenos, construções, a troco
de um bom punhado de dólares, já de tudo se fala à descarada, de boca aberta e
a gritar em todos os meios de comunicação social. O Primeiro-ministro António
Costa está diariamente debaixo de fogo, deitadinho numa cama que ele próprio
fez. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não foi inteligente no recrutamento
do seu pessoal de elite para o Governo e agora está a pagar esta “pequena
falta de atenção” com um palmo de língua de fora. Foram treze os ministros e
secretários de Estado que se demitiram ou que foram demitidos por não haver
condições para continuarem a governar, sobretudo para continuarem a governar-se
à nossa custa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">E o que decide
fazer o inefável Costa como pai de uma família de malucos, no seio da qual já
ninguém se entende? Decidiu dar um murro na mesa… elaborando um questionário.
Exactamente. Um questionário, assim tipo <i>quiz</i> das revistas cor-de-rosa, que
nos obriga a responder a perguntas para sabermos se somos simpáticos, amigos do
ambiente, solidários, <i>sexys</i>, enfim, para descobrirmos sobre nós as
coisas mais importantes deste mundo e sem as quais seríamos uns seres
absolutamente incompletos. Pois este questionário é para o Primeiro-ministro
saber se os convidados para o Governo são ou não honestos. Claro que a esta
fantochada de perguntas só se pode responder com uma fantochada de respostas.
Ninguém irá considerar-se ladrão, desonesto ou em fuga aos impostos. Ninguém
admitirá receber indemnizações de milhares e só um tolo assumirá com um sim ter
fugido ao fisco em tempos idos. Portanto, pior que os políticos gatunos que
Costa convidou para o seu belo Governo, será este questionário para validar,
com base numas cruzes manhosas, o carácter de quem vai estar no poder. Pelo
célebre questionário já podemos nós validar o completo desnorte de quem o
inventou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Já agora, a tal
moça que esteve na TAP, empresa alimentada por todos nós, já devolveu o nosso meio
milhãozinho à procedência? Haja vergonha. E tribunais, também. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os
professores e o estúpido do sistema</span></b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"> </span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os professores
nunca estiveram tão unidos como agora. Greves, manifestações, gritos de revolta
têm preenchido os ecrãs das televisões, apesar dos que, em pleno horário nobre,
insistem em classificar as greves como ilegais, em minimizar o papel dos sindicatos
e em gozar, não tenho outro termo, com a cara dos que, empunhando cartazes e
lançando palavras de ordem, dão provas do cansaço a que todos os professores chegaram,
sem terem mais forças nem paciência para a desconsideração, o desrespeito, o
desprezo que o Estado, o Ministério da Educação e alguns sectores da sociedade
têm demonstrado nos últimos anos em relação à sua classe. Se, um dia, todos os
professores deste país decidissem não trabalhar mais, enquanto não fossem ouvidas
e aceites as suas reivindicações, a vida parava e Portugal entrava num beco sem
saída. A sorte (ou não) de todos é que os professores não ganham o suficiente para
poderem estar vários dias sem trabalhar. E o Ministério sabe disto. E Costa
também. Porque se isso fosse possível, outro galo cantaria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Sou professor há
39 anos. Estou no topo da carreira. Mas estou absolutamente ao lado dos que,
muito provavelmente, pelo sistema de progressão em que estamos enleados, já não
poderão concretizar esse direito. Não queria terminar de forma pessimista,
acreditando nos novos tempos que aí vêm, graças a todas estas movimentações a
favor dos nossos alunos e da escola pública, mas pelo que tenho testemunhado e
vivido, e se o ministro João Costa não der ouvidos a quem se queixa, acredito que
a Educação neste país poderá estar por um fio. Os professores vieram até aqui. Já não há um voltar atrás.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Caro leitor: se
conseguiu ler este texto até aqui, foi porque teve um professor na sua vida. Um
ou vários. Vamos ver se os nossos netos poderão dizer o mesmo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">III<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">36 anos de Coral de São Domingos</span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O Coral de São
Domingos completou 36 anos de existência e de trabalho ininterrupto, no passado
dia 7 de Janeiro. Foi nesse dia, a meio da tarde, que fez o primeiro ensaio nos
claustros do Convento de São Domingos, sede do Grupo dos Amigos de Montemor,
associação que o acolheu durante os primeiros dois anos. Depois, legalizado como
associação sem fins lucrativos e, mais tarde, declarado pelo então primeiro-ministro
António Guterres como Entidade de Utilidade Pública, o grupo percorreu dezenas
de lugares, em Portugal e um pouco por toda a Europa, cantando e “espalhando
por toda a parte”, o nome de Montemor-o-Novo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Hoje, são trinta
os cantores que continuam a dar voz ao grupo e que, depois de dois anos de
pandemia, regressaram ainda com mais energia e talento. Foram, como calculam,
dezenas de amigos que passaram pelo Coral, ao longo destas quase quatro
décadas, deixando nele a sua marca, definida pela sua paixão e pelo seu empenho
sem limites. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Participaram em
programas de televisão e de rádio, têm quatro trabalhos discográficos editados,
interpretaram centenas de obras de compositores dos quatro cantos do mundo,
fizeram perto de 600 concertos, estão ligados a grande parte das instituições
da cidade, recebem apoio de várias entidades da cidade e do concelho e acreditam
que vão durar até aos 1000 anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Estou com eles desde
o dia 7 de Janeiro de 1987. Vou estar sempre com eles, até ao meu último dia. <o:p></o:p></span></p><br /><p></p><div><i><b>João Luís Nabo</b></i></div><div><br /></div><div><i>In "O Montemorense", Janeiro de 2023</i></div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-8309500552989891912022-12-14T19:30:00.017+00:002022-12-14T19:53:19.777+00:00Chover no molhado e outra questão de igual importância<p> </p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwmEKub75j6Tzdgx8Kk_lLG24GpA6es3DM3fSojVqWM8dA0VJ4vbPOZQ2SZrOT-bLygWvMWPYvcSQWo350softS6lf-DF7H5NqhrXmCmpJGqy57TP6zTgW0jduoUOGnFX1n7Y_s52Zfl6bAsJlaD13OKo7PYvjIIi6ipVdeXyXkZ-pvb33iEjz07-TVA/s2048/foto%20agencia%20lusa%20moedas.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1366" data-original-width="2048" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwmEKub75j6Tzdgx8Kk_lLG24GpA6es3DM3fSojVqWM8dA0VJ4vbPOZQ2SZrOT-bLygWvMWPYvcSQWo350softS6lf-DF7H5NqhrXmCmpJGqy57TP6zTgW0jduoUOGnFX1n7Y_s52Zfl6bAsJlaD13OKo7PYvjIIi6ipVdeXyXkZ-pvb33iEjz07-TVA/w350-h233/foto%20agencia%20lusa%20moedas.jpg" width="350" /></a></b></div><b><div><b><br /></b></div> </b><i> (foto: Agência Lusa)</i><div><b><br /></b></div><div><b><br /> <span style="font-size: large;"> Chover no molhado</span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></b><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Escrever sobre as
cheias que têm mantido o país em polvorosa é mesmo chover no molhado, peço
desculpa pela metáfora (e redundância) tão mal escolhida, tendo em conta as
circunstâncias. No entanto, só de ver os tipos do Governo Costa, tapadinhos por
um guarda-chuva, a correrem de um lado para o outro quem nem uns totós, deu-me
pena, vontade de rir, ao mesmo tempo, e obrigou-me a escrever estas poucas
linhas, porque de umas linhas mal alinhavadas é que eles não se livram. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Portugal continua
igual a si próprio. Até me parece mentira que nós, em tempos (muito) idos,
tenhamos dado mundos ao Mundo, com vícios e virtudes, usando a espada e a
bíblia da melhor forma de que éramos capazes. Como foi possível criar um
império daquelas dimensões, contrariando ventos e marés, quando hoje, em pleno início
deste novo e grandioso milénio (que só nos tem trazido problemas), não conseguimos
resolver o grave problema das inundações em Lisboa, no nosso queridíssimo Alentejo
e noutros pontos do nosso belo e turístico país? <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Passámos meses,
longos meses, anos, longos anos, sem praticamente cair uma gota de água do céu,
valha-nos Cristo e Nossa Senhora, para, quando a temos a cair em força nas
nossas cabeças, não sabermos o que fazer com ela. É por estas e por outras que
ficamos conscientes de que o país está podre e incapaz de enfrentar desafios
sérios como o das alterações climáticas, associado à má gestão urbanística, à
falta de limpeza das sarjetas e escoadouros, uma coisa tão simples e, ao mesmo
tempo, tão difícil de concretizar. Depois, e é isso que me deixa estupefacto, é
vê-los mandar desentupir os esgotos, como se não houvesse amanhã. E é ver centenas
de bombeiros, sem dormir, exaustos, a procurar por todos os meios acudir aos
aflitos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">As crises deste
género têm a ver com essas questões tão em voga e tão verdadeiras das
alterações das condições do clima. Já todos reparámos que, em vez das quatro
estações do ano, ficámos só com duas e que, qualquer dia, quando tudo for de
pantanas, ficamos sem nenhuma, que era o que nós merecíamos, por sermos
descuidados e imprudentes. Estas crises também são provocadas pela incúria dos
homens, e sobretudo dos homens e mulheres que se sentam, e bem sentadinhos, nos
lugares de poder. Quando vejo o Costa, o Moedas, a Vieira da Silva, o Marcelo e
outros fofinhos que tais a darem abracinhos nos que viram toda a sua vida ser
levada por uma enxurrada de água e lama, dá-me vontade de fazer uma coisa que
não vou aqui escrever, até porque é contra as normas da decência e da moral. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os donos dos
cafés, dos supermercados, das lojas, das casas, das garagens, dos armazéns, dos
campos, não querem um ombro amigo para chorarem as suas mágoas bem reais e que
passam pela sua própria sobrevivência. Os que perderam carros, mobílias,
animais, hortas, pessoas de família não querem palavras amiguinhas vindas do
coração (até porque os políticos não têm coração), nem selfies, nem televisões
a quererem filmar a dor, a raiva e a revolta. O que todos eles querem, e nós
também, é que os políticos se deixem de caridade bacoca, de consolos que não
sabem a coisa nenhuma, e reajam, finalmente, como políticos verdadeiramente
sérios, que querem, de facto, resolver as questões que, ao longo dos tempos têm,
repetidamente, prejudicado, e de que maneira, cidadãos de trabalho, pagadores
de impostos e eleitores livres. Quando colocamos conscientemente o nosso voto
na urna, não será para alargarmos o nosso círculo de amizades e irmos, mais dia
menos dia, beber um copo com os nossos candidatos preferidos. O voto é para que
eles cuidem de nós, nos protejam e não dediquem o seu tempo a assobiar para o
lado em processos gravíssimos de roubo, peculato, abuso de poder, transferências
financeiras indevidas que, no nosso país já dariam para uma série da Netflix
com mais de 30 temporadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Portugal está a
ser mal tratado por quem o governa? Ainda têm dúvidas? Portugal, que foi rei e
senhor de metade do planeta, sendo (muito) discutível a forma como o conseguiu,
não devia estar a afundar-se, só porque os políticos estão mais preocupados em
salvar alguns bancos e alguns banqueiros, apresentando uma mão cheia de nada e
outra de coisa nenhuma a quem, de facto, merece apoio e solidariedade nos momentos mais complicados das suas vidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><o:p> </o:p></span><b style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;">Sim,
Cristiano, gostava de tomar um café contigo</span></b></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">O outro assunto
que, para mim, está esgotado, é o do Cristiano. A comunicação social faz e desfaz
pessoas, cria e destrói, glorifica e demoniza quem está sob a luz ofuscante dos
seus holofotes. Achei absolutamente inacreditável que, enquanto decorria o Mundial
do Qatar, os jornais e as televisões tentassem, por todos os meios, expor o
Cristiano, como se não soubessem que tudo o que se dissesse ou pensasse sobre
ele acabaria por condicionar a equipa da qual ele era capitão. A nossa equipa.
A equipa das quinas. A equipa dos “heróis do mar”. Provavelmente, também ele deveria
ter escolhido outra oportunidade para a malfadada entrevista a uma cadeia de
televisão britânica. Aceito.</span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Quem não percebesse
bem o que se estava a passar depois dessa entrevista, pensaria que a
comunicação social portuguesa e mundial queria mesmo era que o Cristiano se
tramasse e tramasse a selecção. O Campeão manteve-se sereno, calmo, ignorando
as ogivas que lhe mandavam, até que foi o próprio seleccionador que lhe deu o
tiro de misericórdia: Cristiano para o banco, porque tu, o que mereces, é estar
no banco. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">No íntimo do
melhor do mundo, esta decisão acabou por ser arrasadora, levando a autoestima
de Cristiano a descer ao nível dos infernos. Coloquei-me no lugar dele e descobri
que não conseguiria ter a classe que ele teve: se o Santos insistisse em manter-me
no banco, eu teria ido até ao centro do relvado, despido a camisola das quinas e
regressado a casa, nesse mesmo dia, para os braços da minha Georgina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Esse tal
seleccionador não merece continuar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Quanto ao Cristiano,
um dia que ele passe pela nossa santa terrinha, não me importava nada de tomar
um café com ele, antes de termos uma conversa séria sobre lealdade e confiança.
Mas isto sou eu a dizer. Eu… que nada percebo de futebol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p></div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-54899079566034873252022-11-14T19:20:00.004+00:002022-11-14T19:37:02.170+00:00Duas reflexões<p> </p><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ3VxYGsw36T2J-4K0CAfECuxlNvmldNeJOqGf04LtORWq7cCYv0B-kl8p9Z-Vsu3KCn85_4uwgRxW2TjKZOcf01-ajWiLDh-eYJ4TtwbsPCQfgoMcelXUKCWjqYZxZ6g7QdvabvDycvt3JyqBrXu0dOPgO9Pn_UL2K-BX-DM74i9T42uwUrkL1TbXQw/s799/hitler.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="799" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ3VxYGsw36T2J-4K0CAfECuxlNvmldNeJOqGf04LtORWq7cCYv0B-kl8p9Z-Vsu3KCn85_4uwgRxW2TjKZOcf01-ajWiLDh-eYJ4TtwbsPCQfgoMcelXUKCWjqYZxZ6g7QdvabvDycvt3JyqBrXu0dOPgO9Pn_UL2K-BX-DM74i9T42uwUrkL1TbXQw/w375-h211/hitler.jpg" width="375" /></a></div><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b></p><div style="text-align: center;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Novas
ditaduras</span></b></div></span></b><p></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O mundo começou, recentemente, a dar provas de uma polarização sem precedentes na política e nos
partidos que a fazem. Os Estados Unidos da América e o Brasil são disso exemplo
quando, nas urnas, a esquerda e a direita, nos seus conceitos mais
tradicionais, lutam seriamente pelo poder, ganhando uma delas sempre à
tangente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Lula da Silva e
Bolsonaro, recentemente, e Biden e Trump, em 2021, perceberam e mostraram como
as respectivas nações de encontram divididas, com dois grandes grupos
perigosamente separados e com uma força eleitoral muito equivalente. Sempre
abominei ditaduras venham elas dos partidos e regimes admirados pelo Chega, surjam
elas dos partidos e regimes idolatrados pelo PCP. Uma ditadura de esquerda,
como as que dominam na Coreia do Norte ou na China, é tão perigosa como a
ditadura Russa ou como a hegemonia bélica e territorial, e a política de ingerência
noutros países, dos Estados Unidos da América.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Estes resultados e
aquilo que todos nós vamos testemunhando levam-nos a concluir que as políticas
de esquerda nem sempre são as mais liberais e que as de direita nem sempre são
as mais conservadoras, mas, e é o que se revela mais importante, nenhum tipo de
ditadura serve os princípios de um mundo livre e democrático. É então que se
coloca a questão: se assim é, qual o motivo de resultados tão iguais nas
eleições mais recentes? Por que terá vencido a candidata pelos Irmãos de
Itália, um partido conotado com a extrema-direita italiana?<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A História recente,
bem recente, provou-nos quais eram as consequências para os cidadãos quando governados
(leia-se oprimidos) por ditaduras: Hitler, na Alemanha, Mussolini, na Itália,
Franco, em Espanha, Salazar, em Portugal, Estaline, na União Soviética. Regimes
totalitários que não admitiam a diversidade, a pluralidade de ideias, de religião,
de pensamento, tendo como remédio para tais “desvios” a censura, os campos de concentração,
as prisões, as torturas, as deportações, os fuzilamentos. A História ainda mais
recente mostra-nos o que acontece no Iraque, no Irão e noutros países onde a
religião se confunde com o Estado e onde a ausência do voto livre se traduz num
futuro de repressão, de miséria e de obscurantismo, sobretudo para as mulheres.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">As novas gerações
e o desconhecimento cada vez maior que têm da História, do nosso passado enquanto
portugueses e europeus, pode ser um dos motivos pelos quais se começa a vivenciar
este “ela-por-ela” entre regimes que podem assegurar alguma segurança aos seus
cidadãos e outros que são, pelo discurso dos seus líderes, agarrados a um
populismo nunca visto, uma clara porta aberta a um futuro incerto e meio
obscuro. Por cá, os partidos do chamado Centro estão cada vez mais encostados à
esquerda ou à direita, porque começam a perceber que é aí que vão recolher os
votos de que precisam para “tomar” o poder. O Partido Socialista terminou há
pouco uma relação com os partidos de esquerda, e o PSD anda, vai que não vai, a
querer respirar os ares do Chega. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os portugueses
ainda podem, por enquanto, pensar por si. Os picos de crise económica, como a
que está neste momento a acontecer, e que levam a graves crises sociais, são o
rastilho para que, à imagem de outros tempos e de outras nações, surja um
salvador da pátria, com olhos mansos e voz firme. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Cá por mim, vejo
com olhos turvos os caminhos que se avizinham.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Uma
nova escola</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">A inclusão de inúmeros
alunos de origem brasileira nas turmas das escolas portuguesas tem obrigado os
professores a um golpe de rins como há muito não se via. Provenientes de um
sistema de ensino completamente diferente do sistema português, estes jovens
têm agora de se adaptar aos novos programas, à nova forma de testes e exames, à
exigência que os profissionais aplicam à gestão das suas salas de aula e, até,
à forma de falar dos professores portugueses que, como sabemos, nem sempre é completamente
entendível pelos alunos brasileiros, quer pelo sotaque europeu, quer pela
utilização de palavras e expressões do português de Portugal que nada têm a ver
com o português do Brasil.</span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Ainda que unidos
pela língua, falta-lhes, e a nós também, o conhecimento mais profundo de ambas
as culturas e vivências, das experiências do presente e do passado, para que
nos seja permitido a todos, alunos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e
professores, criar uma plataforma de entendimento, de modo a que o sucesso
escolar seja possível. Se há professores legitimamente preocupados com as
avaliações dos seus alunos, tanto portugueses como brasileiros, outros pensam
que essa questão, mais académica, deverá ficar secundarizada pela importância
fundamental a dar, antes de mais, à inclusão desses jovens (e de outros de outras
nacionalidades), não só nas nossas turmas mas também na nossa vida, na vida da
nossa cidade e das nossas associações e grupos de trabalho ou de lazer. E sem
esquecer que a nossa atenção deve igualmente estar virada para a adaptação dos
alunos portugueses a estas novas relações, porque também eles estão a viver uma
nova experiência, que sendo, à partida, enriquecedora e importante para o seu
crescimento como seres sociais, tolerantes e inclusivos, pode não ser fácil de
gerir e cimentar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Porque as escolas
se vão tornando a cada dia que passa, cada vez mais “internacionais”, é vital a
alteração de todo um sistema com largas dezenas de anos, de modo a acolher um
número cada vez mais crescente de alunos estrangeiros espalhados por todo o país
e criar as condições adequadas para que os alunos portugueses possam e saibam
receber e apoiar quem chega à sua escola, tendo deixado atrás de si uma história
de vida, um lar, uma escola, amigos e familiares. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Até há uns meses a
esta parte, tudo tem sido muito fácil. Vamos começar agora a ser
postos à prova. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><b><i> João Luís Nabo<br /></i></b></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><i>In "O Montemorense", Novembro 2022</i></o:p></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-45984779633810463202022-10-14T12:16:00.002+01:002022-10-14T12:23:44.046+01:00Duas coisinhas, apenas<p> </p><p align="center" class="Standard" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;"> </span><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Rui Horta – de
Montemor para o Mundo</span></b></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Depois de ter
trabalhado nos mais prestigiados palcos do mundo, Rui Horta chega à cidade de
Montemor-o-Novo e instala num esquecido convento dominicano, quase em ruínas, o
hoje incontornável Espaço do Tempo. Vinte e dois anos depois, o edifício está,
finalmente, prestes a entrar em profundas obras de restauro e Rui Horta
despede-se publicamente do cargo de director artístico, no Cine-teatro Curvo
Semedo, com a sua derradeira criação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A escolha do Convento
da Saudação para berço da sua instituição levou a que aquele elemento dominante
do nosso património arquitectónico se transformasse num ícone de criação e
liberdade, objectivos exactamente opostos aos promovidos quando da sua
construção, no início do século XVI, para albergar um grupo de conformadas
freiras dominicanas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deliciosas ironias
da História. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Do alto do monte
maior para o Mundo, Rui Horta e o Espaço do Tempo acabaram por confundir-se um
com o outro ao longo destes vinte e dois anos de existência. No velho convento,
casa aberta para criadores e artistas de todo o globo, nasceram obras
absolutamente únicas que acabariam por percorrer os grandes palcos do
planeta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Passou, pois, a haver, a partir
de determinado momento, dois tempos diferentes: Antes do EdT e Depois do EdT.
Durante esta segunda era, que se prolonga até hoje, as instituições da cidade e
do concelho foram amigável e carinhosamente confrontadas com os seus limites,
através de novos desafios estéticos, técnicos e performativos, que as obrigaram
a sair das suas zonas de conforto e a acreditar que, em palco, sob a luz da
ribalta, todas podiam ser mais, muito mais, do que a soma dos seus elementos.
Assim, também os artistas amadores desta cidade e do concelho – grupos corais e
de dança, bandas filarmónicas, escolas, grupos de teatro e associações da mais
diversa índole – tiveram lugar nos planos do coreógrafo ao longo destas duas
décadas.<b> Lúmen</b>, a sua grande festa de despedida, foi, sem dúvida, disso
a melhor prova ao envolver perto de meia centena de actores, bailarinos,
cantores, técnicos e produtores que demonstraram, em três sessões praticamente
esgotadas. no monumental cine-teatro da cidade, que não há limites para a
criatividade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A partir de agora,
novos tempos se aproximam. Rui Horta deixará a direcção artística do Espaço do
Tempo, mas a herança do Homem, do Coreógrafo, do Bailarino, do Artista e do
Humanista, irá perdurar e, sob a nova direcção artística de Pedro Barreiro, a
instituição continuará, temos a certeza, a abrir portas ao Mundo, à cidade e ao
concelho, às suas forças vivas e aos seus habitantes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p><p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNeL_-m9sE4yS76hzGGVKK0-Tzt-KvMxgt1kypcQU4r0XPNEp019IBoJ8FBVBeTdLq5QUAtFD4yiIBCnQ_duRxKMi74OYdrOX6fWlITqMtKGMox_h3GO-3RnyKEtEjP6Wkl2TmXJS2HUosVkwq3-8zQNd0tPwKZBUTDG3djUX0kJn-BYExUW0NjcJjJQ/s2048/cavaco%20silva.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNeL_-m9sE4yS76hzGGVKK0-Tzt-KvMxgt1kypcQU4r0XPNEp019IBoJ8FBVBeTdLq5QUAtFD4yiIBCnQ_duRxKMi74OYdrOX6fWlITqMtKGMox_h3GO-3RnyKEtEjP6Wkl2TmXJS2HUosVkwq3-8zQNd0tPwKZBUTDG3djUX0kJn-BYExUW0NjcJjJQ/s320/cavaco%20silva.jpg" width="320" /></a></div><br /><o:p><br /></o:p><p></p>
<p align="center" class="Standard" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Marcelito, já te
tenho dito…<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Se em Montemor o
cenário do nosso quotidiano é, aparentemente calmo, com uma ou outra excepção
divulgada nas redes sociais, mas que aqui não terá tempo de antena, já no país
as coisas estão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao rubro e logo com o
nosso querido Marcelo no centro das atenções. E isto, porquê? Porque o senhor
não se cala nunca. E quem temos visto e ouvido nos últimos tempos não é o
Prof. Marcelo, Presidente da República, mas o Prof. Marcelo, comentador da TVI.
Amante de multidões, venerador de jornalistas, esqueceu-se há algum tempo, e de
forma completa, de que mudou de funções há pouco mais de seis anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Depois, há outra
coisa que começa a irritar os portugueses. Como se<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>costuma dizer que quem foi professor nunca o
deixou de ser, Marcelo, cada vez que vê uns microfones apontados ao nariz,
assume que é seu dever dar aulas de moral aos portugueses, ao primeiro-ministro,
aos ministros, ao clero… E, depois, para ele as coisas estão quase sempre bem.
Portugal é o maior, os portugueses são espectaculares, mostram-se solidários
uns com os outros, hospitaleiros para quem escolhe o nosso país para viver,
quando a verdade nem se aproxima desse país de sonho, habitado por fadas e gnomos:
estamos novamente a caminho de qualquer coisa próxima da bancarrota, os preços
não param de aumentar com a subida dos preços dos combustíveis, há um ditador
por aí, algures, a matar ucranianos e a mandar em nós todos, alguns
compatriotas nossos assassinam as mulheres e violam os filhos, muitos dos imigrantes,
que chegam às dezenas diariamente a Portugal, são despejados em barracas perto
das zonas de trabalho e ali sobrevivem na maior das misérias, longe da família,
vítimas de exploração e de chantagem, os escândalos com membros do Governo e
com elementos da Igreja não param de crescer… E fico-me por aqui.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Por
isso, caro Professor Marcelo, Portugal, nos tempos que correm, até nem está
nada de especial, por muito que o senhor não queira ver. E há assuntos em que
não se devia meter. Lembra-se de um senhor chamado Cavaco Silva? Recorda-se de
ele ter pedido desculpas aos portugueses por alguma barbaridade que tenha dito?
Pois… Cautelas e caldos de galinha nunca foram demais. Fez os seus dois
mandatos caladinho que nem um rato e hoje, assim que fala ou escreve um
livrinho, toda a gente abre os ouvidos, num misto de curiosidade e receio do
que ele vá dizer… Eu, pessoalmente, gosto mais de si, Professor Marcelo, e é
por isso que começo a sentir, se me permite, alguma vergonha alheia quando o
ouço nas televisões. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A sua presença na
minha (nossa) vida é tal, que já cá disse em casa que, qualquer dia, quando
regressarmos do trabalho ou dos ensaios do coro, ainda o vamos encontrar a
brincar com <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Balú e a Ginja, à nossa espera para o
jantar. Provavelmente, até já pôs a mesa e aqueceu o resto da sopa e o bacalhau
à Brás que sobrou do almoço, que isto, como a coisa está a ficar, não se pode
desperdiçar nem um raminho de salsa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><b>João Luís Nabo</b></span></span></p><p class="Standard" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i>In "O Montemorense", Outubro de 2022</i></span></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-31861247855662985272022-10-11T23:55:00.005+01:002022-10-12T00:00:36.633+01:00Horta, Rui: montemorense honorário<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiol0bJBaZ5TMWyaAiC9EiSdwYwjY9BTSknJwdJtOC-ET1zIxs5SbTLLbVjaiCkPx8H4znyf-Qu3loYeMIK7iegJv_WVnyn_5vO0cT_DOBPGFwOwM2eqzJaGZ9KN7rTMrD5MHdf-hjJ3iYBmZePgxvun8RMHBa-myIqAh5Er9GPNmmAIMhPMvsOTVYOaw/s720/rui%20clor.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="720" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiol0bJBaZ5TMWyaAiC9EiSdwYwjY9BTSknJwdJtOC-ET1zIxs5SbTLLbVjaiCkPx8H4znyf-Qu3loYeMIK7iegJv_WVnyn_5vO0cT_DOBPGFwOwM2eqzJaGZ9KN7rTMrD5MHdf-hjJ3iYBmZePgxvun8RMHBa-myIqAh5Er9GPNmmAIMhPMvsOTVYOaw/w392-h261/rui%20clor.jpg" width="392" /></a></div><br /><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Há 22 anos, um cavaleiro chegou a
esta cidade, vindo de terras longínquas por ele conquistadas. Cidades distantes
e enormes: Frankfurt, Zurique, Londres, Montréal, Copenhaga, Tóquio, Berlim,
Gent, Nova lorque, Toronto, Moscovo, Lyon, Paris, Munique, Düsseldorf, Genève, Malmö,
Gotenburgo, Avignon, Lisboa… <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Depois destas e de outras que não
cabe aqui enumerar, o cavaleiro ordenou que se tomasse uma pequena cidade ao
Sul do Tejo, chamada Montemor-o-Novo. “Montemor-o-Novo, mestre?”, perguntou-lhe
um dos cavaleiros. “Montemor-o-Novo será”, respondeu o mestre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Não trazia cavalo, nem espada,
nem armadura, nem se lhe ouviram quaisquer gritos de guerra. O Rui trazia na
bagagem a vontade e a paixão e uma colecção infindável de prémios atribuídos
pelas mais altas instâncias culturais de muitos países da Europa. Então, quando
chegou, subiu discretamente ao monte mais alto, olhou a povoação em volta e
disse: “É aqui.” Tomou o castelo sem hesitar e aquartelou-se com as suas tropas
fiéis no velho Convento de Nossa Senhora da Saudação e ali, naquele espaço
quase esquecido, mas sempre místico, preparou-se para, quero acreditar, a maior
conquista da sua vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Assim, depois de uns dias de
merecido repouso, enviou ao arrabalde o seu pequeno exército que, sob o seu
comando, deu início à invasão mais pacífica da História da Humanidade. As
instituições, as associações, os grupos, as escolas, as colectividades, as
pessoas foram os seus únicos alvos. Posso testemunhar, e vocês também, que
todos os edifícios ficaram intactos. E, ao contrário de outros conquistados,
que se recusam, por direito, a sê-lo, aqui, nesta terra tranquila, de gente de
trabalho, de músicos e poetas, todos se deixaram voluntariamente dominar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Não resisto em inspirar as
próximas linhas num pequeno texto que escrevi, há pouco tempo, para o Rui, sobre
o Rui. Consumada a tomada da cidade, mergulhando no ser e no saber deste povo
tão extraordinário que é o nosso, Rui Horta e o Espaço do Tempo começaram a
confundir-se um com o outro ao longo dos seus 22 anos de existência. Passou a
haver, a partir de determinado momento, dois tempos diferentes: Antes do EdT e
Depois do EdT. Nesta segunda era, que se prolonga até hoje, as instituições da
cidade e do concelho foram amigável e carinhosamente confrontadas com os seus
limites através de novos desafios estéticos, técnicos e performativos, que as
obrigaram a sair das suas zonas de conforto e a acreditar que, em palco, sob a
luz da ribalta, todas podiam ser mais, muito mais, do que a soma dos seus
elementos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">A escolha do Convento da
Saudação, na nossa cidade, para berço desta instituição, levou a que aquele
elemento dominante do nosso património arquitectónico se transformasse num
ícone de criação e de liberdade, objectivos exactamente opostos aos promovidos
quando da sua construção, no início do século XVI, para albergar um grupo de
religiosas dominicanas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deliciosas ironias
da História. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">A partir de agora, novos tempos
se aproximam. O Rui deixará a direcção artística do Espaço do Tempo, mas acreditamos
que a herança do Homem, do Coreógrafo, do Bailarino, do Artista e do Humanista,
irá perdurar e que, sob a nova direcção artística do Pedro, a instituição
continuará a abrir portas ao Mundo, à cidade e ao concelho, às suas forças
vivas e aos seus habitantes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
montra de galardões que o Rui conquistou durante a sua vida ainda não está
completa. Falta-lhe aquele prémio que vai receber de todos nós, esta noite.
Assumo perante todo este público que não fui instruído ou mandatado por quem
quer que seja, mas tenho a certeza absoluta de que posso, sem qualquer receio, e
em nome de todos, condecorar o Rui Horta com o mais precioso galardão que nós,
montemorenses, lhe podemos atribuir. Assim, em nome de todos e da amizade e do
carinho que sentimos por ti, e em recompensa pelas “obras valorosas” que nos
ensinaste a amar, e pela revolução cultural que operaste na nossa cidade, e
porque Montemor também é a terra da Pia e dos teus filhos, por tudo isto, concedemos-te
orgulhosamente o mais alto grau que o nosso coração permite: O GRAU DE
MONTEMORENSE HONORÁRIO PARA TODO O SEMPRE!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Obrigado,
Rui!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 4;"> </span><span style="mso-tab-count: 2;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-tab-count: 2;"> <span> </span><span><b>LÚMEN</b></span></span></span><b style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> - </span></b><b style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Cine-teatro Curvo Semedo, 23 de Setembro de 2022</span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"><span style="font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span></span></span><i style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"> João Luís Nabo</span></i></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-1706313649741593322022-09-08T18:57:00.007+01:002022-09-08T19:25:52.533+01:00A rentrée<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbvR8B9QpiwwoJpGObLSBwYppLaPp9CswVtEfoDUZ5Kk9TCYryp9RXmh_ds6A5rwY14k66HBXETyhYF6FaT7LwlmDXjrB8eTEJCcEDIiNr0fWTQeL7vWFbm66s4UeZRdpoj-x3NLO88NvMD-azUlB5FjWDJOKWJ_T-5WU4hlhwEOQcDtsm48cpXzenkg/s720/FB_IMG_1662648604826.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="466" data-original-width="720" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbvR8B9QpiwwoJpGObLSBwYppLaPp9CswVtEfoDUZ5Kk9TCYryp9RXmh_ds6A5rwY14k66HBXETyhYF6FaT7LwlmDXjrB8eTEJCcEDIiNr0fWTQeL7vWFbm66s4UeZRdpoj-x3NLO88NvMD-azUlB5FjWDJOKWJ_T-5WU4hlhwEOQcDtsm48cpXzenkg/w386-h250/FB_IMG_1662648604826.jpg" width="386" /></a></div><br /><p></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O Professor
Marcelo anda muito chochinho</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">. Se eu reparei, que sou um distraído de
primeira água, toda a gente, decerto, reparou: um permanente sorriso triste, quase
tipo Mona Lisa, uma enorme contenção nas palavras, quase tipo Cavaco Silva, nos
seus tempos áureos de Presidente da República, uns tabuzinhos à mistura, menos <i>selfies</i>
com o povinho, poucos abracinhos ternurentos às velhinhas e crianças, não
beijou a barriga de nenhuma grávida, enfim, atitudes sintomáticas de alguma
dorzinha que é, com certeza, de alma, porque de corpo não se nota nada, ainda
que o seu caminhar seja menos perturbador e um tudo nada mais lento. Não é para
admirar, senão vejamos: foram os terríveis incêndios deste Verão, a guerra na
martirizada Ucrânia (ele gostaria de ter lá ido fazer uma <i>selfie</i> com o
Zelensky, mas não lhe calhou, por enquanto…), o aumento do custo de vida, os
tiros no pé do senhor ministro Pedro, a demissão, após cansaço extremo, da senhora
ministra Marta, as <i>gaffes</i> da senhora directora-geral da Saúde, a
insuficiência de médicos obstetras, o que dificultou a vida de dezenas de
grávidas e dos seus aflitos maridos ou companheiros, a subida escandalosa do
preço dos combustíveis e, agora, para acabar em beleza, a sua pose tímida ao
lado de Bolsonaro, enquanto esta personagem celebrava o Dia da Independência do
Brasil com um vergonhoso comício para as eleições presidenciais de 2 de Outubro…
Enfim, dramas que, neste último caso, as regras do protocolo oficial não conseguiram, nem podiam,
resolver…<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">No seu regresso a
Portugal, e novamente de frente para a crise que já se anunciou, Marcelo apetece-lhe
falar, dizer muita coisa sobre o Governo de Costa, desancar na cada vez maior
falta de tacto que ele e os seus ministros (uns mais do peito que outros) têm
manifestado para tentar salvar o país (pelo menos, é o que eles dizem por aí).
O Professor Marcelo está tristonho e enfadado, porque sabe que Portugal está um
caos (onde só os ricos e os muito ricos se safam), a caminho de um buraco negro
de onde, mais uma vez, vai ser difícil regressar. Até já sonhou o senhor
Presidente, dizem os dois ou três assessores que lhe vigiam o breve sono, que
Costa não vai aguentar até ao final da legislatura. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Passaram as
férias.</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">
Ansiadas desde o fim das últimas, ainda em pandemia, estas chegaram, estiveram
e… foram embora. Umas férias anormais, desta vez, mas com um sabor que me
deixou triste quando se despediram. Nada de praias, nem de montanhas, nem de
viagens para ilhas paradisíacas. Nada de caminhadas, nem de ginásio, nem de
pescaria na Barragem dos Minutos, nem de piscinas públicas ou privadas. E nada
de máscaras, também. Nada de nada. Apenas se deixou fluir o tempo e se fez o
que nos apeteceu, sem agenda nem relógio. Algum trabalho, voluntário já se vê, umas
belas noitadas de escrita, a pensar nos leitores que já terminaram o <i>Ciclo
Lunar</i> e que se sentem perdidos sem livros para ler, muitas séries na
Netflix e noutros canais (já viram <i>The Handmaid’s Tale</i>?), um ou dois
almoços com amigos, mas amigos com quem vale a pena almoçar (ou jantar, ou
passar o resto da vida), alguns encontros deliciosamente inesperados, convívio mais estreito com o pessoal da casa e seus
deliciosos pares e amigos(as), casamentos, baptizados, aniversários da filharada, funerais, enfim, o
pacote completo para, mesmo de férias, nunca deixarmos de ter os pés bem
assentes no chão, neste chão alentejano que queima e aquece, que nos agarra
como coisa própria sua. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Pode parecer comum
para a maioria, o que, para mim, é extraordinário e cada vez mais constante: saborear
cada momento em que estamos vivos e com quem gostamos de estar. Como dirão, no
seu delicioso linguajar, alguns alunos meus, máxima que eu partilho com mais
intensidade cada dia que passa e me faz aproximar do fim: <i>“Fretes não é a
minha cena!”</i> Entre outras concordâncias que me unem à mulher mais velha cá
de casa, está esta que ela me atira logo de seguida, numa resposta imediata,
sem pausa, nem dramática nem de outro género qualquer: <i>“E a minha também
não!”</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O final das férias</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> é,
invariavelmente, assinalado com a Feira da Luz na nossa cidade. E a deste ano,
depois de dois Setembros de jejum, ainda que algumas pessoas não concordem, foi
das mais espectaculares de sempre. Apesar dos momentos de crise que começámos a
viver, o discurso optimista do Presidente da Câmara, na inauguração da festa, e
a sua abertura à intervenção de outros convidados, dá-me margem para acreditar
que é possível fazer de Montemor uma cidade e um concelho, tal como ele
referiu, visíveis em todo o Mundo. E a vários níveis: cultural, económico e
turístico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Para além da Câmara Municipal, se há mais alguém responsável pela divulgação dos eventos e
iniciativas destes dias de <i>rentrée</i>, é a equipa de comunicação da autarquia que, em
serviço permanente, espalhou, ao minuto e aos quatro ventos, o que de bom havia
no recinto do certame. Atrás do nome Feira da Luz/Expomor ia, obviamente,
colado o nome daquela cidade onde tudo é possível acontecer. Até, vejam só, uma
utilíssima mudança nas mentalidades. </span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span> </span><span> </span>Quando acabei de
colocar o ponto final no texto, veio a notícia da morte de uma mulher que parecia
eterna e que vai ficar para sempre na nossa memória.<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">
</span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"> </span><i><span lang="EN-GB" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-GB;">The Queen is dead. Long live the King!<o:p></o:p></span></i></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><b>João Luís Nabo</b></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><i>In "O Montemorense", Setembro de 2022</i></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p><b> </b></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><b> </b></span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-17743198403104625572022-07-15T12:50:00.004+01:002022-07-15T12:50:47.917+01:00Antes de férias<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="mso-fareast-language: EN-US;"><br /></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhqcRDknpZtASgwdvmEeYK-CI28Lm3JAxqLHQRxlQUGhOFNWUitqdIya2wkJL_EXc213yetW8smFthZ2OHHteny0NSzpe3eUP1Cb5GbLnmrYEVUOgFBquzCF6kP6cnv4VL_XiEIqmUMLF4doMfsyDLPXy6oDTGtt6E8WvVTwrqq6CYEo-JSlh0OQhGtg/s640/pego%20do%20po%C3%A7o.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="386" data-original-width="640" height="246" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhqcRDknpZtASgwdvmEeYK-CI28Lm3JAxqLHQRxlQUGhOFNWUitqdIya2wkJL_EXc213yetW8smFthZ2OHHteny0NSzpe3eUP1Cb5GbLnmrYEVUOgFBquzCF6kP6cnv4VL_XiEIqmUMLF4doMfsyDLPXy6oDTGtt6E8WvVTwrqq6CYEo-JSlh0OQhGtg/w408-h246/pego%20do%20po%C3%A7o.PNG" width="408" /></a></b></div><b><br /><span style="mso-fareast-language: EN-US;"><br /></span></b><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>Antes de férias</b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>I</b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.4pt;">Os fogos que se fazem sentir na nossa terra
e que assolam violentamente o país tiram-nos o sono e dão-nos matéria para
pensar por que motivo todos os anos a tragédia se repete, sem apelo nem agravo,
para depois, no rescaldo, escutarmos os políticos a propagarem soluções que,
afinal, não foram aplicadas em seu devido tempo. Esses políticos devem pensar
que somos todos uns totós.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">Cada Verão com incêndios é um desrespeito total
pelos bombeiros deste país, pelas suas famílias, é um brincar com os bens de
cada cidadão que, de um momento para o outro, se vê privado de tudo o que
conquistou com o seu suor e com o seu trabalho, isto quando não perde para
sempre familiares e amigos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">Todos nós temos amigos, familiares e
conhecidos por esse Portugal fora e é por isso que nos agarramos à televisão
quase obsessivamente para estarmos a par do evoluir dos acontecimentos. Entretanto,
vamos sabendo que apanharam um ou outro incendiário que, apesar de terem destruído
vidas e bens, continuam a ser tratados por… alegados incendiários. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">Este é um país de palhaços e de branda
justiça. Não se entendem as penas levíssimas que se aplicam a esses criminosos,
sem, muitas vezes, se proceder a uma investigação completa, de modo a saber-se
quem são os verdadeiramente responsáveis que mandam esses inconscientes,
sedentos de dinheiro, proceder à criminosa ignição a troco de meia-dúzia de
tostões. É de pasmar, e isso é que nos tira do sério, quando o incendiário, já
condenado, é libertado pouco tempo depois, para voltar, no ano seguinte, a
cometer o mesmo crime. É o país que temos. São estes os tribunais que regulamentam
a nossa vida e são estes os políticos que elegemos, e que, diga-se a verdade,
já não sabem como lidar com tantas crises ao mesmo tempo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">Quem deve estar completamente passado com
tudo isto é Marcelo. Mas Marcelo tem de manter a postura de Estado e não poderá
jamais mandar Costa à fava, ainda que o acto fosse precedido de uma vénia e de
uma… <i>selfie</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.4pt;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="mso-fareast-language: EN-US;">II<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.4pt;">A partida precoce de colegas, vizinhos e
amigos atinge-nos sempre como um murro no estômago. E aí pensamos que não vale
a pena tantas brigas, tantas rivalidades, tantas invejas e malquerenças por
tudo e por nada. Mas é só aí. Passados uns dias, o nosso modo de vida volta ao
normal, a nossa alma bondosa fica novamente sem tino e damos por nós a querer
atropelar velhinhas nas passadeiras só porque elas andam muito de-va-ga-ri-nho…</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">A partida de gente boa deixa-nos um vazio no
coração, pensava eu até agora. Na despedida de uma amiga, um jovem padre, que
eu muito admiro, numa breve homilia, simples mas eficaz, como eu nunca tinha
ouvido a padre nenhum antes (e eu tenho ouvido muitos padres, acreditem), falou
do coração de quem fica e não referiu esse espaço como um lugar esvaziado pelo
desgosto. Falou dele como o espaço onde guardaremos as memórias dos momentos que
passámos com quem partiu. Não, o coração ficará sempre preenchido por tudo o
que, na vida, já não se torna possível fazer. E tem razão o jovem padre. E
tinha razão a Carla, que amava cada momento e cada pessoa como se fossem únicos.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">É a partida dessas pessoas boas que nos dá
vontade de voltar atrás e de dizermos mais vezes o quanto gostávamos delas. Mas,
agora, já é tarde para isso. Usemos, pois, o coração. Mas não será tarde para
os outros que continuam connosco. Dizermos que gostamos uns dos outros, e
dar-lhes sempre o melhor de nós, devia ser uma regra a cumprir antes que seja
tarde demais</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><b>III</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;">Recomeçámos o ginásio porque vêm aí os dias
de praia e a nossa vaidadezinha de pormos as nossas banhas com menos volume é
mais forte do que a vontade de beber uma mini. Ou duas. E lá vão elas e eles
suar que nem uns malucos, como se o calor que nos ataca diariamente não fosse
suficiente para nos espremer até à última gota. Enfim, lá ficamos mais
equilibrados em termos estéticos, a nossa saúde melhora consideravelmente e, na
praia ou na piscina do hotel, não há ninguém que não nos siga com o olhar,
cheio de inveja dos nossos abdominais, dos bíceps bem definidos e dos gémeos
bronzeados e brilhantes. Quem não teve tempo de ir gastar as suas energias e as
suas calorias-extra no ginásio mais próximo, pode sempre fazer como eu. Quando
atravesso o areal, antes do belo mergulho, inspiro e aguento a respiração até
estar completamente tapado de água. Aí, os meus abdominais definidos transformam-se
num flácido </span><i style="text-indent: 35.4pt;">one-pack,</i><span style="text-indent: 35.4pt;"> que terei de voltar a disfarçar quando regressar à
toalha onde a Fofa me espera cheia de orgulho no meu físico e na minha
estratégia para enganar velhinhas reformadas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><b>IV</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;">As férias grandes vêm aí, já toda a gente
percebeu. A malta nova já não combina pescarias no Pego do Poço, nem concursos
de natação na Pintada. As distracções são outras, até porque o Pego do Poço e a
Pintada, e outros lugares (agora diz-se </span><i style="text-indent: 35.4pt;">spots</i><span style="text-indent: 35.4pt;">) do nosso rio já
praticamente não existem como </span><span style="text-indent: 35.4pt;">nós os conhecemos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">Saídas à noite, temporadas nas piscinas da
terra (ou nas piscinas dos amigos), passeios até ao Algarve ou ao Norte, onde,
à partida, estaria mais fresco, são formas de passar estes longos dias que se
aproximam. E, claro, sempre ligados às redes sociais, porque é fundamental irmos
publicando minuto a minuto o que fazemos, o que comemos, com quem saímos, onde
estamos e onde vamos estar. Nem que seja para fazermos inveja a alguém em
particular. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;">Já agora, e à laia de despedida, pois só
vamos regressar em Setembro, se estivermos ainda por cá, distraiam-se e… leiam
uns livros. Bons autores, boas histórias, universos únicos, inventados para nos
reencontrarmos connosco e com o Outro, para podermos ser, nem que seja na
ficção, amados e felizes.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-fareast-language: EN-US;"><b><i>JOÃO LUÍS NABO</i></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;">In "O Montemorense", Julho de 2022</span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-53082291974792518132022-06-22T21:22:00.003+01:002022-06-22T21:22:42.667+01:00Balanços<p> </p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjfHSuuFVof5X9x38U6tshnNan0BKg3FqJk7IBT4OtDn1qWzcUfxHogIkREcPpmsOv4vZgUC4fjCDGUik0LA5MoLTOWiJuDzs1433GqWot1P3ePp8XJb3_Xh4GW4D5O-GYCRNoXM146rXZAV5Z5KMaKKZq47T8zrQw2MCp7-zjb31KlDtWpaPH6ZbHmw/s860/cavaco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="573" data-original-width="860" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjfHSuuFVof5X9x38U6tshnNan0BKg3FqJk7IBT4OtDn1qWzcUfxHogIkREcPpmsOv4vZgUC4fjCDGUik0LA5MoLTOWiJuDzs1433GqWot1P3ePp8XJb3_Xh4GW4D5O-GYCRNoXM146rXZAV5Z5KMaKKZq47T8zrQw2MCp7-zjb31KlDtWpaPH6ZbHmw/w359-h239/cavaco.jpg" width="359" /></a></b></div><b><br /> </b><p></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> Já se escreveu
muita asneira</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">
sobre a pandemia, sobre os cuidados a ter, sobre as cadeias de transmissão, os
contágios, as vacinas, as urgências em ruptura, médicos, enfermeiros, técnicos
e auxiliares em exaustão profunda. Tenho a sensação de que poderá tudo começar
outra vez, com o levantamento das medidas. Talvez não. Teremos, segundo alguns
analistas, de aprender a viver com o vírus e andar com a vida para a frente. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quero acreditar que assim é. Porque também
estou farto de tantos medos e de tantos afastamentos. Quem me tira um abraço,
um xôxo repenicado, uma almoçarada descontraída, um concerto vivido ao extremo,
uma aula sem máscaras e sem gel… tira-me tudo. Ainda assim, o horizonte não se
me afigura muito seguro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><b>Estamos a encerrar o ano lectivo,</b>
mais um ano lectivo, fazendo o balanço dos pontos altos e dos pontos baixos
desta maratona de nove meses. Querem saber o que eu acho mesmo? Acho que uma
parte dos alunos anda demasiado envolvida em projectos de vária ordem e mal tem
tempo e concentração para se dedicar aos estudos das matérias, essenciais para
um prosseguimento académico seguro e sem sobressaltos. Claro que as actividades
extra-curriculares são importantíssimas no desenvolvimento dos jovens e das
suas capacidades intelectuais, sociais e humanas! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No entanto, há que restabelecer um certo
equilíbrio para que as actividades fora da sala de aula sejam complemento das
matérias e das vivências intramuros. Se não houver essa aquisição de
conhecimento, as actividades fora da escola não poderão complementar seja o que
for.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><b>A guerra na Ucrânia</b> passou de
muito dramática a dramática, de dramática a coisa comum, que irá decorrer até
ao fim do ano (dizem). A frieza com que, aos poucos, começámos a encarar os
números de mortos, feridos, estropiados, desalojados, o olhar acrítico que
dirigimos às imagens e às notícias que continuam a chegar-nos todos os dias a
casa assusta-me tanto como a própria guerra. Indigna-me mais do que a
impotência manifesta da União Europeia perante este verdadeiro genocídio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Temos um
Presidente da República</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> fala-barato. Não é novidade e até achamos alguma
piada quando ele, sempre muito desbocado, conta coisas ao país que António
Costa não quer que se saibam. Mas ele é assim: professor, comunicador, pedagogo
e… fala-barato. Muitos ministros deverão, com certeza, dirigir-se a ele para
tomarem conhecimento de assuntos dos seus próprios ministérios… <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Cá em casa, e
perante estes meus desabafos, a Fofa respondeu-me que o objectivo do Professor
Marcelo é compensar o prolongado tempo de silêncio em que vivia mergulhado o
Professor Aníbal, que nunca comentava nada, que nunca sabia de nada, que nunca
dizia nada. “<i>Agora que devia estar calado</i>”, acrescentou ela enquanto
fazia uma festinha ao Balú, “<i>é que aparece, vindo de outro mundo, a espalhar
veneno sem dó nem piedade!</i>” <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">No momento de
produção</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">
deste pequeno conjunto de textos, uma das notícias que enche os telejornais é a
falta de médicos obstetras nos hospitais da Região de Lisboa. Se me dissessem
que esta situação se passava no interior do país, aceitava melhor, ainda que
contrariado. Agora, em Lisboa? Na capital do Reino? O que anda o Ministério da
Saúde a fazer? E o resto do Governo? Ainda não perceberam que morreu um bebé
recém-nascido, vítima desta situação inaceitável e absolutamente terceiro-mundista?<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">No passado dia 30
de Maio</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">
encerrou as suas portas uma das mais icónicas Casas da cidade. Tão icónica, que
o Largo da República, onde se situa, passou a ser conhecido em toda a parte por
Largo do Almansor – do Café Almansor. Fui cliente desde a minha tenra
adolescência e foi lá, à volta de petiscos extraordinários, que reforcei laços
de amizade e criei outros que duraram a vida inteira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Pois no dia 30 fui
ao Café Almansor pela última vez, despedir-me do Evaristo e do Zé Maria e das
suas companheiras de uma vida. Deixei ficar dois exemplares do “Sertório”,
história em que ambos têm uma breve participação, logo no segundo capítulo: <i>“Pois
o Zé Maria e o Evaristo, actuais proprietários do histórico Café, porque não
tinham ninguém para servir, e porque as grandes novidades vinham do exterior,
estavam à porta, quase em bicos dos pés, tentando descortinar os pormenores do
terrível acontecimento, ocorrido mesmo à frente, no alto da escadaria, à porta
da Sociedade Filarmónica. Os carros estacionados no parque diante do
estabelecimento não se viam, de tal modo estavam</i> <i>cobertos de gente.”<a href="file:///D:/O%20MONTEMORENSE/CLORETO%202022/CLORETO%20JUNHO_2022.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 1.5pt;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Bom descanso para todos. A gente vai-se
encontrando por aí.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Está calor. Sempre
esteve calor no Alentejo</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> nesta época do ano. Não havia era telemóveis para
registar as temperaturas anunciadas pelos termómetros dos carros do pessoal e
nem <i>Facebook</i> e <i>Instagram</i> e <i>Twitter</i> e má-na-sê-quê para
fazer a respectiva publicaçãozinha.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas
não são só as temperaturas altas. São também as baixas. Esperem por Dezembro e
logo vêem… Mas o que mais me atormenta não é bem isto. Percebo que as pessoas
queiram narrar ao minuto toda a sua vida, sobretudo quando fazem viagens
exóticas, que é para irritarem os amigos. Compreendo, com uma enorme margem de
tolerância, que ponham nas redes sociais os almoços, os jantares, as homenagens
às mulheres, às noivas, aos noivos, às ex-, aos ex-, os concertos, as primeiras
comunhões, os casamentos, as vendas dos trapinhos, as idas à pesca e à caça… Há
<i>influencers</i> de fim-de-semana que publicam o que queremos e até o que não
queremos ver. Qualquer dia, ainda assistimos ao filme da sua lua-de-mel e
depois queixam-se de que foram vítimas de <i>phishing</i> ou lá como é que diz.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Mas ainda não é
isto que me atormenta. O que me causa grande embechação, o que me tira o
soninho e a vontade de existir é quando os autores das publicações põe um Gosto
na própria publicação. E às vezes até numa foto tirada depois de almoço. Isto é
que me tira do sério. De resto… nada a dizer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p><b> João Luís Nabo</b></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p><i>In "O Montemorense", Junho de 2022</i></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///D:/O%20MONTEMORENSE/CLORETO%202022/CLORETO%20JUNHO_2022.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> In “Sertório, uma história
de Vila Nova”, Edições Colibri, Lisboa 2021<o:p></o:p></p>
</div>
</div>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-58814428246614024652022-05-08T21:30:00.001+01:002022-05-08T21:30:54.790+01:003 coisas importantes e 1 relativamente<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZmxcgAcFpviEmGYWq7WuAKsVX5zoUnz9hxqL2I3dZlzsOag7DCklFEBGqkr07Ko80_vsTj4d1LEWKNsu01ZAZ74nsu2F-8V_4xlJV2rpk-uuFC-2rj9LVOmY2BUZAkiz1t1ehl6H8tbURLWmVCZu-RyP7rOEFLn--KjekiGfKsEnwplWdhtJtGybfkQ/s1920/vida%20ao%20minuto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZmxcgAcFpviEmGYWq7WuAKsVX5zoUnz9hxqL2I3dZlzsOag7DCklFEBGqkr07Ko80_vsTj4d1LEWKNsu01ZAZ74nsu2F-8V_4xlJV2rpk-uuFC-2rj9LVOmY2BUZAkiz1t1ehl6H8tbURLWmVCZu-RyP7rOEFLn--KjekiGfKsEnwplWdhtJtGybfkQ/w385-h217/vida%20ao%20minuto.jpg" width="385" /></a></div><h3 style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><i style="font-weight: normal;">(Foto: Vidas ao Minuto)</i></span></h3><p></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">I<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sentados confortavelmente nos nossos
sofás, continuamos a assistir ao massacre do povo ucraniano sem conseguirmos
vislumbrar um fim para este conflito, que tem tanto de absurdo como de
tenebroso. O ser humano continua a surpreender-nos pela negativa, e quando
pensávamos, tranquilamente, que as atrocidades cometidas por Hitler durante os seis
anos da Segunda Grande Guerra jamais se iriam repetir nos tempos mais próximos
na Europa, eis que um novo senhor da guerra surge das estepes russas e desafia
cinicamente e sem hesitações uma Europa actualmente pacífica e em permanente
construção. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Também não poderíamos pensar que o
velho e bolorento conceito do “orgulhosamente sós”, ostentado por Salazar
quando se referia à ofensiva portuguesa nas colónias de África, quando o resto
dos países colonizadores tinham já iniciado a desocupação dos territórios de
além-mar, voltasse a estar em duradouro vigor, no momento em que o PCP se
recusou a aceitar a presença, ainda que virtual, do presidente Zelensky na
Assembleia da República, ou quando, fazendo eco das<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>palavras de Putin, designam a invasão
criminosa da Ucrânia pelos russos como uma “operação militar especial”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Pois estão cada
vez mais orgulhosamente sós os seguidores de Jerónimo de Sousa, sem perceberem
que o mundo é muito diferente do que era há cem anos, e que Marx e Engels
seriam provavelmente os primeiros a lutar por uma Ucrânia livre, onde nenhuma
criança, nenhuma mulher, nenhum trabalhador ficasse sem lar ou morresse às mãos
de tropas invasoras. Não se compreende, por isso, a pacífica posição dos
militantes do PCP, que só poderão sê-lo porque não se abstraem das linhas duras
que os conduzem e limitam e que não os deixam colocar-se no lugar dos que
ficaram com as suas vidas reduzidas a cinzas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">II</span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Sem querer
antecipar os resultados escolares dos alunos das nossas escolas, que estão
prestes a terminar o ano lectivo, acho fundamental e urgente a realização de um
estudo que nos mostre as consequências desastrosas que a pandemia teve sobre os
seus estudos feitos em casa, sobre o valor real das aulas <i>online</i>, sobre
a seriedade com que os testes de avaliação foram realizados (todos sabemos) com
o mais variado tipo de auxílios. Creio que essa análise poderia dar origem a
uma discussão oportuna sobre os benefícios (muito poucos) e os malefícios
(muitíssimos) desse regime a que fomos todos obrigados a obedecer, tendo sido,
na minha perspectiva, desastroso, quer para os professores, quer para os
alunos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Quando regressámos
à escola, em Setembro de 2021, notámos quase de imediato a falta de
conhecimentos de grande parte dos alunos em relação às matérias dos anos
anteriores. Não ficámos surpreendidos (até porque pouca coisa nos surpreende
já) porque também nós demos aulas <i>online</i> durante o(s) período(s) de
pandemia, e sabemos como tudo decorreu.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
que é preocupante é saber de antemão que uma casa sem alicerces fortes e bem
sustentados raramente se aguenta muito tempo de pé. O meu saudoso sogro,
Valério Casadinho, dizia-me muitas vezes para me arreliar, já nos idos anos 90
do século passado: <i>“Agora, como está o ensino, o melhor é parar antes de
atravessar de carro uma ponte qualquer. Pára o carro, sai e bate duas ou três
vezes com um dos pés no início do tabuleiro. Se a ponte se aguentar… passe. É
que os engenheiros de hoje não são os mesmos de outros tempos.”</i> E é nisto
mesmo em que dou comigo a pensar. Nas futuras pontes e nas suas estruturas
desenhadas e concebidas por engenheiros que tiveram aulas <i>online</i> por
causa de uma estranha pandemia que quase deu connosco em loucos.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">III</span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Parece que Portugal tem uma fama
que vai longe, muito longe. Depois de Ursula von der Leyen, Presidente da
Comissão Europeia, ter passado o primeiro cheque a Portugal no valor de mais de
dois mil milhões de euros, no âmbito da tal Bazuca Europeia, parece que já há
uns espertalhões preparadíssimos para se amanharem com uma parte da verba. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Quando António
Costa levantou a primeira parte da esmola (seremos sempre um país dependente!!),
alguns lobos escondidos começaram a salivar, prontos para o ataque. Senti
vergonha quando o jornalista adiantou que parte do dinheiro iria ser alvo de
fraude, havendo até possibilidade de serem atribuídos subsídios a duplicar às
mesmas entidades. Parece que já está a ser formada uma comissão de fiscalização
para detectar todos os tipos de roubalheira que alguns cristãos de carácter
discutível decidam, por bem, levar a efeito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Este país de
santos e heróis deixa assim passar uma imagem absolutamente vergonhosa, espaço onde
a ladroagem continua a ter algum sucesso. Os mais recentes foram a julgamento,
mas a coisa parece que continua empatada com as cenas dos recursos e
má-na-sê-quê. É o que há. E nós, que fazemos parte do imenso grupo dos
mexilhões, ainda vamos ter uma palavra a dizer sobre o assunto. Mas só depois
de o Costa, ele próprio, nos roubar as nossas poupanças para pagar o que roubaram
os ladrões-mor deste país de tristes e acomodados. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">IV</span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">O parto de um
livro assemelha-se ao nascimento de um filho. Há que fazê-lo e há que pari-lo.
Com todas as dores, com a família à volta, com os amigos mais próximos, com os
leitores, com a editora, a melhor de todas, que dá liberdade ao pai para que o
filho nasça quando, onde e como ele quiser. <i>Ciclo Lunar</i>, a minha mais
recente caminhada no mundo da ficção, abençoada pelas Edições Colibri, é uma
obra especial. Porque é completamente diferente do romance <i>Sertório</i>, lançado
no ano passado, e porque também é sobre Vila Nova, a nossa “vila” desenhada na
escuridão medieval, com narrativas que não lembrariam ao próprio diabo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Vamos lançá-lo às
feras no dia 18. Há-de haver uma notícia sobre isso nesta edição de “O
Montemorense”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Depois… estou ao dispor
para consolar as almas dos leitores mais sensíveis.<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"><br /></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b>João Luís Nabo</b></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><i>In "O Montemorense", Maio de 2022</i></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-85725073236097425252022-04-13T19:21:00.003+01:002022-04-13T19:29:55.391+01:00Três notas breves<p> </p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7wxRJ_4c7R0N1qwZttw1obsHDs2H1pyswpI2egOZBv7lzXeQt6_615dLB-8ffGIIfAlfVaPN4R5a-AqoBzFoLDvjFBhm5nZ633E91Pr0yn_uBmt6kP0VEjD0uuH2xb60KBsuOdgfEqw2zbGHazmM9ovonigjQARmOd4ubtVTqEflrw17ZC2lvhpSyVA/s770/mariupol-separatistas-ucrania-11042022132639885%20(1).jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="770" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7wxRJ_4c7R0N1qwZttw1obsHDs2H1pyswpI2egOZBv7lzXeQt6_615dLB-8ffGIIfAlfVaPN4R5a-AqoBzFoLDvjFBhm5nZ633E91Pr0yn_uBmt6kP0VEjD0uuH2xb60KBsuOdgfEqw2zbGHazmM9ovonigjQARmOd4ubtVTqEflrw17ZC2lvhpSyVA/w388-h212/mariupol-separatistas-ucrania-11042022132639885%20(1).jpeg" width="388" /></a></b></div><b><br /><div style="text-align: center;"><b>I<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></b></div></b><p></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Portugal já
recebeu, no momento em que este texto está a ser produzido, mais de dez mil
refugiados que tentam salvar a vida e a vida dos seus, vítimas de uma guerra
absolutamente sem sentido, tal como são todas as guerras. Ainda que as imagens
de horror nos cheguem diariamente a casa, de forma insistente e contínua, elas não
poderão ser banalizadas e esquecidas, nem os rostos dos velhos e das crianças em
fuga, nem as mãos crispadas da mulher que olha para as ruínas da sua casa. Não
sei, continuo a não saber, como se pode permitir uma situação destas. Regredimos
no tempo mais uma vez e demos espaço para que esta tragédia humanitária pudesse
acontecer. Um dia, decerto, estaremos a viver em cavernas e a reinventar o fogo
e a roda. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Muitos jovens ucranianos,
recém-chegados a Portugal, alguns a Montemor, tentam continuar os seus estudos
nos nossos estabelecimentos de ensino, sem saberem uma palavra de português e,
mais importante do que isto, sem fazerem ideia de como estão os seus familiares
e amigos que ainda se encontram na Ucrânia, e pensando com angústia num futuro
abruptamente interrompido pelas bestas da guerra. Todos sabemos que muitos
deles, um dia, quando regressarem, não terão as suas casas, nem as suas
escolas, nem as igrejas, nem os estádios de futebol, nem os pavilhões
desportivos, nem os parques, nem os largos, nem as ruas, nem nada. Só ruína e
cinza. E essa perspectiva é, por si só, aterradora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">A barreira da
língua, esse monstro que nos assusta a todos, vai, aos poucos, sendo
ultrapassada. Professores e alunos, unidos como nunca, procuram por todos os
meios possíveis aliviar as dores a esses jovens e às famílias, também sem
saberem como tudo irá terminar. As matérias vão sendo leccionadas, com recursos
aos tradutores automáticos, mas sem qualquer objectivo concreto de avaliação. Para
esses jovens ucranianos, o mais importante, neste momento, são as turmas que os
recebem, que os integram, que os incluem, fazendo com que esqueçam, por
momentos, o seu país que vai sendo, aos poucos, reduzido a escombros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Tendo em conta
todo o peso da tragédia em que os jovens refugiados se encontram
involuntariamente envolvidos, os testes, as avaliações e tudo o resto que faz
mover os alunos ao encontro dos seus objectivos são para aqueles, neste
momento, pormenores sem importância. E para mim também. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><b style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II</span></b><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Vou começar à
bruta: acho que o presidente Marcelo devia deixar o primeiro-ministro Costa
governar sozinho. Só para ver se ele é capaz. O carácter opinativo do
Presidente da República faz com que todos fiquem à espera do seu veredicto ou
do seu parecer sobre tudo o que acontece no país, e Costa acaba, eventualmente,
por sentir-se condicionado, levando, no entanto, a peito e defendendo com
estertor a relação harmoniosa entre Belém e São Bento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Marcelo mete-se em
demasia nos assuntos do executivo. Sabe que Costa estará sempre à espera do seu
comentário que, se não servir desta vez por tardio, acabará por fazer
jurisprudência e funcionar para a próxima por antecipação. É uma relação
interessante: não discutem, não se zangam, não confrontam pontos de vista. Parecem
aquelas melhores amigas adolescentes que não fazem nada uma sem a outra, tendo,
por vezes, até, namorados em comum… Quanto ao par em apreço, ambos fazem
questão de remar sempre para o mesmo lado, esquecidos, talvez, que a lua de mel
já acabou há algum tempo. <o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">III</span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">O Coral de São
Domingos vai celebrar 35 anos de existência. O seu primeiro (e tímido) ensaio
foi no dia 7 de Janeiro de 1987, numa das salas do Convento de São Domingos,
sede do Grupo dos Amigos de Montemor que, em boa hora, acolheu os cantores e os
seus projectos. Por lá ficaram dois anos. Depois, o grupo amadureceu, criou
asas e voou, regressando pontualmente ao Convento para ensaios e concertos
sempre que seja necessário. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">É praticamente
impossível fazer um balanço das centenas de concertos, das milhares de horas de
ensaios, dos programas de televisão, das gravações, das inúmeras digressões
pelo país e pela Europa, das ligações a muitas das instituições montemorenses, das
inolvidáveis histórias protagonizadas pelas dezenas de amigos que passaram pelo
coro e lá deixaram o seu contributo e a sua marca. O Coral de São Domingos, à
imagem de outras instituições do nosso concelho, nasceu e ficou, graças ao
entusiasmo de várias gerações de cantores e aos apoios de muitas entidades
públicas e privadas que confiaram no grupo e nas direcções que o foram gerindo
nestas três décadas e meia. Continua, hoje, com o entusiasmo de sempre, a levar
música de qualidade a vastos públicos cada vez mais exigentes, e ficou mais do
que ciente que não há pandemia nem crise que o derrube. Porque, para além da
música que une todos os cantores, há uma mística que, por ser mística, não se
explica, que os envolve e os torna </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">uma voz única, que
eu não consigo encontrar em mais lado nenhum e que, por muitos motivos, jamais poderei
dispensar.</span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Obrigado a todos. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-indent: 35.4pt;"> </span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><b>João Luís Nabo</b></span></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i>In "O Montemorense", Abril de 2022</i></span></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-250565554808185668.post-83652597282506715252022-03-14T13:22:00.002+00:002022-03-14T15:51:25.926+00:00A guerra, o rio e a educação<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjlIhgkZn8HwxcINS09IW8c4Jl4xEVk60EjLz_UJgnmLZF0TiKtOP0ZH9bmuGcsnC_j3hLzoKS-OwHlhyyarVqIT66mAYPcM_SL7oqO53iThF6FLPMi7jBxA-N5xOgj12eHwo3Abzhk7H74zTab6dyNead1rq11e57cFp5TkQMNWzDdhwhv_24qi_QUwg=s912" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="643" data-original-width="912" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjlIhgkZn8HwxcINS09IW8c4Jl4xEVk60EjLz_UJgnmLZF0TiKtOP0ZH9bmuGcsnC_j3hLzoKS-OwHlhyyarVqIT66mAYPcM_SL7oqO53iThF6FLPMi7jBxA-N5xOgj12eHwo3Abzhk7H74zTab6dyNead1rq11e57cFp5TkQMNWzDdhwhv_24qi_QUwg=w362-h256" width="362" /></a></div><br /><p></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">I<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Parte-se para o
papel em branco ainda sem temas definidos, mas sempre com uma voz a bater forte
cá por dentro: <i>“Não quero falar da guerra, não quero escrever sobre a guerra,
nem sobre as crianças que choram ao som das sirenes e dos bombardeamentos. Não
quero regressar a 1939-45, nem a outras datas, que estão cada vez mais
presentes no nosso quotidiano.”<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">As perguntas e as
críticas que todos nós fazemos e que, orgulhosamente, ostentamos nas redes
sociais, transformam-nos nuns “enormíssimos” e “competentes” analistas
políticos de fim-de-semana que, e com todo o respeito pelas excepções, não
percebem nada do que estão a dizer. Parece que agora somos todos estrategas
militares, líderes, membros do Parlamento Europeu ou das Nações Unidas, comandantes
de pelotão, soldados milicianos de <i>cocktails molotov</i> em punho. A maioria
ataca Putin e defende Zelensky, uma minoria defende o poder russo sobre as
antigas repúblicas soviéticas, num saudosismo doentio e perigoso, e outros ainda
não conseguiram pronunciar-se de forma aberta sobre a sua posição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">É impossível
analisar de forma correcta, ao minuto e em directo, os acontecimentos terríveis
que já fizeram milhares de mortos e milhões de refugiados, estando o povo russo
e o povo ucraniano a serem ambos vítimas de um ditador eleito (onde é que eu já
li uma coisa parecida?). Os mortos, os feridos, as famílias separadas, os bens
destruídos, tudo será contabilizado mais tarde. Porque a História que hoje
vivemos só então será analisada, quando os especialistas estiverem de posse da
maior parte dos dados, para que a narrativa seja clara e concreta. Aí ficaremos
a conhecer os profundos porquês destes verdadeiros crimes de guerra, para que
não haja dúvidas sobre a autodeterminação legítima do povo ucraniano e para que
se condene a decisão absolutamente anacrónica, estúpida e fascizante de se
invadir um país livre, ainda que não se concorde com o seu governo ou a suas
alianças geo-económico-políticas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Há ainda os que criticam a posição
letárgica da Europa, dos Estados Unidos e da NATO em termos de acção militar. Se
os Estados Unidos e os países da NATO tivessem pegado em armas, vivíamos hoje o
que nunca teríamos imaginado viver: o terror de uma terceira guerra mundial.
Duas chegaram e sobraram. Putin é, nesta altura, um homem politicamente
derrotado e cada vez mais só. Tenho a certeza de que, a seu tempo, os Tribunais
Internacionais julgarão e condenarão o presidente da Rússia por crimes de
guerra e aí, só aí, se fará justiça.<o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Um último parágrafo, que deveria ter
sido o primeiro, para saudar os jornalistas de todo o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mundo e, sobretudo, os portugueses, que todos
os dias arriscam a vida para nos mostrarem os dados sempre actualizados desta
guerra desnecessária, tal como são todas as guerras. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">II<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Da nossa santa
terrinha falei há dias com pessoa amiga. E falámos do rio. Do nosso Rio
Almansor, cartão de visita para quem entra em Montemor, vindo do Sul. Um
frondoso matagal cobre todo o leito, escondendo o escasso fio de água que vai
correndo timidamente por ali. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Também falámos do
pouco tempo que o novo executivo ainda tem em funções e que, provavelmente, não
tem tido uma agenda muito livre para pensar nesta questão. Sabemos que Olímpio
Galvão e a sua equipa já nada podem fazer pela Rua de Aviz nem pelo Largo da
Câmara (o que é pena, na minha opinião!). O que está feito, feito está. Mas
ainda vão muito a tempo de alterar o estado em que o rio se encontra. É preciso
financiamento, é verdade, mas também é fundamental a vontade política. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Depois de limpo o
leito do rio e de transformadas algumas zonas em espaços de caminhada e lazer,
Montemor mostrar-se-ia mais atractivo logo assim que se atravessasse a Ponte de
Alcácer. Depois, era só repovoar o rio com as espécies que sempre o habitaram:
carpas, barbos, pardelhas, enguias, bordalos... E, a seguir, era só pegar numa
cana de pesca e recuperar a infância perdida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">III</span></b></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Montemor está a
tornar-se um local menos seguro do que era há uns meses. Já passámos na
televisão por motivos menos bons, o que nos leva a concluir da necessidade de
uma maior atenção por parte das autoridades em relação a determinadas questões.
Assaltos, roubos, violência física começam a estar na ordem do dia. São
situações que acabam por afastar quem, por motivos de trabalho ou de lazer,
goste da cidade e a queira adoptar como sua. Para não falar das vítimas, que
gostariam, sobretudo, de não o terem sido. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Os valores morais
e sociais começam a ficar desfocados e, nas próprias escolas, notamos
comportamentos cada vez mais desadequados por parte de alguns alunos, o que
torna esta questão do ensino-aprendizagem muito mais complicada do que ela já
é. O mais curioso é que, confrontados com as atitudes menos positivas dos seus
educandos, alguns encarregados de educação respondem, de forma inocente: <i>“Já
eu era assim quando tinha a idade del</i>e!<i>”</i> E pronto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;">Não me venham com
cantigas de que o professor deve dar aos seus alunos a educação que estes,
eventualmente, possam não receber em casa. Eu raramente o faço. Ensino as
matérias e mostro-lhes que o mundo, fora da escola, é composto de muitas mudanças
e contrariedades, mais facilmente combatíveis com as atitudes certas. A escola
não pode substituir os pais na educação dos filhos. É um complemento e deverá
sê-lo sempre, mas eu sou professor dos meus alunos, não sou pai deles. E eles
sabem disso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E os pais deles (muitos deles
foram meus alunos) também<o:p></o:p></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><i><b>João Luís Nabo</b></i></span></p><p class="Standard" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><i>In "O Montemorense", Março de 2022</i></span></p>Cloreto de Sódiohttp://www.blogger.com/profile/17180079640101508101noreply@blogger.com0