segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ponto único




As palavras “crise”, “Troika”, “impostos”, “austeridade”, “roubo”, “malandragem” e outras cada vez de mais baixo nível, diminuíram um pouco de frequência nas férias mas voltaram agora em força, perante as novas medidas do Governo para baixar o défice.
É tradição, também nesta altura, falar da escola que recomeça para milhares de estudantes portugueses, também eles a viverem as consequências da má gestão do nosso país. Pois é verdade: o ano lectivo já começou e quase ninguém refere a importância que cada ano escolar, que cada escola, que cada turma e que cada professor tem para o desenvolvimento do país e para a saída da maldita crise (que já utilizada como desculpa para tudo).
Os professores, agentes fundamentais do progresso do país (porque é na escola que tudo começa), têm sido maltratados, desconsiderados, desprezados, porque nenhum dos últimos Governos entendeu a importância do ensino para que o país possa atingir uma verdadeira modernidade a par dos outros que, connosco, são obrigados a conviver nesta velha Europa. Em Portugal investiu-se em escolas novas nos últimos anos, mas isso não é suficiente. É, aliás, acessório. O importante são as pessoas e não os edifícios que servem, muitas vezes, e só, para garantir a vitória nas eleições ou um ou outro momento de show-off do mesmo tipo. Com as mudanças na educação, o Ensino tem sido a área na qual, cada vez mais, os professores se tem de preocupar com burocracias, ficando com cada vez menos tempo para preparar as suas aulas, fazer as suas investigações, dar a atenção que cada turma merece e a que cada aluno tem direito. E há alunos, como se sabe, que necessitam de atenções especiais e exigentes por parte dos docentes.
Já comecei o ano lectivo. Com a “ciguêra” habitual. Porque continuo a gostar de ensinar e de passar aos outros aquilo que sei. E cada ano que começa é como se fosse o primeiro, que já lá vai há trinta anos. Mas eu não quero que os meus alunos sejam candidatos à emigração, como alguém sugeriu há uns tempos. Quero que fiquem cá, para poderem participar na reconstrução de um país que nós, ingénuos, deixámos ruir. É por isso que, independentemente das políticas educativas de cada Governo, lançadas a partir de gabinetes onde poucos conhecem a realidade de uma escola, continuo a preocupar-me mais com os alunos e menos com os papéis. A estes últimos não consigo dar-lhes a importância que eles querem que eu dê. Aos primeiros dou-lhes mais atenção do que o Estado, através destas políticas, quereria que eu desse. O aluno está sempre em primeiro lugar e eu, para lhe dar um apoio especial, não preciso de preencher dezenas de formulários e relatórios. Preciso apenas de estar com o aluno. Preciso apenas de tempo.
O elemento fundamental desta grande questão não é o Governo nem os políticos, em quem já ninguém acredita. São os alunos e os professores os pontos fulcrais a ter em conta. Os primeiros devem querer aprender e os segundos devem querer ensinar (e ter uma escola onde ensinar).
Legislar que se devem formar turmas com 30 alunos (com um objectivo meramente economicista e com a consequência inevitável do despedimento de milhares de professores que faziam, de facto, falta) é de quem não percebe nada de Ensino e muito menos deu uma única aula a sério na vida.
Mesmo assim, e para contrariar estas situações absurdas, deve continuar a haver entusiasmo pelo Saber e pela Aprendizagem. O país não se desenvolve se o pessoal não sentir essa “pica” pela ESCOLA e por tudo o que de lá podem aproveitar. Além do mais, os sacrifícios dos pais são cada vez maiores para que os filhos possam ter acesso a tudo isso. E os filhos devem isso aos pais.
É nas mãos destas gerações de alunos que temos de pôr este país caído em desgraça e nós, professores, temos de ensinar TUDO o que sabemos, porque é de nós que dependem os jovens que temos à nossa frente. É de nós (e deles, também) que depende o seu futuro e, consequentemente o futuro do país. Tolerância ZERO para as baldas, para a aldrabice e para a falta de vontade.

Em suma, os governos dos últimos anos têm sido formados por políticos, muitos deles reflexo das alterações absurdas e do desrespeito que a escola pública tem vindo a sofrer ao longo destes anos. Mais palavras para quê?

Distraídos crónicos...


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