terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Princípio de Peter Passos

         

            Estamos sempre a falar e a escrever sobre a mesma coisa nesta altura do ano. O que não é bom sinal. 
          Educação, Escola, Professores, Ministério da Educação, Ministro da Educação. Devia haver um elo que unisse todos estes conceitos. Supunha-se que, para haver Educação, devia haver uma Escola servida por Professores que, estando ligados ao Ministério da Educação, conseguissem respeitar o seu Ministro mais as suas estranhas e ínvias decisões. Mas o seu Ministro não quer ser respeitado. Não quer, porque acha que o caos que neste momento reina no seu Ministério é por culpa dos serviços, dos computadores, das fórmulas matemáticas que regem os concursos, da Internet, dos Professores que se recusam a fazer provas de avaliação após inúmeros anos de serviço entre outras minudências, vielas e travessas. 

          A questão coloca-se: estará Nuno Crato consciente do mal que as suas políticas estão a fazer à Educação deste país? Eu acho que está. E os superiores de Crato também estão. O que falta naquela gente toda é coragem e vontade política para alterar o sistema de contratação. Como escreveu recentemente José Manuel Fernandes (JMF) no Observador online, a solução para evitar tais confusões seria a atribuição às escolas e aos directores de uma autonomia total para contratar atempadamente os professores considerados pelo director adequados para a equipa. O que JMFnão prevê é o pôr em prática da tradição que já vem do tempo de D. Afonso Henriques, que Deus o tenha: contratar os amigos e deixar de fora os inimigos. Portanto, ainda não será por aí que a coisa se resolve.

          E recoloca-se a questão: não faltará naquela gente um sentimento de respeito pelos alunos, pelos pais e pelos professores? Falta. Mais: o que aquela gente não tem é um pingo de vergonha para, assumindo os graves erros perpetrados, enrolarem a trouxa e marcharem. Há, contudo, uma conclusão que é a única coisa que se aproveita no meio desta trapalhada toda: a verificação constante e diária do Princípio de Peter, que diz: “Numa hierarquia, qualquer funcionário tem tendência para subir até ao nível máximo de incompetência.” 

          Estamos, sem dúvida rodeados de incompetentes que sabem que o são mas que se manifestam diariamente como mártires - trespassados pelas setas da incompreensão e da cabala política - de um povo que não compreende o seu esforço em prol da salvação da pátria. E parece-me, pelo que tenho visto, ouvido e lido, que o Princípio de Pedro Passos transmite uma imagem mais clara do conceito original... do que o próprio original.

          É por estas e por outras que prefiro ir ao fundo de vez a ser prolongadamente torturado por gente daquela classe sem classe.


João Luís Nabo
In "O Montemorense", Outubro de 2014



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Mais uma ideia... da fofa




         

          Fala-se por aqui, de vez em quando, de Passos Coelho. Pois a fofa anda preocupada com ele. Pelo menos, assim pareceu. Disse-me ela ontem, antes de adormecer, já com a voz entaramelada: “E se o coitadinho do Passos for obrigado a devolver o dinheiro que alegadamente ganhou e não devia ter ganho quando era deputado de nação? Como é que ele se vai arranjar?”

        Não respondi, porque sei de antemão que, naquela fase do dorme-não-dorme, ela, com a rabugice do sono, nunca me dá razão. Mas fiquei a pensar que o primeiro-ministro, com a polémica que já o enlameou, devia ter reagido assim que o denunciaram. Que deixou passar muito tempo até que esclarecesse (ou não) toda a situação relacionada com a sua ligação à Tecnoforma. Que houve tempo de sobra para muita especulação e que esta trouxe ao de cima muitas verdades e muitas mentiras. E, depois, aquela coisa da prescrição dos alegados crimes funciona como a absolvição do padre após a confissão dos pecados. Há perdão, pois há, mas o mal está feito.

          Quando comecei a sentir o pensamento cada vez mais longe de Passos, dos seus amigos e da sua falta de transparência, ouvi a fofa, numa lamúria, já mais para lá do que para cá: “Já sei: o nosso primeiro-ministro podia muito bem arranjar um part-time como primeiro-ministro das Berlengas. Sempre sacava uns euros extra, caso fosse preciso devolver alguma coisa!”
         Depois disto, ouvi um ronronar suave e pausado, sinal de que tinha, finalmente, partido nos braços de Morfeu. Aleluia.





Distraídos crónicos...


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