sábado, 25 de dezembro de 2010

Porque é Desnatal...


Apesar desta falta de ar que aflige o país, o chefe do Governo afirmou, mais do que uma vez, que não precisaríamos de pedir ajuda a ninguém. Regressámos à tristemente célebre expressão com que Salazar nos isolou do resto do mundo. Depois de, qual doutor Fausto calculista e interesseiro, termos vendido a alma à Europa, depois da cedência da nossa personalidade enquanto nação independente, a troco de uns milhões de euros para subsídios para a construção de piscinas e má-na-sê-quê por esse país afora, agora que nos devíamos candidatar a apoios externos, queremos ficar orgulhosamente sós. Eu não sei o que é que esta gente do governo anda a comer. Mas que lhe provoca graves incómodos cerebrais, lá isso não há dúvida.

O colapso definitivo dar-se-á quando se demitirem alguns elementos das estruturas do Estado, quer civis, quer militares, e que ainda permitem que o país vá andando, deixando esta ruína a navegar à bolina. E, pelas minhas contas, não há-de faltar muito: os juízes estão descontentes e frustrados com a justiça que são obrigados a administrar; os militares estão a viver dificuldades em termos de salários e de promoções; os agentes da autoridade sentem cada vez menos autoridade (prendem os criminosos, que são libertados pouco tempo depois); a máquina do partido do governo anda com uns pedregulhos na engrenagem (há socialistas que já quebraram o verniz e começaram a pôr a boca no trombone). Para além disto, os professores sentem-se todos os dias obrigados a cumprirem normativos que não fazem o mínimo sentido e que ferem de morte a sua prática pedagógica; os cursos superiores ficaram mais curtos e muitos licenciados saem das universidades sem saberem ler nem escrever e sem competência para coisa nenhuma. Mas não é grave: não há emprego para poderem exercitar alegremente essas incapacidades.
Contudo, quem nos governa continua a gerir esta coisa chamada Portugal com alguma coerência. Pedir ajuda para quê? Era dar muito nas vistas. Um país que construiu 10 estádios para o Euro 2004, que quer montar um aeroporto de raiz, como se fosse um simples jogo de Lego, primeiro não, mas depois sim, na margem Sul do confuso Tejo, um país que teimou até ao último momento em construir auto-estradas e caminhos-de-ferro em direcção a Espanha e que se candidatou com os vizinhos à organização do Mundial de 2018, não precisa, de facto, de ajuda. Os responsáveis por estas ideias megalómanas é que precisam. De ajuda psiquiátrica urgente.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Noite de Natal


 




Os Cantares começaram com chuva a cântaros mas, enquanto os três coros e os seus acompanhantes subiam a Rua Nova, o São Pedro fechou a torneira e a Noite de Natal aconteceu. Acabámos a noite na Igreja da Misericórdia, com um recital de canções e poesia. Destaque para o poema "Pequeno Prelúdio para uma Cantata de Natal", escrito por Carlos Cebola para esta iniciativa.
Em nome do Coral de São Domingos, agradeço ao Grupo "As Escouralenses" e ao Grupo "Canções da Segunda Juventude" a preciosa colaboração nesta 9.ª edição dos Cantares ao Menino. Para a Câmara Municipal e para a Santa Casa da Misericórdia vai também o nosso aplauso pelo seu apoio, não só nesta altura, mas durante todo(s) o(s) ano(s). Para as dezenas de pessoas que nos acompanharam ao longo da noite, aqui fica o nosso abraço e votos de Feliz Natal.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cantares ao Menino


Coral de São Domingos
Grupo Coral "As Escouralenses"
Grupo Coral dos Estudos Gerais

Esperamos po si!

Depois dos Cantares... chocolate quente na sede do Coral de São Domingos (pagando, é claro!)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Menos um...


... a incomodar o regime.

Carlos Pinto Coelho morreu hoje.
Ficámos ainda mais empobrecidos.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

This is the winter of our discontent (W. Shakespeare, Richard III)

Este é o Inverno do nosso descontentamento. A frase não é minha. Foi escrita há quatrocentos anos por um senhor muito à frente do seu tempo. Não sabia ele – como poderia sabê-lo? – que a proposição se encaixaria, muito mais tarde, na perfeição para descrever os tristes dias que começámos a viver. Gostaria, se fosse possível, por este e por outros motivos, de cumprimentar esse génio. Aproveitava para lhe fazer uma lista de razões pelas quais este Inverno se vai tornar tão longo que se prepara para substituir as primaveras e os verões dos anos que estão para chegar.

E dizia-lhe: devido a uma terrível falta de visão estratégica por parte dos políticos, e à sua enormérrima incapacidade para servir o país, as pessoas foram penalizadas nos seus salários; as famílias deixaram de receber os abonos dos filhos; os trabalhadores rurais e fabris reformados viram a sua mísera reforma diminuir; instituições de solidariedade viram cortadas as ajudas; escolas privadas fecham por falta de apoios; hospitais e escolas necessitam de obras; há cidades espalhadas por aí com os centros históricos a mergulharem na ruína por não haver dinheiro para as necessárias reabilitações; o gás voltou a aumentar; e o pão, e o combustível e todos os bens essenciais para a sobrevivência ficaram mais caros com um novo aumento do IVA; os medicamentos aumentaram; tudo aumenta enquanto os salários diminuem. Tudo se complica. Todos os dias há anúncios de novas medidas de austeridade. Mas não para todos. É um país com duas nações, como diria Disraeli, primeiro-ministro da velha e manhosa rainha Vitória, dona, no seu tempo, de um Império Britânico, o maior do planeta, onde o Sol nunca e punha. Há duas nações, sem dúvida: a nação dos ricos, pequena mas desafogada, e a nação dos pobres, enorme e afogada.

Mas é assim: os portugueses da nação grande estão, na sua maioria, a ficar estrangulados e sem margem de manobra para gerir as suas economias domésticas. Tudo isto porque os da nação pequena (mas desafogada) não se apercebem, nem querem saber, das dificuldades que muitos compatriotas seus estão a viver. E esses portugueses, todos sabemos quem são. Fico-me por aqui. Estou cansado de chamar nomes a essa cambada de oportunistas e incompetentes. Afinal, caro Shakespeare, este não é o Inverno do nosso descontentamento. É o país da nossa mais profunda revolta, fechada a sete chaves por medo, comodismo ou hipoteca.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Banda de Lavre, Laginha, Palacino & Gershwin, Inc.



Há uns anos (30?) vi e ouvi, na televisão, Leonard Bernstein interpretar a famosa Rhapsody in Blue, uma composição musical do americano George Gershwin (1898-1937) para piano e banda de jazz, escrita em 1924. Mais tarde, comprei a partitura e resolvi estudar umas partes por outras. Fiquei hipnotizado pelos novos sons que aquele texto musical me obrigava a retirar do piano. A extrema dificuldade de execução de muitas passagens (aquilo não é para amadores) levou-me a pô-la de parte. Recentemente, graças à Internet e a essa maravilha da bisbilhotice global chamada Youtube, vi e ouvi, enquanto ia lendo a partitura, Gershwin a interpretar a sua própria composição, considerada uma das peças de concerto mais populares de todos os tempos. Pensei, ainda de ouvidos arregalados: “Não é possível repetir este momento”. E fiquei-me com esta.

Acabei de chegar a casa, vindo do Cine-teatro Curvo Semedo, depois de ouvir a Banda de Lavre a acompanhar Mário Laginha ao piano nesta peça magistral. Confesso que, antes do início do concerto, enquanto me sentava no meu lugar, pensei com alguma malícia: “Sempre quero ver como vão os músicos resolver este problema.”
Mas resolveram. Magistralmente. Há, pois, momentos que se repetem. Com o maestro Fernando Palacino no seu melhor. Parabéns (mais uma vez).

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Desafios... únicos!


Sábado, 11 de Dezembro, 21h30
Cine-Teatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo

Gershwin, a Utopia da Vanguarda e Outras Formas de Ouvir...

com
Mário Laginha, Maria João
Banda Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre 

(Ciclo de Outono - Câmara Municipal de Montemor-o-Novo)

domingo, 5 de dezembro de 2010

A saque!


Depois de alguns anos de apatia, numa linha de comportamento assim do tipo “bate-me que eu deixo… e gosto”, o povinho acordou, ao verificar que estamos a chegar ao fundo, e desatou a chorar a sua preocupação em tudo quanto é sítio. Agora é que ele percebeu MESMO que os cortes, os apertos de cinto e a perda de regalias só o vão atingir a ele. Os que, a custo, ajudam na construção do país, com a sua força de trabalho, físico e intelectual, são os mais penalizados. Nunca se tinha imaginado que este paraíso à beira-mar plantado viesse a viver dias de verdadeiro inferno. Quem nos governa já não sabe o que fazer. Mas soube mentir – sim MENTIR. Há um ano, quando os jornalistas lhes perguntavam o que iria ser de nós, alguns políticos tiveram o descaramento de afirmar que a crise já tinha passado. E ainda ela não tinha chegado verdadeiramente.

Sabemos que a conjuntura global está uma miséria. Os países europeus da zona euro andam ao tio-ao-tio (a Alemanha está a safar-se, o que se torna, sob uma certa perspectiva, preocupante), mas são os políticos que devem ser responsabilizados pela situação. Não souberam, não perceberam, ou não quiseram perceber, o que aí vinha, não foram claros com o povo que os elegeu e acabaram por transformar o país num pântano de onde até os mosquitos se preparam para emigrar. Eles que não culpem apenas a conjuntura: foram anos e anos de bela vida, de enormes compadrios e comadrios, com gente do PSD e do PS bem amanhada com cargos e benesses, empregos para amigos e amigos de amigos, até não poderem mais. A isto acrescente-se as viagens, os banquetes, as visitas e uma trupe de gente a viajar, a comer e a luxar à sua e à minha custa. E é isto que custa. E é isto que eu não aceito.

Distraídos crónicos...


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