sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Parem! Quero descer



Que o corte feito nos orçamentos das autarquias já começou a ter efeitos perniciosos nas actividades das associações culturais e desportivas dos concelhos, disso não temos dúvidas.
Os subsídios diminuiram, os apoios directos com funcionários e meios logísticos foram reduzidos e o país pode começar a atravessar, em termos de província, um deserto cultural, porque sem dinheiro não há forma de promover, com um mínimo de condições, as mais variadas iniciativas que envolvam grupos mais numerosos ou associações que, against all odds, ainda por aí vão remando. Também nem toda a gente pode ser o La Féria. (Ainda bem.)
Uma coisa é certa: as associações desportivas com menos meios correm o risco de fechar as suas portas, dezenas de crianças poderão deixar de praticar desporto, os agentes culturais (coros, bandas, orquestras, grupos folclóricos, grupos de teatro) deixarão de poder produzir e promover as suas iniciativas e, mais grave ainda, ficarão impedidos de divulgar o seu trabalho fora da sua zona de actuação. Mas há uma contrapartida que me deixa animado: sem concertos, representações teatrais, folclore e et cetera, vamos ficar com mais tempo para, no remanso do lar, ver os Morangos com Açúcar e aquela novela para atrasados mentais a que dão o nome de Floribella. Conheço várias maneiras de censurar a liberdade de expressão. A nossa História é nisso um portento. Este é realmente perverso… mas eficaz.
Tempos houve em que a trilogia dos Efes deu sossego aos políticos. O povo, embrutecido, ignorante e estupidificado, rezava o terço, ouvia fado e, aos Domingos à tarde, de ouvido colado ao degradante rádio de pilhas, gritava pela sua equipazinha favorita. Se repararmos, os Efes estão a voltar, para grande alegria dos actuais políticos. Governo e Oposições (ainda há?) batem cada vez mais na mona do Zé, mas o Zé (re)começa a pensar que tudo isto é, mais do que o destino, a vontade expressa de Deus. Há um Efe que nunca mudou, nem que mude o Governo todos os dias. Desse Éfe é que ninguém se livra. E alguns até parecem gostar.
Parem Portugal. Quero descer.

TPC de Língua Portuguesa sobre a TLEBS*



A Telebch

Eu gosto munto da Telebch. Se não foçem estas novas regras, eu nem sabia escrevere como deve sere.
A Telebch é munto útil por que açim sabemus espressar melhor as noças ideias. Por ezemplo: eu dantes não sabia o que era uma frikativa. Pensava que era uma posissão secsual. Mas não. É um modo de articolação das consuantes. Quem diria!? Mas do que eu mais gustei foi do preficsso mudificador. É mais intereçante que a derivassão regreçiva. Mas o meu culega Águsto prefere um composto murfulójico córdenado. Dis ele que o faz alembrar as férias em que participou numa fexta de natoristas, na praia dos Tumates.
Como me agradou a Paraçíntese!! E o verso aussiliar aspectoal?? Sem cunhesser extas coizas nunca teria sido capas de fasere um teixto açim, tam bem escrito. Obrigada Senhoura Menistra. Devirtasse no Carna Vale.


Viturina Dassilva

*Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

"Obviamente, demito-o!"

Passou por Montemor em 1958, em campanha para as presidenciais que viriam a revelar-se uma das maiores fraudes eleitorais de sempre. Um amigo meu fez-me uma cópia desta foto tirada ao General Humberto Delgado no então Largo de Serpa Pinto, em Montemor-o-Novo.
O Presidente do Conselho não gostou muito daquela ideia da demissão, caso Delgado vencesse as eleições.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Expliquem-me... se souberem!


Semi-laico?

Ainda não percebi se o Estado português é laico ou não. Não é que isso me dê muita preocupação, mas agora que querem proibir a atribuição de nomes de santos aos estabelecimentos de ensino, gostava de saber se é por causa desse pormenor ou se é por pura borreguice socialista.
A História de Portugal, como território europeu e como nação independente, está inserida num contexto cultural muito mais alargado que é o de toda uma Europa cristã, assim tornada após a saída dos árabes da Península Ibérica, com a conquista do Reino de Granada, em 1492. Até aqui, não dei novidades a ninguém. A religião cristã e, no caso da Europa ocidental, a religião Católica, esteve sempre na base da maioria das decisões políticas dos vários estados europeus que viam o rei como o detentor do poder que lhe fora atribuído por Deus. Logo, também por cá fomos culturalmente formatados por governantes assim iluminados que foram mandando umas bocas por aqui e por ali, segurando a espada com a mão direita e a Bíblia Sagrada com a esquerda, desbravando, matando, proibindo, permitindo, justificando, por vezes, com a fé o que era injustificável… Vamos agora ficar amuados com o D. Afonso Henriques, porque ele escreveu ao Papa Inocêncio II a prestar-lhe vassalagem e a pedir o reconhecimento formal do Condado Portucalense? Ah, o maroto do menino Afonso que começou mal esta coisinha chamada Portugal… Vamos ignorar que somos país, porque um Papa assim o reconheceu? Respondam vocês.
O nosso Estado nunca teve, portanto, uma origem laica. E, mesmo depois do 25 de Abril, e acalmados os ânimos anticlericais que grassaram estupidamente por essa altura, o Estado esteve sempre ligado à Igreja de Roma, porque uma tradição de 800 anos não se quebra com meia-dúzia de revoluções, uma com cravos outras sem.


Abaixo os Santos? Os Pintos? Os Sousas? Os Pinto de Sousa?

Será que os governantes de hoje não reconhecem a importância da Igreja Católica como colaboradora activa na estruturação das mentalidades do pessoal cá deste triste burgo? Custo a acreditar. Por isso, quando me dizem que o Governo português quer acabar com a atribuição de nomes de santos a escolas, recusei aceitar tal ideia estapafúrdia. No entanto, eles tem de se entreter com alguma coisa, nem que seja a escrever leis sem sentido.
Nesse caso, que sejam coerentes. Se não há nomes de santos para as escolas, também não o haverá para coisa nenhuma: nem para freguesias, nem para hospitais, nem para ruas, nem para largos, o que se revela como um perfeito atentado à Cultura do país, para além de um certo estreitamento intelectual. E, para serem definitivamente consentâneos e rigorosos, vão decerto cancelar os feriados que a Igreja Católica nos oferece: dia da Santa Mãe de Deus (1 de Janeiro), a Sexta-Feira da Paixão, o dia do Corpo de Deus, o dia da Assunção de Nossa Senhora (15 de Agosto), o dia de Todos os Santos (1 de Novembro), o dia da Imaculada Conceição, coroada Padroeira de Portugal por D. João IV (8 de Dezembro), e o dia de Natal.
Mais ainda: lá teremos de, por decreto governamental, rasgar todos os manuais de História, teses, artigos e estudos sobre Portugal, os portugueses, os Descobrimentos, a Evangelização. Vamos fingir que não existiram figuras como o padre António Vieira, São João de Deus, Santo António de Lisboa, a Rainha Santa Isabel ou D. Sebastião. Vão começar a figurar nos livros de História e nos compêndios de Literatura como o Vieirinha Pregador, o Joca Montemorense, o Tony Alfacinha, a tia Bé e o tio Bábá. Porque tudo não passou de um engano com séculos de duração. Santos? Mártires? Ná! Tudo um lapso! Tudo um embuste.

12 de Março de 2005

Não se pretende com este alinhavar de pensamentos ajuizar do peso positivo ou negativo destas nossas origens culturais e da influência da religião Católica em muitas das atitudes políticas dos nossos reis e de alguns presidentes. Isso ficará para depois. O que não consigo aceitar é que um Estado que se proclama laico, isto é, sem religião oficial, queira obrigar os cidadãos do seu país a negar séculos de História e de Cultura e a recusar-lhes o direito de dar largas à sua liberdade, inclusivamente à religiosa.
Depois de alguma reflexão, só me resta concluir, lamentavelmente, que a História de Portugal começou no dia 12 de Março de 2005, quando o actual governo tomou posse no palácio da Ajuda. Antes disso, tudo não passou de um conto de fadas.


Hipocrisia

Que contradição é esta que, num estado laico e socialista, permite que se continue a transmitir Missa de Domingo no canal estatal, ao mesmo tempo que se quer retirar das salas de aulas os crucifixos e suprimir do protocolo de Estado a presença dos representantes eclesiásticos? (Por que não alargar essa representação a outras igrejas e confissões?)
Um aluno meu que leve um crucifixo no fio, um quipá judaico na cabeça ou um véu muçulmano no rosto não aprende nem mais nem menos Inglês por causa disso. E tem todo o direito de manifestar os valores da sua fé. E não deve ter vergonha dos princípios em que acredita ou em que acreditam os seus pais ou o seu povo. O nosso problema e o problema do Estado, que nos tenta à viva força transformar em proletários marxistas, sem vontade própria, foi termos vivido durante largos anos aparentemente felizes e profundamente cinzentos sem a possibilidade de convivermos dentro de portas com pessoas diferentes, o que facilitou a caracterização imbecil que faziam de nós: um povo de brandos costumes. Hoje, tal como ontem, há o medo da diferença. E isso é sintoma de racismo e xenofobia por omissão, com um aroma a estalinismo mal disfarçado.
É preciso desviar outro Santa Maria, é preciso outro General Sem Medo vir receber um ramo de flores no Largo da minha cidade que tem o seu nome, é urgente outro 25 de Abril, agora feito com mais cuidado e sem maluquices de maior, é preciso um sinal que abane os surdos e os cegos que muitos colocaram a governar este acampamento.
O Estado precisa, pois, de ser reformado. Aproveitem, agora que andam com esta ciguêra de reformar tudo.


Afinal de contas…

…Por que motivos o Governo não recebeu em pé de igualdade Sua Santidade o Papa, Sumo Pontífice da Igreja Católica, e Sua Santidade o Dalai Lama, do Tibete? Teve medo da Vingança do Chinês?
…Como é que se aceita que o ex-governante António Guterres, laico e socialista como o padrinho Mário Soares, tivesse como confessor o Padre Vítor Melícias? Mas que raio de laicismo é este? Há, porventura, um estatuto que permite esta mistela de socialista laico católico praticante? Ou sou eu que já não estou a bater bem?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ler não mata*: Último Acto em Lisboa



Ler romances onde a acção se passa em locais conhecidos do leitor é, sem dúvida, fascinante. Nós lá andamos com as personagens, com o narrador, a subir e a descer as ruas, a frequentar os cafés e as esplanadas, a visitar este ou aquele espaço que o escritor achou por bem incluir como cenário da sua estória. Há escritores portugueses que assim fazem, o que é perfeitamente natural, o que nos leva a saborear o texto de uma forma mais… prática.
E se o leitor fizesse estas “viagens” dando cumprimento a um capricho de um escritor… britânico? Pois Robert Wilson escreveu um romance policial cuja acção se desenrola em diferentes épocas, em Berlim, em Lisboa e nas nossas Beiras. Apanhado no meio de uma arquitectura novelesca excepcional, o leitor é surpreendido a cada página não só com o desenrolar da acção, própria dos romances policiais, mas também com o rigor histórico e geográfico em que os acontecimentos se vão sucedendo página a página.
O Último Acto em Lisboa recria de forma admirável todo o envolvimento de Portugal salazarista na Segunda Guerra Mundial, com os fornecimentos de volfrâmio a Adolf Hitler, levando o leitor numa longa viagem pelos sentimentos dos protagonistas que, comprometidos politicamente com os diversos sistemas e regimes, acabam por sacrificar paixões e vontades, atitudes que conduzem a consequências imprevisíveis num Portugal do limiar do século XXI.
Alemanha e Portugal, Hitler e Oliveira Salazar, a II Guerra, o 25 de Abril, a Gestapo e a PIDE, os presos políticos, os métodos de tortura, os judeus e os comunistas, um general assassinado perto de Badajoz, todos desfilam a seu tempo mas perfeitamente encaixados na narrativa, neste magnífico trabalho de Robert Wilson, vencedor do prémio para o melhor romance policial de 1999.
A formidável reviravolta final, que deixa o leitor completamente rendido ao talento deste escritor, nascido em 1957 e que escreve os seus romances numa quinta isolada no nosso país, essa experiência vai você vivê-la. Entretanto, e enquanto não se decide pela obra integral, aqui fica um pequeno excerto:

“… As fachadas amarelas e o arco triunfal do Terreiro do Paço afastaram-nos do rio para o quadriculado da Baixa, entre as colinas do Castelo de S. Jorge e o Bairro Alto. A temperatura ia nos 30.º. Gordas e feias esculturas de bronze mandriavam na praça. O Morgan do advogado cortou pela Rua da Alfândega e virou à esquerda para a Rua da Madalena, que subia a pique antes de descer para a nova versão do Largo de Martim Moniz, com os seus quiosques de aço e vidro e as suas fontes em graça. Contornámos a praça, acelerámos pela ladeira da Rua de S. Lázaro, passámos o Hospital de S. José e entrámos no largo dominado pela fachada de pilares do Instituto de Medicina Legal. Deixámos o carro perto da estátua do Doutor Sousa Martins, em cujo plinto se amontoavam ex-votos de pedra, membros de cera e velas. O Dr. Oliveira já tinha arrumado o carro e descia a colina para o Instituto de Medicina Legal. Carlos tirou o casaco, revelando uma longa tira escura de camisa suada.(…)"


Wilson, Robert – Último Acto em Lisboa, Gradiva, 2000, 2.ª edição;
tradução de Maria Douglas


*Excepto se esse livro fizer parte do espólio da biblioteca de uma velha abadia, cenário de um dos mais famosos romances da segunda metade do séc. XX. Não posso deixar aqui o nome. Não seria justo para quem ainda não leu.

domingo, 20 de janeiro de 2008

O Princípio de Peter


Há mais de 10 anos, um amigo “obrigou-me” a ler um livro que tornou um pouco mais clara a minha percepção da nossa própria modernidade: O Princípio de Peter, escrito por Laurence Johnston Peter (1919–1990) e publicado em 1969.
Atribui-se ao autor a frase "In a hierarchy, every employee tends to rise to his level of incompetence” para explicar esse mesmo princípio:
Numa hierarquia, qualquer funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência.

Pode estar a desperdiçar-se um bom engenheiro.

Generosidade




"Bebo para que as outras pessoas fiquem interessantes."
Groucho Marx

sábado, 19 de janeiro de 2008

Saudades


Estou farto de sexo!



Na minha adolescência andava sempre fugido com as namoradas pelos vãos de escadas, em ruas mais solitárias, em curtições nervosas, com medo de sermos apanhados pelos pais, pelas mães, pelas avós que rezavam o terço e nunca cortavam o buço.
Hoje, em casa, com todos os actos reconhecidos pela Família de Ambos, pela Santa Madre Igreja e pelo Registo Civil, eu e a minha Epifânia andamos sempre a fugir dos nossos três filhos, que têm sempre algo importante para conversar connosco exactamente no momento em que não devem.
Quando, um dia, casados eles e solitários nós, ocuparmos descansadamente o nosso espaço, duvido que tenhamos genica para recuperar o tempo perdido.
Deprimente!

Mutatis mutandis

"It's okay if it happens to your finger. Yes, you can prick your finger, but don't finger your prick. No, no."

George Carlin (n. 1937)

Coerência


“Estes são os meus princípios. Se não gostarem, escolho outros”


Groucho Marx (1890 – 1977)

Oração do Libertário

"Senhor, torna-me casto, mas não ainda".

Santo Agostinho (354-430)

ASAE prende Cardeal Patriarca

Não é bom sinal começar esta porcaria de blogue com coisas roubadas, mas quem escreveu esqueceu-se de assinar. Acabou de aterrar na minha caixa de correio electrónico.

É a notícia do dia. A ASAE decidiu inspeccionar uma missa na Sé de Lisboa, para inspeccionar as condições de higiene dos recipientes onde é guardado o vinho e as hóstias usadas na celebração.

Depois de sugerir ao cardeal que se assegurasse que as hóstias têm um autocolante a informar a composição e se contêm transgénicos e que o vinho deveria ser guardado em garrafas devidamente seladas, os inspectores da ASAE acabaram por prender o cardeal, já depois da missa, depois de terem reparado que D. José Policarpo não procedia à higienização do seu anel após cada beijo de um crente.A ASAE decidiu encerrar a Sé até que a diocese de Lisboa apresente provas de que as hóstias e o vinho verificam as regras comunitárias de higiene e de embalagem, bem como de que da próxima vez que cardeal dê o anel beijar aos crentes procede à sua limpeza usando lenços de papel devidamente certificados, exigindo-se o recurso a lenços descartáveis semelhantes aos usados nos aviões ou nas marisqueiras, desde que o sabor a limão seja conseguido com ingredientes naturais.Sabe-se que a ASAE ainda inspeccionou a sacristia para se assegurar que D. José, um fumador incorrigível, não andou por ali a fumar um cigarro. Já que não constando nas listas dos espaços fechados da lei anti-tabaco, as igrejas não beneficiam dos favores dos casinos pois, tanto quanto se sabe, o inspector-geral da ASAE nunca lá foi apanhado a fumar uma cigarrilha.A ASAE pondera também a hipótese de a comunhão ter que ser dada com luvas higiénicas, para evitar possíveis pandemias.
(Desconhece-se a autoria deste texto divulgado em e-mail release a 16/01/08, mas a gerência agradece o envio)

Jesus Cristo cibernauta*



E Jesus enviou um e-mail a Pedro e a João, dois dos seus discípulos, dizendo: “Em verdade, em verdade vos digo, a nossa Ceia marcada para a próxima Quinta-feira fica adiada. Há um sacana de entre vós que mandou um SMS a um soldado romano e parece que os tipos agora andam de olho em mim. Façam forward deste texto para os outros todos, menos para o Judas. Eu depois explico. Estejam atentos à vossa caixa de correio electrónico para a marcação de um novo petisco.
Um abraço.
Jota Cê.


* Texto encontrado pelo autor do post nas catacumbas da antiga cidade de Nínive, inscrito numa tábua de argila em escrita cuneiforme, datada de cerca de 33 da nossa era. A foto foi tirada dias depois, no tal encontro que iria ser o último.

Cheguei

Não me apetece começar já a ler as vossas opiniões, por isso fico-me por aqui. Logo mais, verei o que posso fazer. Até.

Democracia gregoriana

Stephen King (1947- )

“É um facto que as pessoas criativas correm maiores riscos de alcoolismo e de dependência do que as pessoas com outras profissões; e depois? Quando vomitamos na sarjeta, somos todos muito parecidos uns com os outros.”

in Escrever – memórias de um ofício, Temas e Debates, Lisboa – 2001

Aulas de substituição

Ontem mesmo levei um saco-cama para a escola e coloquei-o na sala de professores, ao lado do cobertor da minha colega Almerinda, uma professora de Matemática de 25 aninhos e, por acaso, muito jeitosa. Vamos passar a noite a trabalhar, ali, quentinhos os dois. É que ela, depois de amanhã, vai substituir-me (sou professor de Alemão), porque vou ao médico e eu vou a ensinar-lhe a Passiva em Alemão e a obrigá-la a aprender as declinações dos adjectivos (a forte, a fraca e a mista). Ela, por seu turno, disponibilizou-se para me ensinar as equações de 3.º grau, que eu vou ter de explicar a uma turma dela, amanhã às 2 da tarde.
As nossas famílias já estão avisadas que vamos passar a noite juntos, correndo o risco de divórcio e de bocas mal-paradas nos corredores da nossa escola. Mas os brilhantes inventores das aulas de substituição têm razão: só não as dá está de má fé. E eu, pelo ensino, faço qualquer sacrifício.
Pois!

Distraídos crónicos...


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