A frase não é minha. Por isso é que está devidamente ‘asperizada’. Foi escrita por alguém (não me lembro quem) que pretende alertar os pais, e adultos em geral, para o facto de cada criança ser um universo que deve ser respeitado em todas as vertentes. E que o que serve para uns não serve para outros, e mánasêquê… Não concordo. E em vez de estar para aqui com grandes lérias, passo a contar o que aconteceu recentemente cá em casa:
“Domingo vamos TODOS almoçar a casa de um amigo”, anunciei democraticamente, num destes dias, a toda a família. “E vai ser prolongado, como eu gosto”. “Eu não posso”, disse-me o João Miguel. “Tenho de estudar História.” (Deves! - pensei) “Eu também não”, avançou o Pedro. “Tenho de ir ter com o Fabinho para jogarmos Pleisteixón”.(‘Tá bem, abelha!- resmordi) “E eu tenho o almoço de anos da Gabi”, concluiu a Joana. (P’ró ano - murmurei.)
Perante estas manifestações igualmente democráticas por parte da filharada, que eu amo e respeito, olhei para a mãe deles à procura de solidariedade, aclarei a garganta e esclareci: “Eu não PERGUNTEI se queriam ir almoçar à casa de um amigo. Eu ANUNCIEI que íamos TODOS almoçar à casa de um amigo. É substancialmente diferente.”
Os sorrisos amarelos sucederam-se. As bochechas descaíram, flácidas, contrariadas, e a minha fofa, sempre atenta às minhas diatribes, apologista da união familiar, principalmente à hora das refeições – que para ela é sagrada - , abanou a cabeça em sinal de desaprovação. E segredou-me: “Tens de ser mais tolerante, coitadinhas das crianças”.
Os filhos, na verdade, não precisam de manual de instruções. A gente vai-lhas dando aos poucos. As mulheres, sim. Em 10 volumes. E com actualização mensal.
2 comentários:
O manual ainda vá... vão-se tirando umas pelas outras. Agora não terem garantia e um serviço decente de pós-venda é que não se entende.
aos filhos, estou de acordo: " a gente vai-lhas dando aos poucos". quanto a nós... ainda tenho dúvidas :)...
abreijos,
vovó Maria
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