Nunca fui muito de manifestações, de braços no ar, de gritos, de palavras de ordem… Mas não me foi possível, nem aos restantes 99.999 professores, ficar em casa no Sábado, dia 8. Não barafustei muito, porque não é do meu feitio esse tipo de desabafos em público, mas estive lá, na Praça do Comércio, com a minha fofa (que até estava doentinha) e com uma amiga, essa sim, muito revolucionária e berlingueira, que não se calou nem um minuto, a viver agora o seu 25 de Abril.
De regresso a casa, vim a dar no pedal para chegar a tempo de ver os telejornais. Liguei as televisões todas, cada uma em seu canal, e fiquei completamente abismado com o facto de os titulares da pasta da Educação dizerem que os números não eram significativos e que o que importava era a aplicação da lei e não a discussão de alternativas. Fiquei estúpido.
Quando a Prof.ª Maria de Lurdes Rodrigues verificar que é humanamente impossível pôr em funcionamento o que nos pede, então talvez dê razão a quem, nas escolas, sabe as linhas com que isto se cose. Quando o ministério chegar à conclusão que passaremos a formar crianças com conhecimentos cada vez mais periclitantes, e que nos estão a obrigar a dar mais importância aos números (aqui, sim, os números são significativos para a Prof.ª Maria de Lurdes), esquecendo o ensino de matérias propriamente dito, então talvez já tenhamos dado à luz a primeira geração de analfabetos com a escolaridade obrigatória e, aí, talvez seja tarde para recuar.
Ainda assim, nunca deixei de estar a favor da Prof.ª Maria de Lurdes Rodrigues no que se refere a um ponto que é, para mim, importante. Em 33 anos de democracia e de reformas, conseguiu a senhora Professora o que nunca nenhum político ou sindicalista tinham conseguido antes: unir os professores e conceder-lhes o estatuto de classe profissional.
Já o senhor Rangel, numa sua crónica publicada no Correio da Manhã do dia 8, refere a vergonha que sente “destes pseudoprofessores que trabalham pouco, ensinam menos, não aceitam avaliações e [se] transformaram em soldados do Partido Comunista”. Eu também sinto vergonha, mas é de o senhor Rangel ser Português como eu. Cá para mim, com tantos elogios ao Governo e tanto ódio aos professores, deve estar à espera de algum tacho.
O Rangel é um habilidoso!
O Rangel veste-se mal!
O Rangel usa ceroulas de malha!
Se o Rangel é Português eu quero ser Espanhol!
O Rangel é Emídio. Pim!
Era uma vez um ministro chamado Carlos Borrego que, em 1993, foi substituído de uma hora para a outra depois de ter contado uma anedota sobre a morte de doentes hemodializados que tinham falecido, no hospital de Évora, havia pouco tempo. Bastou uma anedota para que fosse rapidamente despachado. De muito mau gosto, é certo. Mas era apenas uma anedota
1 comentário:
Meu Amigo!
o que uma Maria de Lurdes Rodrigues pode conseguir das pessoas !!!...
bom vê-lo regressar aos "posts" :)!
força aí!
abreijos,
vovó Maria
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