sábado, 3 de maio de 2008

Stop


Que o corte feito nos orçamentos das autarquias está a ter efeitos perniciosos nas actividades das associações culturais e desportivas dos concelhos, disso não temos dúvidas.
Os subsídios estão a diminuir, os apoios directos com funcionários e meios logísticos estão a ser reduzidos e o país vai começar a atravessar, em termos de província, um deserto cultural, porque sem dinheiro não há forma de promover, com um mínimo de condições, as mais variadas iniciativas que envolvam grupos mais numerosos ou associações que, against all odds, ainda por aí vão remando.
Uma coisa é certa: as associações desportivas com menos meios correm o risco de fechar as suas portas, dezenas de crianças poderão deixar de praticar desporto, os agentes culturais (coros, bandas, orquestras, grupos folclóricos, grupos de teatro) deixarão de poder produzir e promover as suas iniciativas e, mais grave ainda, ficarão impedidos de divulgar o seu trabalho fora da sua zona de actuação. Mas há uma contrapartida que me deixa animado: sem concertos, representações teatrais, folclore e et cetera, vamos ficar com mais tempo para, no remanso do lar, ver os Morangos com Açúcar, as repetições da Floribella no Canal Disney ou ler nas revistas para atrasados as aventuras da Brigada do Croquete, vulgo jet set de pacotilha, liderada pela inefável Caneças. Conheço várias maneiras de censurar a liberdade de expressão. A nossa História é nisso um portento. Este é realmente perverso… mas eficaz.
Tempos houve em que a trilogia dos Efes deu sossego aos políticos. O povo, embrutecido, ignorante e estupidificado, rezava o terço, ouvia fado e, aos Domingos à tarde, de ouvido colado ao degradante rádio de pilhas, gritava pela sua equipazinha favorita. Se repararmos, os Efes voltaram, para grande alegria dos actuais políticos. Já há pastores a caminhos dos altares, Nuno da Câmara Pereira continua ao nível a que nos habituou e o meu vizinho Manecas chora lágrimas sentidas quando lhe elogio o Benfica antes de lhe pedir dinheiro emprestado. Governo e Oposições (ainda há?) batem cada vez mais na mona do Zé, mas o Zé (re)começa a pensar que tudo isto é, mais do que o destino, a vontade expressa de Deus.
Parem Portugal. Quero descer.

10 comentários:

Anónimo disse...

Deixe estar, que quando houver eleições, o pessoal esquece todas estas desgraças e repete a dose! e ainda há mais: quem não vota "neles", paga por tabela...
bom fim de semana :)!...
abreijos
vobó Maria

Cloreto de Sódio disse...

Ainda não perdi totalmente a confiança neste país, mas sinto cada vez mais que as manifestações avenida abaixo, os grandes concertos de Abril e outras iniciativas democráticas começam a ser, tão somente, para "recordar" outros tempos... os da esperança. Porque quem manda manda mal, o povo começou a agarrar-se a outros fetiches que o mantenham vivo. A Igreja Católica agradece e o Nuno da Câmara Pereira também. E o futebol, então, nem se fala. Gostava de estar profundamente enganado. Mas sei que não estou. Bom fim-de-semana.

samuel disse...

Tivesse eu ainda as "pernas" que já tive e descia mesmo em andamento.
Se arrependimento matasse...

Anónimo disse...

não está não. infelizmente!!!!

continuação de abreijos....
vovó Maria

Anónimo disse...

A mim só mesmo um Efe me acalma a "cachimónia": A Foda! Mas com esse "Efe" não ponho cá ligação nenhuma ao governo, porque era o que mais me faltava estar no ronhónhó com a minha Maria e "vir-me" o Sócras atazanar-me a marmita. Lá-se ia a pujança, ia-se o Efe e vinha a dor de cabeça, a má disposição. Raios! Até vinha o Éme, ou Pê se preferirem, e acabava-se o Êfe.

Cá por mim, venha mais uma dose de bitoque se faz favor porque não me apetece nenhum dos outros pratos. Se calhar o problema é de quem come e não de quem cozinha. Digo eu... que sou meio embrutecido, talvez ignorante mas pouco estupidificado.

kalikera disse...

E precisas de ajuda para quê, pá? Estás perfeito, pá.
A malta às vezes não dança mas está lá atrás, sossegada numa cadeira, a tangar ou a valsar ou a punkar que nem uma doida. Não, não estou triste, vocês não têm é andamento, pás.
Um abraço.
Venha uma Maria também pra mim faxavor.

Cloreto de Sódio disse...

Um bitoque também não calha mal, não senhor. Embrutecido? Ignorante? Não me parece. Povo. Genuíno e natural, isso sim. Volte sempre.

francisco tátá disse...

O texto não comento, pois já estou habituado não só à excelencia da prosa, como à actualidade. Dá gosto lêr.
Mas não posso ficar insensivel à foto que o ilustra: Soberbo
Obrigado Dr pelo momento
Tátá

Cloreto de Sódio disse...

Navegar continua a ser preciso. Mas estou a achar a malta com falta de pedalada. São Efes que actuam como morfina. Um abraço caro Amigo!
PS: Também faço as minhas viagens pelo AL TEJO e sei que por lá não se dorme! Força!

kalikera disse...

Ainda temos a hipótese Ortelão (acho que era sem h): Arranjar um cabeço, um cão estúpido como o dono, arame farpado e uma calçadeira de canos serrados para calçar os mais afoitos.
E os intermediários.

Distraídos crónicos...


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