Uma gaivota chamada Otelo Saraiva de Carvalho, capitão de Abril e figura central dessa mítica e imprescindível Revolução de 1974, e esse mérito ninguém lho pode tirar, lembrou-se de sacudir o pó da farda de coronel e mandar umas bocas à boa maneira das FP-25. Disse ele, para quem quis ouvir, que quando são "ultrapassados os limites", os militares devem derrubar o governo. Um golpe militar seria, portanto, a resposta à actual situação do país e não manifestações como a do passado dia 12.
Otelo esqueceu-se de um pormenor que faz toda a diferença. A troca de poderes não se poderá fazer agora no Quartel do Carmo, como em 1974. As tropas não poderão marchar sobre Lisboa e dominar os pontos estratégicos da cidade nem ocupar os estúdios das televisões e das rádios da capital. Otelo e os seus 800 homens (pelo menos, foi o número que o senhor atirou) lá teriam de ir de chaimite, atravessando os Pirenéus (qual Aníbal com os seus elefantes) em direcção à Europa Central, mais concretamente à poderosa Alemanha, para, em Berlim, engaiolar a senhora Merkel no Reichstag e, aí, sim, mandar uns tiros intimidatórios para forçar a senhora a entregar o poder ao povo.
Há, contudo, outro pormenor que escapou ao antigo capitão esclarecido, agora coronel com as hormonas revolucionárias estranhamente aos saltos: em Berlim, que se saiba, não há praças de touros à sua disposição.
2 comentários:
Pois, não... mas se houvesse!
Eu adoro os Pirinéus! Adorava voltar a passear pelos Pirinéus! Adorava viver numa cabaninha nos Pirinéus! Será que se eu sair da reserva territorial e me oferecer para ir nos chaimites, ele me leva à revolução em Berlim? Por acaso também gostava de ter um chaimite...
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