A
demissão de Bento XVI
foi o sinal mais visível da crise de identidade que leva a Igreja Católica a
viver agora a fase mais conturbada da sua existência na era moderna. Quem
conhece a história da Igreja e, em particular, as lutas pelo poder Temporal,
protagonizadas por Papas e candidatos a Papa, não encontra motivos para grande
admiração. Lutas pelo poder, golpes palacianos, escândalos, quantos deles
estrategicamente abafados, sempre os houve. Afinal, os misteriosos habitantes
do Vaticano são homens, ainda que escondam os seus defeitos, perfeitamente
humanos, sob a batina cardinalícia, outrora uma protecção e um sinal de
intocabilidade, atrevo-me a escrever, de uma quase santidade antecipada.
Nos dias que correm, e à imagem do que
aconteceu quando a Europa se cobria tragicamente com as trevas da Idade Média, e
trazidos à luz do dia os escândalos que envolvem membros do clero católico, os
defensores da Igreja de Roma preparam-se agora para manifestar a sua fidelidade
ao próximo descendente de São Pedro. E, quanto mais telhas de vidro aquele
tiver, e, consequentemente, mais difícil for a sua defesa diante dos seus pares
e, sobretudo, perante o mundo dos comuns mortais, mais forte será a união entre
aqueles que querem continuar a pertencer à força religiosa, aquela que continua
a ser política e socialmente mais influente na Europa dos nossos dias.
Uma coisa é certa: depois da demissão
histórica de Joseph Ratzinger, atitude inesperada (ou talvez não), cujos
contornos não são, de todo, visíveis, vai ser tão difícil ser Papa reinante,
como servo obediente. Por isso, boa sorte, espírito aberto e coragem, Papa
Francisco, para fazer da sua Igreja um exemplo incontornável de transparência e
de tolerância!
2 comentários:
diziam os misticos que seria o último Papa da igreja, pelos vistos o misticismo não adivinha nada, mas as religiões continuam a comandar o mundo, pode mudar o Papa, mas a Igreja Católica não mudará mesmo, eles são demasiado poderosos para quererem fazê-lo.
No entanto as pessoas cada vez mais se agarram a qualquer coisa para sobreviver e acreditam mesmo que o Céu é o limite, claro que as igrejas sabem disso e o negócio está garantido...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e quem não acompanha definha!
Pode ser que o novo Papa consiga pôr a igreja a para da sociedade atual. Vai ser dificil.
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