Eu e o Facebook - Parte 1
Escrevi um pequeno texto no meu mural do Facebook que aqui reproduzo: "Se queres ser amado em Montemor... sê
tradicional, alinhado, não te atrevas a pensar pela tua cabeça, manifesta,
sempre que possível, o teu temor à Igreja, ao Poder Político e ao Patrão. E nem
penses em ser livre no pensamento e nas atitudes. Quer sejas adolescente ou
adulto. Isso é crime e ficas condenado ao Inferno em vida pelos bem comportados
do regime, hipócritas e poças de vómito sem fundo. Estou-me a marimbar para
eles, venham de onde vierem, e sei que os meus Amigos e as minhas Amigas
também! Siga a luta!! "
O texto gerou alguma troca de ideias, o que me
levou a reproduzi-lo aqui, sem retirar uma vírgula ao que escrevi, neste
espaço, lido por pessoas de faixas etárias diversas e que pouco ligam aos facebooks. Montemor, e a grande maioria
das terras pequenas do interior, foram (e serão, se o quisermos) sempre assim.
Habituados antes a não sermos livres, muitos de nós continuaram e continuam
ainda, de forma endémica, a curvar a coluna a muitos poderes. A uns porque
deles depende o pão para mesa, a outros porque sentimos a necessidade de agradar,
venerandos, atentos e obrigados, muitas vezes a quem não merece a mínima
credibilidade.
Montemor foi sempre uma terra de doutores e
engenheiros, de vénias e de favores que se pagam com outros favores. É persona non grata quem se droga, quem usa piercings, quem usa tatuagens, quem está
até muito tarde sem arranjar namorado ou namorada, quem arranja namorado ou
namorada cedo de mais, quem assume a sua sexualidade contrária às “normas
vigentes”, quem…, quem…, quem…
Mas, ainda assim, é a minha terra e não a trocaria por nenhuma outra.
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Este pequeno parágrafo experimental, que criou na
minha fofa problemas de falta de ar e de taquicardia, serviu para muito pessoal
dizer de sua justiça, uns a favor, outros contra, alguns ligeiramente
desagradáveis, só porque não lhes era um post
a jeito.
Entendo que qualquer cidadão é livre de exigir
mudanças, melhorias, alternativas. Montemor tem tido esse “problema” desde há
muito. Parece “pecado” pedir mais. Mas não se preocupem os mais preocupados,
que esta minha pré-campanha era apenas uma forma de mostrar que qualquer um
PODE e DEVE assumir as funções que julga ter capacidade (o que não é o meu
caso, reconheço) para assumir e traçar planos para que os poderes se alternem
de forma democrática e serena. Querer a mudança, fazer oposição, reclamar,
criticar as políticas do PC, do PS, do PSD julgo que não é crime, e foi para
termos essa liberdade que muitos democratas caíram sob as garras de Salazar, de
Hitler, de Estaline ou de qualquer outro ditador, se ousassem contrariar a sua
política, exercida sempre e bem da nação ou em nome do povo. Alguns ficaram
contentes com a ideia de me ver na presidência, outros amuaram só de pensar na
ideia, mas a democracia é isso mesmo. Uns gostam, outros não. E têm o direito
de manifestá-lo.
Mas foi inútil tanta polémica. (Terá sido?) Eu
escrevo e ensino literatura. Estudo e ensino música. Estudo e ensino línguas na
Escola Secundária. Não faço política e muito menos político-partidária. E a
candidatar-me seria como independente de qualquer partido ou ideologia
política. Não consigo suportar seguidismos e obediências a partidos políticos,
anulando o meu querer e a minha vontade própria.
Montemor e os seus habitantes já deveriam ter-se
habituado a não viver o dia-a-dia à espera que a morte venha e que os seus
dias, bons ou maus, sejam decretados por forças superiores e intocáveis. Temos o
direito de dizer o que sentimos. Temos até o direito de nos candidatarmos a
cargos públicos.
Eu sou um cidadão livre, apartidário, sempre o fui
e sempre o serei. Quero o melhor para o meu concelho, para os meus filhos e
para os filhos dos meus conterrâneos. Todos nós o queremos. Todos nós temos o
direito e o dever de, de uma forma ou de outra, dar uma ajuda nesse sentido.
Montemor é nosso, dos montemorenses e dos que tiveram a inteligência de
escolher esta terra como sua. A ditadura partidária já não se usa numa gestão
moderna seja do que for. Que venha alguém sem vícios, de qualquer quadrante
político, e com tudo no sítio, matar este ramerrame que nos consome a todos.
Mas que não estrague todo o bom trabalho feito ao longo destes anos pelos
executivos de Carlos Pinto de Sá e anteriores. Isso seria estupidez e um
suicídio político (e social).
E dou por terminada aqui a minha fictícia
candidatura a Presidente do Município de Montemor-o-Novo. Um abraço a todos os
meus amigos de todos os partidos e de todos os não-partidos.
Vamos continuando em contacto, pessoalmente, através deste jornal ou através
daquela coisa fantástica chamada Facebook!
3 comentários:
Politica é sempre um assunto que dá que falar :)
Até as rosas têm espinhos, tantos quantas as línguas afiadas do mundo político-partidário, centre-se ele nesta terra que merecia mais do que tem, quer no país inteiro. Na minha opinião acho que farias um trabalho tão bom como o Dr. Carlos Pinto de Sá - que considero ter deixado obra feita e, futuramente, saudade de mais obra.
O "diz que disse..." do povo comum, como nós, não chega por vezes a ser um desabafo, mas sim a tal vénia que referes. Nunca te esqueces de algo que é comum a todos os Portugueses, sem excepção: é um Povo doutorado em todas as questões, possíveis e imaginárias, não há nenhuma sobre a qual não tenha um enorme à vontade para discutir.
Então, João? Criticaram-te no feissebuque, foi? Deixa lá!
Tens toda a razão quando dizes que não se pode pensar "sozinho" e que não se pode agir como se quer...
Mas ninguém pensa que se pensarmos e agirmos de forma igual somos todos uns aborrecidinhos?...
Enfim... É um mal que aqui também assiste...
Sofia, a oitava leitora
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