sábado, 22 de junho de 2013

Eu e o Facebook



 
 
Eu e o Facebook - Parte 1
         
           Escrevi um pequeno texto no meu mural do Facebook que aqui reproduzo: "Se queres ser amado em Montemor... sê tradicional, alinhado, não te atrevas a pensar pela tua cabeça, manifesta, sempre que possível, o teu temor à Igreja, ao Poder Político e ao Patrão. E nem penses em ser livre no pensamento e nas atitudes. Quer sejas adolescente ou adulto. Isso é crime e ficas condenado ao Inferno em vida pelos bem comportados do regime, hipócritas e poças de vómito sem fundo. Estou-me a marimbar para eles, venham de onde vierem, e sei que os meus Amigos e as minhas Amigas também! Siga a luta!! "

O texto gerou alguma troca de ideias, o que me levou a reproduzi-lo aqui, sem retirar uma vírgula ao que escrevi, neste espaço, lido por pessoas de faixas etárias diversas e que pouco ligam aos facebooks. Montemor, e a grande maioria das terras pequenas do interior, foram (e serão, se o quisermos) sempre assim. Habituados antes a não sermos livres, muitos de nós continuaram e continuam ainda, de forma endémica, a curvar a coluna a muitos poderes. A uns porque deles depende o pão para mesa, a outros porque sentimos a necessidade de agradar, venerandos, atentos e obrigados, muitas vezes a quem não merece a mínima credibilidade.

Montemor foi sempre uma terra de doutores e engenheiros, de vénias e de favores que se pagam com outros favores. É persona non grata quem se droga, quem usa piercings, quem usa tatuagens, quem está até muito tarde sem arranjar namorado ou namorada, quem arranja namorado ou namorada cedo de mais, quem assume a sua sexualidade contrária às “normas vigentes”, quem…, quem…, quem…

Mas, ainda assim, é a minha terra e não a trocaria por nenhuma outra.

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 Eu e o Facebook-Parte 2
           Também no Face publiquei uma pequena brincadeira que deu igualmente alguma conversa por aí. Escrevi assim: "Gosto do Olímpio Galvão, gosto da Hortênsia Menino, gosto da Maria de Lurdes Vacas de Carvalho, mas gosto muito mais de mim. Por isso, estou a pensar candidatar-me a PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MONTEMOR-O-NOVO. Quem quiser votar vota, quem não quiser não vota. Obrigado."

Este pequeno parágrafo experimental, que criou na minha fofa problemas de falta de ar e de taquicardia, serviu para muito pessoal dizer de sua justiça, uns a favor, outros contra, alguns ligeiramente desagradáveis, só porque não lhes era um post a jeito.

            Entendo que qualquer cidadão é livre de exigir mudanças, melhorias, alternativas. Montemor tem tido esse “problema” desde há muito. Parece “pecado” pedir mais. Mas não se preocupem os mais preocupados, que esta minha pré-campanha era apenas uma forma de mostrar que qualquer um PODE e DEVE assumir as funções que julga ter capacidade (o que não é o meu caso, reconheço) para assumir e traçar planos para que os poderes se alternem de forma democrática e serena. Querer a mudança, fazer oposição, reclamar, criticar as políticas do PC, do PS, do PSD julgo que não é crime, e foi para termos essa liberdade que muitos democratas caíram sob as garras de Salazar, de Hitler, de Estaline ou de qualquer outro ditador, se ousassem contrariar a sua política, exercida sempre e bem da nação ou em nome do povo. Alguns ficaram contentes com a ideia de me ver na presidência, outros amuaram só de pensar na ideia, mas a democracia é isso mesmo. Uns gostam, outros não. E têm o direito de manifestá-lo.

Mas foi inútil tanta polémica. (Terá sido?) Eu escrevo e ensino literatura. Estudo e ensino música. Estudo e ensino línguas na Escola Secundária. Não faço política e muito menos político-partidária. E a candidatar-me seria como independente de qualquer partido ou ideologia política. Não consigo suportar seguidismos e obediências a partidos políticos, anulando o meu querer e a minha vontade própria.

Montemor e os seus habitantes já deveriam ter-se habituado a não viver o dia-a-dia à espera que a morte venha e que os seus dias, bons ou maus, sejam decretados por forças superiores e intocáveis. Temos o direito de dizer o que sentimos. Temos até o direito de nos candidatarmos a cargos públicos.  

Eu sou um cidadão livre, apartidário, sempre o fui e sempre o serei. Quero o melhor para o meu concelho, para os meus filhos e para os filhos dos meus conterrâneos. Todos nós o queremos. Todos nós temos o direito e o dever de, de uma forma ou de outra, dar uma ajuda nesse sentido. Montemor é nosso, dos montemorenses e dos que tiveram a inteligência de escolher esta terra como sua. A ditadura partidária já não se usa numa gestão moderna seja do que for. Que venha alguém sem vícios, de qualquer quadrante político, e com tudo no sítio, matar este ramerrame que nos consome a todos. Mas que não estrague todo o bom trabalho feito ao longo destes anos pelos executivos de Carlos Pinto de Sá e anteriores. Isso seria estupidez e um suicídio político (e social).

E dou por terminada aqui a minha fictícia candidatura a Presidente do Município de Montemor-o-Novo. Um abraço a todos os meus amigos de todos os partidos e de todos os não-partidos. Vamos continuando em contacto, pessoalmente, através deste jornal ou através daquela coisa fantástica chamada Facebook!

 Nota final: se Carlos Pinto de Sá se apresentou em Évora como alternativa à gestão socialista de José Ernesto de Oliveira, Olímpio Galvão e Lurdes Vacas de Carvalho podem, muito legitimamente, apresentar-se em Montemor, como alternativas à actual gestão CDU. E eu também, se quisesse.

3 comentários:

c disse...

Politica é sempre um assunto que dá que falar :)

Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novo disse...

Até as rosas têm espinhos, tantos quantas as línguas afiadas do mundo político-partidário, centre-se ele nesta terra que merecia mais do que tem, quer no país inteiro. Na minha opinião acho que farias um trabalho tão bom como o Dr. Carlos Pinto de Sá - que considero ter deixado obra feita e, futuramente, saudade de mais obra.
O "diz que disse..." do povo comum, como nós, não chega por vezes a ser um desabafo, mas sim a tal vénia que referes. Nunca te esqueces de algo que é comum a todos os Portugueses, sem excepção: é um Povo doutorado em todas as questões, possíveis e imaginárias, não há nenhuma sobre a qual não tenha um enorme à vontade para discutir.

Anónimo disse...

Então, João? Criticaram-te no feissebuque, foi? Deixa lá!
Tens toda a razão quando dizes que não se pode pensar "sozinho" e que não se pode agir como se quer...
Mas ninguém pensa que se pensarmos e agirmos de forma igual somos todos uns aborrecidinhos?...
Enfim... É um mal que aqui também assiste...

Sofia, a oitava leitora

Distraídos crónicos...


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