domingo, 17 de setembro de 2017

Seattle


O Planeta está cada vez mais revoltado com os maus tratos que os homens lhe têm infligido ao longo de décadas. Os abalos sísmicos, as chuvas torrenciais, os furacões, os incêndios, os tsunamis, a seca prolongada, a fome, a morte... são as manifestações e as reacções naturais deste grande território, cada vez mais doente, devido a um contínuo desleixo, a um gritante desrespeito e a uma ganância sem limites com que temos habitado o nosso mundo.
Há muito tempo que as organizações ecologistas nos têm vindo a alertar para estas questões e para os dramas que hoje vivemos em grande parte do Planeta. Donald Trump é a imagem cinzenta e o símbolo triste desse desinteresse arrogante pelo bem estar de todos nós, num contraste espantoso com o testemunho do Chefe Seattle, dos índios Suquamish, do Estado de Washington, enviado numa carta ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pearce, em 1855: “Tudo o que fere a terra, fere também os filhos da terra. (...) Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco (...) continua a sujar a sua própria cama e há-de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejectos.


In "O Montemorense", de Setembro de 2017

1 comentário:

catarro disse...

Dando sequência a uma conversa que tive ontem mesmo, creio que há uma reflexão fundamental e incontornável: como se compatibiliza a voracidade de um sistema em que o consumo não se destina à satisfação real das necessidades humanas, mas antes à mera multiplicação do capital? O historiador Tony Judt (recente e prematuramente falecido), escreveu uma obra que foi traduzida para português com o título sugestivo "Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos". Judt foi um intelectual brilhante, que alimentou a chamada "terceira via" (que teve em Tony Blair um dos seus emblemas mais conhecidos mas que se multiplicou na social-democracia europeia). No fundo tratava-se de recuperar (questão sobremaneira actual após a queda do bloco de leste), a teoria da fusão dos sistemas, que abreviadamente se resumiria a uma ideia de quadratura do círculo - um capitalismo na produção e um socialismo na distribuição. Judt, nessa sua obra e porque era de facto brilhante, reconhece o falhanço em toda a linha dessa tese miraculosa. A alienação desta "sociedade aberta", vai-nos mantendo contentinhos. A um ponto tal que até imaginamos que é possível utilizar recursos naturais para o "pugresso" blá, blá, blá e depois também para o que faz falta (solos para cultivar, água para beber, etc.) Veremos até quando.

Distraídos crónicos...


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