Achei brilhante o golpe palaciano de P. Portas no
início de Julho. Achei inacreditável como P. Coelho cedeu a esta chantagem. Só
falta saber que palavras lhe disse Portas para que ele tivesse quebrado com aquela
aparente facilidade. Ou também podemos pôr a questão ao contrário: o que terá
dito Passos a Portas para o levar a mudar de ideias, depois daquele irrevogável pedido de demissão? Terão os
submarinos, tema ainda por esclarecer, vindo à superfície num ponto ou outro da
discussão?
O país está um verdadeiro caos político e social. De
tal forma sentimos as instituições, os nossos direitos e a constituição
desrespeitados, que esperamos todos os dias por um D. Sebastião que salve o
país e nos traga alguma paz e sossego. Mas precisaria de pôr o seu corcel
branco a galope. Caso contrário será tarde demais. Renovou-se o mito do
Encoberto e do Quinto Império que Fernando Pessoa tão febrilmente reinventou na
sua Mensagem. Mas tudo o que se passa
agora neste país de gente ilustre ultrapassa a literatura e a mística pessoana. Na
verdade, e analisadas as situações já vividas, noutros tempos, por Portugal e
por outros países europeus – Alemanha, Itália, Espanha – estão criadas as
condições necessárias para o regresso de uma ditadura.
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