Não sei como começar a escrever aquilo que me vai na
cabeça. Porque os últimos dias têm sido alucinantes, com abanões constantes,
declarações surpreendentes que mais não passaram de insultos à inteligência e ao
esforço de muitos portugueses. Olhem, não sabendo como começar, vou começar
assim:
Iznogoud é uma famosa personagem da banda
desenhada belga. É um Grão-Vizir que procura por todos os meios ser Califa em
vez do Califa. Não foi inspirado em Paulo Portas, porque quando a personagem
foi criada, em 1962, Portas tinha acabado de nascer, era pequenino e René
Goscinny e Jean Tabary não faziam ideia quem era aquele futuro político,
brilhante, manhoso, maquiavélico e combativo. Mas poderiam ter sacado dele
alguma inspiração. Tal como o boneco de traço francês, também Portas tem vindo,
aos poucos, conquistado terreno para, mais tarde ou mais cedo, vir a ser primeiro-ministro
em vez do primeiro-ministro.
Provavelmente, quando estiverem a ler este pequeno
texto, já Paulo Iznogoud Portas conseguiu cumprir o seu desiderato: ser primeiro-ministro
após a demissão voluntária de Passos Coelho.
O Presidente da República decidiu, então, manter, não
um casamento a dois, mas uma união a três, cada qual mais casmurro, teimoso do
que outro, todos eles crispados, birrentos, sem futuro conjunto, adiando teimosamente
o inadiável. O Partido Socialista, o Partido Social Democrata e o Centro
Democrático Social nunca se entenderam em quase 40 anos de democracia. Não é
agora que vão entender-se. A História recente do nosso país foi isso que nos
ensinou. Só um anjinho poderia acreditar nessa tão remota possibilidade.
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