domingo, 16 de setembro de 2018

De regresso - parte II


 Fora dos muros da Feira, no mundo real, no quotidiano dos impostos, dos aumentos, das greves, dos incêndios, dos acidentes, dos assassinatos, dos políticos, do Robles, das dores de cabeça do Papa Francisco, das roubalheiras à grande e à fartazana... está tudo na mesminha.
A cidade continua a precisar de um maior cuidado, de constantes arranjos, de limpeza, para se apresentar aos de fora e aos de dentro, com brio, tradição e elegância; a questão relacionada com a recuperação e manutenção do Castelo, nosso ex-libris e protagonista de algumas notícias e comunicados num breve período antes das férias, não sabemos bem em que pé vai ficar. Na reunião de Câmara do passado 5 de Setembro, foi decidido “rejeitar as transferências de competências do Estado para o Município no ano de 2019, com os votos favoráveis dos eleitos da CDU e os votos contra dos vereadores do PS.” O Estado transferia as responsabilidades mas não transferia dinheiro. Por isso, nada a fazer. E agora? Sem dinheiros dos cofres centrais e sem provimento disponível nos cofres da Câmara, o que vai acontecer? Haverá a possibilidade de uma convenção entre o Estado e a Autarquia de Montemor para resolver o problema? Não? Então, os eleitos vão ficar todos de braços cruzados, à espera que o Castelo caia? Os munícipes estão preocupados e necessitam que seja urgentemente apresentada uma solução. É um direito seu, que nenhum poder político pode desprezar.
E lá vamos escrever outra vez sobre o muro do Jardim Público, cujas obras estão anunciadas para Setembro/Outubro. Se eu tivesse uma idade ainda imberbe, crente nas palavras e nas boas intenções de quem nos governa, até era capaz de começar a dormir mais descansado. Mas começamos a estar estafados de tanta parra e tão pouca uva. Só acredito que o problema vai ser solucionado quando as obras estiverem prontas.
O Almansor continua a correr, fininho, triste e poluído, sem futuro e cada vez mais desligado da cidade. A Fofa propôs-me, há pouco tempo, um passeiozinho de caiaque, rio abaixo, desde a Ponte de Évora até ao Pego do Poço de Cima, onde poderíamos, depois, tomar um banho refrescante à moda de Adão e Eva. Deixei-a viver feliz aqueles momentos de imaginação para, depois, um bocadinho à bruta, lhe atirar para cima do pechiché algumas das fotos mais recentes do Almansor, que a fizeram logo ficar tristinha e inconsolável. “O Rio está morto”, exclamou, entre dois pequenos soluços.
Na verdade, a ausência de uma atitude por parte dos responsáveis vai acentuar cada vez mais a imagem negativa que entra pelos olhos dentro de quem passa pela Ponte de Alcácer, em direcção à cidade. E o que vê o viajante quando olha para o Pego do Poço ou em direcção da Ponte de Ferro? Desleixo, desinteresse e falta de respeito pelo meio ambiente.  Uma tortura para o olhar, em suma.
E já que estamos em maré de início de ano lectivo, deixo aqui os votos de um bom ano de trabalho para todos os meus colegas e para todos os meus alunos, com muito profissionalismo e dedicação e, tendo em conta a Reforma que já chegou, pleno de criatividade e... de paciência. (E depois, ainda temos a questão do muro do Jardim Público.)“Se te móis... é pior!”, segredou-me a Fofa numa destas noites, depois de termos visto cinco episódios do Dexter. Antes de poder ouvir a minha resposta, virou-se para o outro lado e adormeceu. Penso que com um sorriso nos lábios.

João Luís Nabo
In "O Montemorense", Setembro 2018

3 comentários:

Anónimo disse...

A nossa cidade, infelizmente, está numa espiral decrescente e estamos e vamos continuar a perder para cidades como Évora que atualmente apresentam um rejuvenescimento estrondoso e uma curva crescente em termos de turismo, cultura e gestão! Em Montemor vemos o oposto disso! A cultura na nossa cidade já não é o que era! O nosso ex presidente, Carlos Pinto de Sá agora presidente do município de Évora, jamais permitiria que certas coisas acontecessem! O problema é que Montemor não tem um lider, um gestor de pessoas, uma equipa suficientemente sólida para manter a cidade com a imagem e espírito que merece! O que eu vejo é um substituto de uma presidente altamente controlado por assessores, ou ssoras.... o que eu vejo é uma presidente, embora de baixa e não a culpo por isso claro que tem direito a ter filhos, mas que durante o seu exercício de presidente era altamente controlada pelo PCP e a sua assessora/fiscal...
Carlos Pinto de Sá jamais permitiria que o castelo caísse na miséria por culpa de mesquinhez política e falta de vontade de fazer as coisas! Aquele muro, que continua na mesma e ainda há gente a dizer que a Câmara faz muito, já teria alguma solução. É uma imagem muito feia para a cidade que temos! Para não falar no rio, que nem sei se terá salvação de um desastre ambiental..
O pior que podia ter acontecido a esta cidade, e infelizmente aconteceu, foi a pessoa que durante anos construiu e solidificou a cultura, que lubrificou as engrenagens da Câmara Municipal, que criou ligações com os trabalhadores e munícipes ter ido embora!
Estamos entregues ao vazio de espírito...

bacitracina disse...

Lamentavelmente tens toda a razão. A nossa cidade merece mais cuidado.

Anónimo disse...

Lamentavelmente tem toda a razão o anónimo de cima ( e o professor João Luís) têm toda a razão. Pior que controlados ( a presidente e o presidente) é a infestação de mamões à boa maneira portuguesa.

Distraídos crónicos...


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