segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Rescaldos

 

                         


                     

      O regresso a Gaza


            Finalmente, os palestinianos puderam regressar a casa. Resta saber quem deles tem ainda casa, depois de dois anos de destruição maciça e de verdadeiro genocídio por parte do Governo e das tropas de Israel. Não entendo, nunca entendi, de facto, o que leva um povo, ameaçado, há pouco mais de oito décadas, de extermínio nos terríficos campos de concentração do regime nazi de Adolfo Hitler, a atacar sem hesitação um povo governado pelo Hamas, mas que não pode ser considerado responsável pelos actos de guerra dos seus governantes contra os israelitas e, por isso, alvo do ódio de Netanyahu.  

            Trump meteu-se naquele diálogo de surdos e, com o seu estilo peculiar, que eu, particularmente, pouco aprecio, declarou o fim da guerra israelo-palestiniana. O Governo de Israel, até há dias a manter uma posição inamovível, aceitou, de um dia para o outro, este acordo de paz, que poderia ter sido apresentado e assinado há muito mais tempo.

Poderemos dizer que há, decerto, interesses por parte da administração americana nesta intermediação. No entanto, essa questão, comparada com a miséria, a fome, a doença e o horror dos últimos dois anos (se quisermos, por momentos, ignorar todos os anos anteriores) é de somenos importância.

            Quando vemos na televisão um país completamente em ruínas, ficamos cientes de que, só daqui a vários anos, poderá o estado palestiniano renascer das cinzas, deixando para trás este passado de duras realidades, mas que nunca lhe irá sair da memória: os bombardeamentos, as crianças mortas, a fome, o desespero. E estas feridas ficarão para sempre.

E a paz, agora garantida, poderá ser apenas uma breve brisa de Outono.

 

 

Autárquicas em Montemor: regresso ao passado?

 

Olímpio Galvão despediu-se da presidência da câmara municipal, depois de quatro anos de mandato. Será ainda prematuro fazer uma avaliação objectiva e distante das tomadas de posição do seu executivo, mas o que fez fê-lo em prol dos montemorenses e do concelho, tendo eu a certeza de que grande parte das suas decisões foram em nome da democracia, do progresso, da transparência e da proximidade com os seus munícipes.

Após três mandatos cumpridos como presidente da câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá regressou a Montemor, onde tinha exercido o mesmo cargo entre 1994 e 2012. Os factores que podem, para já, explicar este volte-face na opção de voto dos munícipes do concelho de Montemor, podem ser de vária ordem, sem que ainda seja possível apurar a verdadeira essência que reside nesta diferença de 419 votos que separam o candidato vencedor do candidato vencido. Há duas ideias que circulam por aí, nada originais e que, por isso mesmo, em nada nos esclarecem, por serem baseadas no óbvio: que, por um lado, Olímpio Galvão poderia ter feito mais pelo concelho e que, por outro, muitos teriam saudades das políticas levadas a cabo por Pinto de Sá, em tempos idos. Duas questões discutíveis, tal como muitas outras que se poderão levantar.

Não nos esqueçamos, porém, de que os tempos são outros agora. As infraestruturas de que o concelho necessitava há trinta anos já não serão as mesmas, as pessoas alteraram as suas rotinas, as famílias passaram a ter necessidades diferentes, há gente nova no concelho, a cidade passou a precisar de um olhar diferente a todos os níveis e há uma novidade absoluta que nos esmaga a todos: há uma pressão nas redes sociais que obriga cada autarca a estar milimetricamente atento ao que é necessário e ao que é supérfluo.

Em termos de governação, e de acordo com os resultados apurados, e com o Chega fora da corrida, a maioria CDU, com três elementos, terá de saber trabalhar com quatro autarcas da Oposição mas que, em conjunto com a Maioria, poderão continuar a fazer valer as suas ideias para o concelho. É fundamental a diplomacia, a lisura, a honestidade intelectual para aceitar o que é positivo, venha de onde vier a ideia. Seria assim o executivo ideal.

  "O povo é sábio e soberano" foi a frase que me enviou, recentemente, uma amiga. Sabemos que o povo nem sempre é sábio e que nem sempre é soberano. Basta olhar para trás, para a História recente de alguns países não muito distantes do nosso. Mas queremos acreditar que, neste caso concreto, não haverá motivos para duvidar de tal aforismo.  Montemor em primeiro lugar. Depois, as minudências do costume.

Daqui, destas humildes colunas, um abraço ao Presidente Carlos Pinto de Sá, com votos de um excelente mandato.

  

Por falar em minudências…


… são incalculáveis, nas redes sociais, as intervenções pós-eleições, quer da parte dos que perderam, quer da parte dos que ganharam. Como montemorense, e ainda que crítico em relação a algumas tomadas de decisão dos políticos da terra, não entendo como pessoas da mesma cidade, do mesmo concelho e, até, vivendo na mesma rua ou no mesmo bairro, têm o à-vontade de ofender de forma absolutamente gratuita e indescritível os que perderam ou os que ganharam as eleições. Pergunto-me, com alguma preocupação, se havia, ou há, alguns interesses mais para além de prestar, abnegadamente, um serviço desinteressado ao povo do concelho. Sei que, enquanto exerceram o poder, tanto comunistas, como socialistas ou sociais democratas/centristas, todos procuraram entender melhor as necessidades das populações e dar-lhes aquilo que era possível dar. O resto são minudências mesquinhas que não abonam em favor de quem as produz.


João Luís Nabo

In "O Montemorense", Outubro de 2025

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