Fui um aluno bastante razoável (muito bom, pronto) na disciplina de Matemática (perguntem à Prof.ª Jesuína Raposo). Mas não é esse facto que me dá legitimidade para avaliar se as provas de Matemática do 12.º ano foram feitas de propósito para a rapaziada ter boa nota e, consequentemente, levantar a média nacional na disciplina, ou se foram na verdade muuuuiiiito difíceis e a malta, que é estudiosa, conseguiu as proezas que se anunciaram. Por isso, não vou dar opinião sobre o que não percebo.
Mas já que estão aí desse lado, aproveito a oportunidade para contar uma curta história verdadeira: há muitos anos, numa oral de Inglês, o moço que se submeteu a exame estava tão por fora da matéria que, para que ele pudesse seguir a vida dele, num emprego que lhe exigia o 9.º ano, não tive outra alternativa senão pedir-lhe: “Olhe, jovem! Diga-me as cores em Inglês”. Ele lá balbuciou, num esforço hercúleo, aquilo que foi capaz: “Redbull, Greensand, Pink Panther e… Hello, teacher!!” Deixei-me cair na cadeira, respirei fundo e exclamei, com um falso entusiasmo na voz: “Parabéns! Está passado!”
Não fui eu que baixei o nível de exigência. O aluno é que se esforçou e mereceu passar. Afinal, fui precursor de uma medida que o ministério da educação viria a aplicar 20 anos depois, nos exames de Matemática do 12.º ano. Fiquei agora, finalmente, com a consciência do dever cumprido. (Contudo, muito alunos alcançariam um diferente grau de felicidade se encarassem seriamente a proposta de uma dedicação exclusiva à pesca. E muitos professores também.)