quarta-feira, 19 de julho de 2017

Almansor agonizante




(Foto José Rasquinho)

Salvem o rio. É este o meu apelo aos autarcas que mandam e aos que hão-de vir a mandar.
Salvem o rio.
É um grito que tem eco nas memórias de todos os que não conseguem dispensar o Velho Almansor das suas vivências e dos seus olhares de gaiatos-marinheiros-pescadores-exploradores-nadadores sempre em liberdade. Hoje poderão encontrar-se outras funções nesta linha de água em vias de extinção. Temos técnicos com capacidade para nos devolverem este rio que foi dos nossos pais e avós e que é nosso por direito e herança. Haja vontade política e haverá sempre uma candidatura à espera de quem queira fazer daquele, hoje pobre caudal, um espaço de encontro entre a cidade e o seu passado feliz.

Salvem o rio.


João Luís Nabo

In O Montemorense, Julho 2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

TNAs! TNAs! TNAs!





Antes de a rapaziada ir definitivamente de férias, renovo aqui a minha posição a favor dos TNAs (Trabalhos na Aula) em detrimento dos TPCs (Trabalhos para Casa). Porquê? Porque quando eu, professor, me preparo para, no remanso do lar, corrigir esses tais TPCs, nunca sei a quem atribuir a classificação: se ao aluno, se ao explicador, se à mãe ou ao pai ou se à extraordinária e sapientíssima Internet, ferramenta para todo e qualquer serviço quando a emergência é maior que o saber. Digamos que o melhor seria não atribuir nota nenhuma e fazer o que se fazia dantes: convidar o aluno a defender o seu trabalho na aula, sem a participação dos seus inúmeros e nem sempre credenciados mind coaches (treinadores da mente). Só assim mostraria o que vale. Ou o que não vale.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

A Importância de não ser Ernesto *




Escrever nas redes sociais sob anonimato com a intenção de denegrir a imagem, a vida, a integridade e o trabalho de outrem não pode ser merecedor do nosso desprezo. Tal como o meu saudoso Pai me dizia, não raras vezes, devemos cultivar alguma proximidade com os que não gostam de nós, porque os outros, esses, são de confiança. Por isso, não nos podemos dar ao luxo de desprezar as figurinhas que, nada fazendo por este concelho, destroem com prévia intenção, os que, após o voto do povo, podem ou não assumir cargos de peso no organograma autárquico. Mas o que é verdade é que a lista da CDU começa a ser atacada de forma ofensiva, demagógica e cobarde muito antes das autárquicas. E, pelo que conheço dos candidatos da Oposição, nenhum deles, tenho a certeza, concorda com esta forma de fazer política, condenando a atitude vil e o nível pobre de argumentação que por aí anda livremente a circular sobre um alegado futuro elemento da lista comunista. É por isso que, tal como o leitor, que é, tenho a certeza, um cidadão intelectualmente honesto, me recuso a acreditar em quem, no escuro da noite, não respeita quem poderá um dia ser-lhe útil. Se não for a si próprio, pessoalmente, será decerto à terra onde tais figurinhas absurdas tão estupidamente fazem, como os burros, sombra e peso no chão.


* Trocadilho com o título da famosa peça de Oscar Wilde The Importance of Being Earnest (estreada em 1895)


João Luís Nabo
In O Montemorense, Julho 2017

domingo, 16 de julho de 2017

A arte de bem descascar uma batata


Seis meses quase passaram desde o primeiro dia deste ano, fértil em tantas coisas e, a ver bem, em coisa nenhuma em especial. Não vou fazer o balancete deste período (para isso, há jornalistas credenciados), até porque seria logo alvo de propostas de alteração ou até de uma ou outra blasfémica ofensa por parte de um ou outro leitor menos bem disposto por causa deste calor que nos invade a paz de espírito. Por isso, esqueçamos o que passou e brindemos ao que há-de vir, às promessas eleitorais, às pinturas de muros e paredes, aos arranjos nas ruas e nos largos, às fotos da Oposição, muitas fotos da Oposição, com jogos do antes e do depois, e à vontade, muita vontade, por parte de toda a gente (acho eu) de tornar este Monte ainda Maior. Mas, para isso, é preciso arte, jeito e vontade genuína de ensinar e aprender com todos os envolvidos no processo. Cativar o eleitorado não é fácil e, como dizia alguém muito sábio, mais vale cair em graça do que ser-se engraçado. E, sobretudo, não ter medo de manifestar a sua opinião, ainda que, por tal, se torne alvo de epítetos que nada têm a ver com a essência daquilo que opina.

É por isso que a arte de bem descascar uma batata não é para todos. Retirar o invólucro a um tubérculo arredondado nas formas e liso na textura é fácil e todos o podem experienciar. Agora, retirar a casca a uma batata torta, sinuosa, produto de alguns espasmos da natureza, não se torna fácil, principalmente quando o cozinheiro só aprendeu, por diversas vias, e por deformação ideológica, a descascar batatas só de um determinado lote ou a utilizar, apenas e só, um determinado tipo de faca. É por isso que, quando alguém decide descascar aquela batata que ninguém ousara descascar antes, acaba por ficar sujeito a apreciações que, no mínimo, reflectem tanto a importância da sua ousadia como a incapacidade de discussão de temas difíceis e fracturantes por parte dos que vivem ainda a admirar ídolos de pés de barro.
Se o concelho merece a atenção de todos os que se envolvem político-partidariamente na luta legítima e genuína pelo poder, há que ouvir atentamente os que, não tendo qualquer filiação partidária, pretendem apresentar ideias, soluções, apontar caminhos para que todos, mesmo os que não aprenderam ainda a descascar a tal batata tão cheia de polémicas calosidades, mostrem, sem demagogia nem ligações a ideias feitas, a sua verdadeira paixão por Montemor. A sua paixão por todos nós.

João Luís Nabo

In O Montemorense, Julho de 2017



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