Partiu o Padre Alberto Dias Barbosa, após 62 anos a viver e a pregar a
Palavra em Montemor-o-Novo, que o recebeu como pároco da Freguesia de Nossa da
Vila, em Janeiro de 1950. Amigo do Património local, lutou pela recuperação de inúmeros
monumentos religiosos. Amigo dos jovens, acolheu na sua igreja grupos de
rapazes e raparigas que animavam a celebração da eucaristia com cânticos
modernos, acompanhados por verdadeiros conjuntos de baile, conseguindo assim
cativar os adolescentes, cujos comportamentos influenciou de sobremaneira,
respeitando as diferenças entre eles e fomentando a amizade entre todos.
Foi o principal responsável pelo ressurgimento de “O Montemorense”, o
único jornal local durante décadas, do qual foi director durante mais de 50
anos. Em 89 surge a “Folha de Montemor” e as naturais e saudáveis rivalidades
de estilo e conteúdo. Os jornais procuravam, cada um à sua maneira, servir a
população do concelho, tentando abordar temas que se coadunassem com a sua
linha editorial. As temáticas abordadas pela “Folha”, um jornal acabado de
nascer e fundado por um grupo de gente com sangue na guelra, eram, para o Padre
Alberto, algo ousadas e, por vezes… desajustadas. Por causa disso mesmo, tivemos
as nossas trocas de artigos que, por vezes, incendiavam a opinião pública.
Mas a amizade e o respeito mútuo falaram sempre mais alto e quando, no
dia 28, me despedi, na Igreja do Calvário, do padre que baptizou os meus filhos
gémeos, recordei e agradeci-lhe uma breve passagem ocorrida no início dos anos
80: quando o meu amigo Leopoldo Gomes lhe disse que havia um jovem estudante
universitário que escrevia umas coisas que poderiam ser publicadas n’ “O
Montemorense”, ele responde-lhe: “Esse
rapaz escreve umas coisas? Então traga lá um texto dele para eu ver o que ele
escreve.” E o Leopoldo assim fez.
O rapaz era eu.
Obrigado, Padre Alberto e até breve.