quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sangria é o meu nome do meio (confessa a fofa)




Montemor vai entrar em modo de Verão. Bares e restaurantes já começaram a montar as esplanadas e já se fizeram as encomendas para as sardinhadas que aí vêm, regadas com boa sangria e com ainda melhor disposição. A fofa tornou-se ultimamente uma adepta fervorosa da sangria e já me prometeu um périplo pela cidade, assim numa espécie de prova científica que, tenho a certeza, vai acabar menos bem. Mas, depois de um ano de trabalho arrasador, ela bem merece umas distracções gastronómicas, pretexto para reencontrarmos amigos, trocarmos ideias sobre tudo e sobre nada e dar umas boas gargalhadas, tendo sempre por cenário a noite montemorense, momento ideal e imperdível para se tirarem as máscaras profissionais, sociais, políticas, académicas e burocráticas. Porque à noite não é necessário fazer teatro, porque tudo é mais fácil e porque as pessoas são mais simpáticas. Montemor vai, por isso, ter de arranjar entretenga para os montemorenses, e outros apaixonados pela nossa cidade, que decidam passar por cá os meses de Verão. Porque são estes que vão investir na economia local. E dinheiro gera dinheiro. E o dinheiro dá mesmo felicidade, por muito que alguns finjam acreditar no contrário.

In "O Montemorense", Junho de2016

terça-feira, 21 de junho de 2016

Marcelo & Costa, Inc.



Marcelo Rebelo de Sousa não poderia ter encontrado melhor momento para se lançar ainda com mais entusiasmo nos braços dos portugueses: a coincidência deste 10 de Junho com o início do Europeu em França. O saber aproveitar esta oportunidade só revela inteligência e uma enorme capacidade de antecipação. Por outro lado, Costa também não se distraiu. Este adora Marcelo porque pode, estando coladinho a ele, ganhar pontos e começar a ser visto, não como um primeiro-ministro que trocou as voltas à democracia (Costa não ganhou a maioria nas últimas legislativas, ainda supervisionadas por um Cavaco a cair de gasto), mas como uma alternativa às ditas políticas de direita e de centro-direita (se é que isso existe) levadas a cabo pelo anterior executivo.
Nos discursos do Dia de Portugal, no Terreiro do Paço, o Povo foi a tónica do Presidente da República. O Povo. Essa massa anónima que conquistou a liberdade para o país em muitos momentos difíceis da sua História, quantas vezes com o sacrifício da própria vida e sem o auxílio “das elites”.
Em Paris, nesse mesmo dia, foram elevados a heróis por Marcelo os que, fugindo da fome, da guerra do Ultramar ou do desemprego de um Portugal cinzento e parado nos anos 50 e 60, escolheram a França como segunda pátria onde refizeram a vida e deitaram semente.
Quando, em 1572, Camões elevou o povo português, glorificando a coragem e a determinação de todos quantos desbravavam mares e terras em nome de Deus e da Pátria, nunca imaginou que, quase seiscentos anos mais tarde, a obra épica mais famosa da nossa literatura, escrita por si, fosse reeditada numa versão pós-moderna mas, ainda assim, convincente e igualmente aplaudida. A condecoração dos soldados que combateram em África e das emigrantes que salvaram a vida a centenas de pessoas nos atentados de Paris, no passado mês de Novembro, foi a marca da diferença e a face visível dos discursos de Marcelo, tão distintas dos gestos “de regime” e das palavras mais do que mastigadas do seu antecessor.
Também hoje continuam a tentar fazer a vida “lá fora” milhares de portugueses, estes muito jovens e com formação académica superior, que, tal como os seus predecessores, não têm como sobreviver num país, agora menos cinzento mas com enormes problemas estruturais e de justiça social e que os expulsa depois de ter gasto com eles milhões de euros nas suas formações universitárias. Marcelo também deveria ter falado nisto.

Os gestos e as palavras em sintonia de Costa e Marcelo, neste momento de aparente viragem, ainda que possam vir a durar pouco, são fundamentais para que o país recupere a confiança que outros Governos lhe roubaram. Não sabemos quanto tempo vai durar esta valsa, elegante e romântica, olhos nos olhos e sorrisos abertos, mas enquanto durar é bem possível que a autoestima dos portugueses fique mais fortalecida e que, quando Passos Coelho quiser regressar, aqueles lhe saibam dizer com quantos paus de faz uma nau quinhentista.

In "O Montemorense", Junho de 2016

Distraídos crónicos...


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