segunda-feira, 24 de abril de 2017

Tempo de Querer




Montemor vai, à imagem dos outros municípios portugueses, viver mais um ano de autárquicas. E, mais uma vez, os rituais da política vão cumprir-se com poucas ou nenhumas alterações. Ainda que saibamos como é difícil assumir e desempenhar cargos públicos desta dimensão, isso não nos coíbe de manifestar a nossa preocupação, quando pensamos na nossa cidade e no nosso concelho como património político, histórico, social, económico e religioso que queremos deixar aos nossos filhos e netos, isto se eles conseguirem emprego e casa por estas bandas. 

A leitura que faço de algum relaxamento visível na governação local terá por base não a incompetência nem a falta de conhecimento ou de honestidade dos políticos que nos governam desde há quase meio século. O que vislumbro, quando comparo os tempos actuais com outros bem mais interessantes, é, curiosamente, uma atitude com uma tripla face: por um lado, uma gestão que denota cansaço, desgaste e pouca emoção nas palavras e nas obras; por outro, a certeza confortável por parte da Maioria de que há, por enquanto, uma possiblidade, que se pode sempre questionar, de ganhar as próximas eleições sem muito esforço. Finalmente, o terceiro lado da moeda, o terem criado, ao longo de tantos anos, hábitos, rotinas, raciocínios que precisavam de ter evoluido, tal como tudo evolui, com penalizações para quem vai ficando pelo caminho. Isto para não falar na fidelidade que os autarcas mantém ao partido que os elegeu, sempre atento e implacável. 

E a Oposição? Fui sempre crítico em relação à forma como a Oposição faz política. A visão que tanto esta como a Maioria têm da cidade e do concelho tem sido, desde os idos anos 70, diferente, ainda que todos sejam montemorenses e que todos gostem da terra que governam. É esse passado e as mágoas que dele restam que não permite, ainda, uma plataforma de entendimento entre todos os que pretendem, de facto, pôr Montemor na senda do progresso e da prosperidade. 

Um dia, quando nenhum de nós estiver entre os vivos, os nossos netos e bisnetos vão perguntar-se por que motivo os obrigámos a percorrer uma estrada pedregosa, cheia de perigos, sem luz, em direcção ao deserto...


João Luís Nabo
In "O Montemorense", 20 de Abril de 2017

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O Tempo da Paz


O tempo da Páscoa será o mais dramático e, paradoxalmente, o maior motivo da alegria dos cristãos. A Morte perde o seu sentido mais literal e adquire uma nova dimensão, quando Cristo, crucificado e morto segundo a lei daquele tempo, renasce, inteiro e poderoso, ainda que de forma inexplicável para quem abandonou a fé a favor de um espírito mais científico, focado na lógica e na razão. O que se pretende sublinhar nesta pequena reflexão não é a defesa de quem acredita, muito menos o aplauso aos que se dizem ateus ou mesmo agnósticos. Porque a mensagem fulcral que, desde sempre, me tem enfeitiçado não é a Ressurreição tal como os crentes a assumem. 
O exemplo que retiro deste tempo é a imagem de um Cristo Extraordinário que, renascido, mantém de forma coerente o pensamento e as acções que o tinham transformado num fora-da-lei. Mais do que um regresso à Vida, é um regresso de olhar sereno e espírito tranquilo, é um voltar sem desejos de vingança, de desforra ou de reparação. 
Cristo reaparece pacífico, apaziguador, de mão estendida aos que o mataram. Fora perseguido porque se afirmava diferente. Fora condenado por revelar-se consciente das glórias e misérias do mundo. Fora crucificado por manifestar publicamente a sua defesa pelos mais fracos e a sua tolerância para com os que não pensavam como Ele. Mesmo assim, regressou em paz. 
É esta, para mim, a grande força da Páscoa.

João Luís Nabo

In "O Montemorense", Abril de 2017

Distraídos crónicos...


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