quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Autárquicas outra vez

 


Foto: Manuel Roque

Deixar passar em claro este momento que todos atravessamos seria dar provas de um total desinteresse e banal despreocupação pela nossa vida social, económica, cultural e política – sim, todos somos políticos –, logo agora que o futuro do nosso concelho está seriamente em jogo. Nunca, em quarenta e sete anos de democracia, tivemos diante de nós tantas variantes partidárias, um tão largo número de nomes que se afirmam defensores legítimos de Montemor e das suas gentes, tantos políticos, com e sem experiência, uns mais antigos, outros recém-chegados, a quererem melhorar as nossas vidas e as vidas dos que virão depois de nós.

 Se os meus oito leitores (creio que, agora, serão mais – por causa do “Sertório”) estão à espera de que eu, finalmente, defina a minha posição político-partidária, tal não vai acontecer. Nem em casa anunciei ou virei a anunciar a minha tendência de voto, porque quero que todos os meus, cada um por si, ouça, leia, discuta, aprenda, entenda e decida quem será o melhor candidato para a nossa Câmara Municipal.

O leque de tendências abriu-se muito mais do que em todas as autárquicas anteriores. É extraordinária a quantidade de jovens que vieram a terreno, presencialmente ou através das redes sociais, apresentar o seu projecto político para Montemor, município a viver sob a égide do Partido Comunista deste Abril de 1974. Quando muitos de nós afirmámos criticamente que a malta nova não quer saber de política, essa presunção é, hoje, facilmente rebatível quando tomamos consciência do interesse manifestado por tantos jovens no futuro do concelho. Tal facto deixa-me orgulhoso, mais descansado e leva-me a reformular algumas ideias que tive no passado sobre este tipo de candidaturas.

 Todos os partidos e movimentos, sem excepção, podem e devem avançar com ideias, propostas, planos para que Montemor seja uma terra e um concelho mais atractivos, com mais postos de trabalho, com mais indústria e comércio, sem medo de uma maior abertura ao exterior e aos que, vindos de fora, tenham capacidade e qualidade para deixar aqui a sua pegada de progresso e de confiança. No fundo, queremos tão somente que o candidato vencedor dê provas de mais interesse e de mais respeito por todos aqueles, internos e externos, que gostariam de fazer de Montemor o seu porto de abrigo,  a terra preferida dos seus filhos e netos.

             Todos os que vão constar do boletim de voto no próximo dia 26 de Setembro se perfilam para diversificar os apoios a todos os níveis, para apoiar as instituições de cultura e desporto, para proporcionar benefícios fiscais e outros às instituições de solidariedade social, para dar apoio mais sólido e eficaz às famílias carenciadas, de modo a que sejamos uma cidade e um concelho inclusivos, onde todos, independentemente das suas capacidades e das suas limitações, tenham um lugar visível, activo e útil nesta nossa pequena, mas extraordinária, terra. Queremos deixar de ser um velho e gasto “ponto de passagem” para cultivarmos este espaço como um ponto efectivo de encontro entre os que cá vivem e trabalham e os que gostam de “passar por cá”, de forma esporádica ou mais permanente. Porque só assim faremos todos de Montemor uma cidade aprazível e atractiva, sem medo de turistas, nem de inovações credíveis, um melting pot de culturas, de saberes e de sabores.

 Por isso, os candidatos que querem conquistar o meu voto terão de querer um concelho com mais empregabilidade, uma cidade mais limpa, mais branca, menos descaracterizada, com o Centro Histórico recuperado sem as modernices estéticas e arquitectónicas de um passado recente, com as ruas arranjadas e com os problemas ambientais resolvidos. Queremos que devolvam o rio à cidade.  O rio que poderia ser já uma imagem de marca da nossa preocupação pelo ambiente e que não passa de um depósito de memórias da nossa infância.

Todos os que se vão apresentar diante de nós no dia 26 dizem amar Montemor com uma paixão sem limites e até os que não são de cá, os que nem sequer conhecem a Travessa das Farizes ou a Rua de São Vicente, se afirmam amantes desta pátria de santos e heróis. Pois bem. Também eu amo esta terra. Mas eu amo mesmo. Não é só de agora este meu arroubo de romantismo. É de sempre. E, como tal, não vou gostar de a ver maltratada e usada apenas por questões bacocas de poder ou protagonismo. Tal como os montemorenses que aqui vivem, e os que se encontram espalhados pelos quatro cantos do planeta, não quero o nome de Montemor nas bocas do mundo pelas piores razões.

 Acredito em todas as intenções, em todos os quereres de todos os candidatos. Mas não sei se, quem vier a substituir a presidente Hortênsia Menino, terá a força, a visão, a capacidade, a vontade e o espírito vanguardista para cumprir as suas promessas, nem que para isso seja necessário ignorar as directivas do partido pelo qual foi eleito. Porquê? Porque não quero um partido político a gerir a minha terra e a mandar na minha vida. Quero pessoas. Pessoas íntegras, com cérebro, honestas, com um profundo e inalienável sentido democrático, com respeito pelas ideias dos outros, tolerantes, transparentes e com visão. Com visão. 

Sei que há soluções. Sei que há futuro. Sei que há dinheiro. O próximo presidente da autarquia montemorense terá uma dura tarefa que é a de colocar o concelho no sítio que merece. Não gosto do senhor Trump. Nem das suas políticas. Nem das suas paranóias arrogantes. Nem dos seus tiques afascizados. Mas há uma frase que ouso adaptar e deixar à laia de conclusão: Montemor em primeiro lugar! Primeiro que as vaidades pessoais (e há por aí algumas). Primeiro que os interesses dos primos, dos tios e dos amigos. Primeiro que o partido que elegeu o candidato.

Montemor em primeiro lugar!

Já é altura!

É a hora!

                                                                                João Luís Nabo

                                                           In "O Montemorense", Setembro de 2021 

Distraídos crónicos...


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