sexta-feira, 26 de abril de 2013


Não admito que políticos demagogos e aldrabões me andem sempre a dizer com ar paternal, e com um tom de voz de censura estúpida, que tenho andado a viver acima das minhas possibilidades. Eles, e muitos outros antes deles, os primos deles e os amigos deles é que andaram, durante anos, a gozar a vida acima das minhas possibilidades. Nunca enganei o Estado. Nunca assinei contratos que não pudesse honrar. Procurei sempre cumprir as minhas obrigações de cidadão e de contribuinte. Eles é que me aldrabaram. Eles. Lembro-me que, quando assinei o meu contrato com o Ministério da Educação, em 1983, a minha reforma previa-se que fosse ao fim de trinta e dois anos de serviço, o ordenado nunca iria baixar, mas sim aumentar para fazer face à inflação, as faltas por doença, por serviço oficial, ou por outro motivo qualquer eram aceites segundo um critério minimamente justo. O subsídio de férias e o de Natal estaria sempre assegurando, desde que cumprido o calendário de trabalho previsto. Isto para não falar na redução gradual do horário de trabalho, para compensar o desgaste de uma profissão dura e de responsabilidade que é a de professor. 
Afinal, era tudo mentira. Tudo aquilo a que tínhamos direito no início da nossa carreira foi-nos descaradamente roubado, para tapar os buracos que tipos com uma coluna vertebral de lagarta cavaram ao longo dos anos à pala de quem trabalha. Deixam-nos a agonizar em nome da nação e do bem comum. Pena eles lembrarem-se agora do bem comum. Sinto-me agoniado cada vez que eles aparecem na televisão, com ar catedrático, a vomitar as suas grandes lições de moral.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril sempre? Não. Já!




Foi esta canção - Grândola, Vila Morena -  do Alentejo sofredor e profundo, uma das senhas da revolução do 25 de Abril, efeméride que irei comemorar hoje,k porque nunca sabemos quando será a última vez. Ouvimo-la ser cantada com mais frequência nos últimos meses do que no período pós-revolucionário. E, cada vez que a ouço, vou até à avenida espreitar se os jipes e os blindados seguem já avenida abaixo em direcção a Lisboa. Mas não. Acendem o rastilho mas a coisa fica por aí. São apenas falsos alarmes. Medricas.

PS: A arruada na minha terra, que iniciou as comemorações de Abril, foi frouxa e com o pessoal habitual a gritar em grande desacerto.  E os outros? Onde ficaram?
Temos o Governo e os políticos que merecemos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Bye-bye, sweetheart!


 
 
 
Relvas demitiu-se (eh, eh, eh). Tentei saber os verdadeiros motivos da sua fuga. Segundo o seu protector Passos Coelho, era um homem íntegro e por dentro dos dossiers que estavam à sua responsabilidade. Prova disso é o facto de ser mais inteligente do que a maioria dos estudantes universitários, porque fez a sua licenciatura em tempo relâmpago com o apoio da Universidade que, pelos vistos, reconheceu nele um aluno de excepção. Foi acumulando fracassos atrás de fracassos (de acordo com as más-línguas), ao longo do tempo em que nos desgovernou, coitado, ainda que com muita fé e boa vontade. Mas eis que acabou por ofender a essência deste país, cuja liberdade é simbolizada na velha, mas cada vez mais nova, Grândola de José Afonso. Pois foi esta a gota que fez entornar o pequeno copo de plástico que era a sua vida política: o senhor Relvas (acho que já não é dr.) cometeu um enorme crime de lesa-música e de lesa-liberdade: desafinou a música do Zeca. E, como se tal não bastasse… riu-se.

sábado, 20 de abril de 2013

E se fossem bardamerda?


 
 
O país continua a ser levado para um buraco sem fundo. Há crianças com fome que acorrem com mais frequência às cantinas escolares. O desemprego aumenta todos os dias assustadoramente. Há casas que deixam de ser pagas aos bancos. Há famílias a mudarem-se para habitações mais modestas, outras que passam a viver com os pais outra vez. Muitos sentem a espada sobre a cabeça, sem saberem se, no dia seguinte, têm emprego, se têm pão para dar aos filhos. Muitos jovens abandonam a nossa terra, o nosso país, porque nada podem fazer aqui. A incerteza mora na mente de todos nós. Porque temos pais. Porque temos filhos. Porque temos de viver com dignidade. E ainda me dizem que andámos a viver acima das nossas possibilidades? Esses bandidos é que andaram a viver acima das MINHAS possibilidades. E se fossem barda... dar uma volta ao bilhar grande?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Mais uma da minha fofa


 
O Tribunal constitucional chumbou as medidas ilegais propostas pelo Governo para o Orçamento de 2013. Se são medidas anticonstitucionais, são medidas que vão contra a constituição, isto é, contra a lei geral. Ou estou enganado? Então, o Governo quer impor normas que não estão dentro da lei, isto é, que estão fora da lei. Então como devo entender aqueles que propõem medidas que estão fora da lei? A minha fofa anda mesmo arrasada com isto tudo. São situações que lhe dão muita embechação: “Se Passos Coelho fez aquelas propostas, foi porque não tem dinheiro para pagar… Então, vou propor algumas medidas ao Governo,” disse-me ela. “Se eles podem, eu também posso.” E avançou sem me deixar sequer abrir a boca: “Se a questão é falta de dinheiro e podermos fazer face à crise, vou propor o não pagamento do IMI, o não pagamento do IRS, o não pagamento do Imposto de Circulação, e mais alguns que nos possam prejudicar o Orçamento Familiar.” E sorriu, com ar maroto, repetindo: “Se eles podem eu também posso.” Acreditem, não sei como isto vai acabar.

Distraídos crónicos...


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