Andam para
aí uns exames
que me causam alguma espécie. Não me parece muito lógico que
alunos da disciplina de Inglês das escolas de Portugal se submetam a
um exame para aferir do seu grau de competência Oral e Escrito
naquela língua. Sinto que tanto a empresa organizadora da coisa –
o Instituto Cambridge – como o Estado português que se lhe
associou estão a passar, deliberadamente, um atestado de
incompetência aos professores de Inglês deste país e, isso, por
muitas voltas que lhe dê, não consigo admitir. Mais: desde quando
precisam os professores de Inglês de se submeter a uma prova,
supervisionada pelo Instituto Cambridge, para atestar da sua
competência para corrigir esses tais exames que me andam a causar
espécie? Isto acontece no meu país, porque as instâncias que me
são hierarquicamente superiores o fomentam e permitem. Cá para mim,
há aqui qualquer história mal contada. Ou, então, estão todos a
ficar completamente insanos.
Além do
mais, não vejo utilidade num diploma a certificar essas
competências, se os alunos, (sobretudo os de 9.º ano) ainda têm de
passar mais algum tempo na escola até poderem aceder a um emprego ou
à universidade, tornando-se aqui, de facto, importante sabermos o
seu grau de proficiência… Até lá, os diplomas pagos pelos pais
ficam fora de prazo e os bolsos, dos pais, ficam um bocadinho mais
vazios. Gostava de reflectir sobre a posição dos sindicatos em
relação a esta questão (se é que a têm) e, principalmente, saber
qual é o papel da Associação Portuguesa de Professores de Inglês
no meio de tudo isto. Em suma: quem é que anda a ganhar dinheiro à
custa dos nossos alunos e porquê. Vamos continuar assim? Vamos?
Ninguém é Charlie?
In O Montemorense, Abril 2015