Ideias velhas, recicladas a bem do ambiente intelectual português. (E algumas intimidades partilháveis)
quinta-feira, 28 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Ses snart!
(Foto: M. Roque - CMMN)
Vou ser alvo da sua terna fúria, porque ela não vai gostar de ser o centro deste breve apontamento. Venha a fúria… que eu hei-de sobreviver.
A minha amiga Vera Guita, que iniciou comigo e com outros amigos, o Coral de São Domingos, já lá vão quase 25 anos, vai rumar, em breve, até às terras frias do Norte da Europa. Decidiu trocar a sardinha assada pelo salmão fumado, a língua lusa por um linguajar estranho e complexo, e o amarelo forte do Sol alentejano pelo branco brio da neve. Pode trocar, temporariamente ou não, o que for preciso mas os amigos não. Os amigos não se trocam – aumentam-se e enfiam-se todos num saquinho vermelho chamado coração. E o dela tem o tamanho de mil Universos.
A Vera quer partir e nós, a família e os amigos, já assinámos a necessária autorização.
Porque o lugar dela é onde ela quiser.
A Vera tem talento, inteligência e humanidade para conquistar o Mundo.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Crónica de um espectador perturbado
Nos dias 16 e 17, numa casa situada na Travessa do Espírito Santo, em Montemor-o-Novo, cerca de quarenta pessoas entram no número 2 e esperam que alguma coisa aconteça. Seremos recebidos com um sorriso e um convite para um café? Nada disso. Somos obrigados a conviver, “a seco”, na pequena sala de entrada, com quem vai chegando, constantemente a sermos filmados, entrevistados e fotografados por dois dos “anfitriões” (Paulo Quedas e Carlos Olivença). Incómodo, no mínimo.
A um canto, numa minúscula televisão, passam peças sobre violência doméstica. Está assim lançada uma pista discreta que nos há-de conduzir ao cerne do exercício dramático do qual já estamos a fazer parte.
Uma mulher (Anabela Ferreira) circula por entre os recém-chegados, lançando, com alguma violência vocal, frases aparentemente enigmáticas construídas a partir de palavras escritas nas paredes e no tecto da pequena sala de entrada. Quando o desconforto chega a um nível quase insuportável, uma mulher (Vera Guita) surge, vinda de lugar desconhecido e convida (sem margem para recusa) oito dos visitantes a segui-la. (Muitos filmes de terror começam assim!). É o início de uma estranha viagem.
A Casa que, segundo algumas teorias (e um bom par de práticas literárias e cinematográficas), tem o dever de ser um lugar seguro onde nada de estranho pode acontecer, torna-se o espaço privilegiado onde o uncanny é representado sobretudo pelos tons de voz das três mulheres que, em três divisões diferentes, fazem desfilar diante de nós três histórias de solidão, de violência e desespero. Mulheres com vontade de mudança. Mulheres diferentes com um ponto em comum – a necessidade de partilhar as suas memórias dilacerantes.
Os solilóquios perturbadores na sala da salamandra (Vera Guita), na cozinha (Carla Pomares) e no quarto de passar a ferro (Rosa Souto Armas), tornam-se ainda mais perturbadores, não só pela interpretação mas pela maneira multifacetada com que as três mulheres usam a voz no decorrer dos monólogos, estando elas sempre demasiado perto de nós para que fiquemos à vontade. Nem quando saímos daquela Casa, a caminho da nossa casa, nos sentimos reconfortados. Porque há algo que não foi explicado. Porque há conflitos que não foram resolvidos. Nem na Casa nem em nós.
Pondo de parte a “técnica da fechadura” (típica das telenovelas), em que o espectador fica a par dos acontecimentos porque se limita a ser um voyeur das cenas sem que os actores o vejam, esta encenação atira-nos para o centro da acção, ficando o desconfortável espectador cara-a-cara (literalmente) com as actrizes e, isso ainda é mais fascinante, corpo-a-corpo com as suas dúvidas e ansiedades, com os seus medos e desejos. E o que é delas confunde-se constantemente com o que é nosso.
A concepção do espectáculo, colado como uma pele ao espaço da Casa, foi do actor Carlos Marques. As actrizes foram a Anabela Ferreira, a Vera Guita, a Carla Pomares e a Rosa Souto Armas. O Paulo Quedas e o Carlos Olivença registaram os momentos com as suas câmaras, numa brilhante alegoria aos reality-shows sofredores obrigatoriamente da síndrome do Big Brother lançada em 1948 por George Orwell em Nineteen Eighty Four, e que proliferam nas televisões de todo o mundo.
O tema contemporâneo da violência doméstica é narrado/representado dentro de uma Casa mas a sua operacionalização através dos conflitos psicológicos das solitárias e abandonadas personagens, torna-se, pela sua força, dinâmica e pelo seu carácter intimidatório em relação ao espectador, mais importante do que as próprias situações que os provocam. Nesta sequência de ideias, somos atirados em direcção ao dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, num cocktail de influências onde são bem-vindos Bertold Brecht e sobretudo Samuel Becket com a sua visão tragicómica sobre a natureza humana, marca possante do seu teatro do absurdo.
Pronto, já desabafei. Mas ainda não me sinto lá grande coisa.
… Por isso, não sei por que motivo as fofas desta terra continuam a insistir numas férias na praia, para uns dias de sossego. Sossego? Levantar cedo, ir ao pão e ao supermercado, fazer 30 sandes para a família e penduras; pegar nas toalhas, nos cremes, no almoço, nas cadeiras, no guarda-sol; enfiar tudo no carro e avançar em direcção ao areal onde, com muita sorte, podemos assentar arraiais em meio metro quadrado, ilha deserta rodeada de muita gente por todos os lados. Depois são os banhos de água e de sol, os gelados, as bolas de Berlim, bebés com birras incompreensíveis, crianças aos gritos, velhas a ressonar, jovens a jogar à bola por cima de toda a gente…
Quando, ao final da tarde, tudo parece mais calmo, convidando a uma permanência mais prolongada, eis que os teenagers querem voltar ao apartamento, por causa da night que se aproxima. E pronto: é o regresso, os duches, os cremes, as costas doridas, o jantar, a saída ao serão; depois, uns querem ir ao cinema, outros ao bar da praia, outros aos bares da zona vip…
Enfim. Tudo, estes e outros, motivos para ficarmos em Montemor, terra de Santos e de Heróis (e de muitos Tesos respeitáveis).
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Morférias?
Ruas a transpirar História, largos com cafés e esplanadas, um Parque Urbano cheio de verde e de actividades culturais e desportivas; monumentos e uma livraria que já é referência para quem gosta de café com livros; um Verão com música, folclore, bailado e cinema; galerias com exposições de fotografia, de pintura e escultura; o complexo das piscinas, agora com novas normas de frequência; albufeiras para pescadores, esquiadores, remadores, campistas e outros veraneantes.
Isto ainda não é suficiente para passar as férias por cá? Deixe-me acrescentar restaurantes com excelente gastronomia e lugares onde pernoitar. E agora? Não acha que Montemor continua a ser um concelho que apetece? E em tempos de crise… o que é de Montemor ainda é melhor.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Oh, mãe!
Deixo aqui um reparo, o primeiro de muitos com toda a certeza, ao primeiro-ministro que iniciou agora funções. Segundo Passos Coelho, não basta cumprir as normas acordadas com os senhores mandões que nos vão emprestar dinheiro. Devemos ir para além disso. Assim, num beija-mão enjoativo, toca a cortar no subsídio de Natal para mostrar à Troika como é que se enxofra em terra lusas. Faz lembrar a história do rapazinho que, ao estrear a bicicleta nova, grita para a mãe: “Mãe, olha! Sem mãos! Sem pés! Sem… dentes!” Se a malta da bela Troika se apercebe de como este senhor é habilidoso, ainda o convidam para fazer parte do grupo que passaria a… Kuarteto. Terão de comprar-lhe uma dentadura, claro. Pois o nosso novo primeiro lá anda todo entusiasmado com os cortes. Mas é um entusiasmo pouco coerente. Ainda não o ouvi falar nos cortes que deverão ser feitos às despesas do Estado. Ou vou eu e vai o meu caro leitor pagar os luxos e as regalias incompreensíveis dos políticos? Ou será, afinal e repetidamente, a velha história dos tais insectos voadores?
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Honra e Mérito para a Carlista!
O meu Amigo Augusto Mesquita deu, mais uma vez, provas do seu enorme espírito de investigador apaixonado pelas instituições da terra. O seu livro Sociedade Carlista, pedaços da sua história veio trazer algum alívio aos que, ao longo dos tempos, apelavam à escrita de uma obra deste tipo para que não se perdessem as memórias de uma das mais culturalmente desassossegadas colectividades do nosso concelho.
O seu lançamento, no dia 30 Junho, na Sessão Solene comemorativa dos 150 de vida daquela sociedade recreativa, foi, em paralelo com a atribuição da medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal de Montemor, o reconhecimento merecido por tudo o que a Sociedade Antiga Filarmónica Montemorense tem oferecido à cidade e ao concelho.
Parabéns, Carlista. Parabéns, Augusto Mesquita. Parabéns, Montemor.
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