sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Praxes, para que servem?



Não queria voltar tocar neste tema. Mas continua na ordem do dia. Por muito que muitos não queiram. Tornou-se um tema mais sensível do que era hábito e quem se manifesta contra as praxes apercebe-se logo das reacções, muitas vezes exageradas, dos seus defensores. O meu amor pelas praxes é muito relativo. Se há cerimónias e actividades que concorrem para uma verdadeira integração dos novos alunos, não posso concorda com a estupidez que me é dada a assistir anualmente, com a malta nova a ser “integrada” através de sessões de verdadeira violência e humilhação, onde a prepotência, o absurdo e a falta da educação mais básica se sucedem sem que haja rigorosamente nada de positivo nessas “actividades de recepção ao caloiro”.

A minha filha Joana foi caloira recentemente. Viveu mais de um mês de cerimoniais que, na minha opinião, não serviram rigorosamente para nada, a não ser para provocar um profundo cansaço e uma enorme ansiedade de que tudo terminasse rapidamente para que pudesse começar a fazer aquilo que a levou à universidade: estudar. Mas nunca se queixou. Aguentou estoicamente (e voluntariamente, é bom que se diga) tudo o que os senhores estudantes a levaram a fazer. Mas, na minha opinião, não era necessária tanta parvoíce.

Também fui universitário. Há muito anos. No meu tempo, o alívio mais ansiado que poderíamos vivenciar seria descobrir que o professor da cadeira de Cultura Inglesa, que nos entregou uma lista de 150 livros para lermos até à semana seguinte, não era mais do que um aluno de 4.º ano que, com a conivência do professor da cadeira, veio assustar, de facto, uma turma de caloiros, muitos deles acabados de chegar da província. Se a tragédia do Meco foi resultado de uma praxe? Não me parece. Julgo que tudo não passou de uma infeliz conjugação de factores que resultaram num estúpido acidente. No entanto, continuo a estranhar que a investigação tenha começado apenas um mês depois.

5 comentários:

samuel disse...

"… um mês depois"… como é da praxe!

Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novo disse...

Toda e qualquer praxe académica, ou não, que exista, deve e tem de servir única e exclusivamente o propósito da adaptação e integração dentro do meio em que se regista. Todo e qualquer exagero que haja dentro dessas práticas (físico ou psicológico) deve ser de denunciado e prontamente responsabilizados os seus autores.
É assim que vejo a praxe e que sempre a vivi, muito por dentro.
A tragédia do Meco foi isso mesmo, uma tragédia baseada na inconsciência, é como vejo esta situação - concordo contigo.

Rogério Godinho disse...

A minha foi uma aula de anatomia da pele que nos deixou a pensar que era areia de mais para a nossa camioneta. Quando percebemos, também percebemos que estávamos integrados e fazíamos parte daquela casa. Simples e sem humilhações. E, ainda hoje, 25 anos depois, ainda a recordo a sorrir e guardo as dezenas de fotocópias da aula. As praxes de agora, conforma as oiço contar, só demonstram que aqueles que as fazem ainda não deram o salto que a universidade pressupõe. É triste.

Anónimo disse...

Caro João, tens toda a razão. Já assinei um abaixo assinado contra as praxes, que me foi reencaminhado pela Ana.
Um abraço

Teresa Fonseca

Diana Machado disse...

Bom, a propósito deste post eu vou este ano praxar, está quase aliás a começar o novo ano letivo, mas uma coisa lhe digo, na minha rica universidade, de Évora, não vi humilhações, não fui humilhada e qualquer um que experienciava algo mais "violento" fez queixa, houve senhores estudantes que ficaram proibidos de praxar.
a questão é mesmo a de cada um ser livre para dizer "não quero ser praxado", podemos ter uma conversa com ele para experimentar e depois não quer, ninguém o vai empurrar para isso.
e o meco nem sei até que ponto esteve relacionado com praxes, sinceramente, a meio do ano letivo, muito estranho, isso são outros casos isolados aos quais se deve dar apenas a importância merecida, esse assunto já me trás a mostarda ao nariz de tão farta que fiquei dele.
e depois temos aqueles acéfalos que querem acabar com as praxes, eu como tão próxima senhora estudante que sou digo-lhe, as praxes iriam ser feitas na mesma, mas sem o conhecimento de autoridades superiores, o que faria com que esta pudesse ser menos bem gerida. mais vale ser aos olhos de todos e com condições e regras!

P.S: gostei do blog, achei interessante, vou passar a ser uma leitora assídua :)

Distraídos crónicos...


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