Os Anjos não têm asas é o primeiro livro publicado de Etelvina
Santos, montemorense dos sete costados e que me cativou com o seu texto pouco
depois de ter sido escrito. É o resultado de uma experiência forte,
inesquecível, e que ela decidiu partilhar, primeiro com a família, depois com
os amigos e, finalmente, com um grupo mais alargado. Poderia escrever mil
coisas sobre o que a Vina viveu, sobre como eu vivi o texto que ela escreveu,
mas vou limitar-me a reproduzir a sinopse que a autora me convidou a escrever
para a contracapa desta memorável crónica de viagens. Antes, agradeço
publicamente à Vina pela partilha, pelo convite que me fez para apresentar a
sua obra de estreia, e pela confiança:
“Há viagens que não se descrevem. Que fazem parte do canto mais escondido do nosso ser. São património do indizível, tal não é a mistura de sentimentos que borbulham no espírito de quem as faz.
A protagonista desta aventura, sem saber onde localizar a sua fé, pôs-se a caminho, como se diz por aqui. E, com as palavras escritas por ela, caminhámos nós, com coragem, em espanto, em dor, em desalento, mas também em harmonia com a natureza, com os seus tempos e os seus silêncios. E a viagem torna-se, inevitavelmente, espelho da própria vida, com dias de sucesso e outros de verdadeiro desânimo. Os motivos, esses são menos importantes do que os factos em si.
Há viagens que não se descrevem. Muito menos as que se fazem pelos nossos próprios pés. Porque só quem viaja assim chega ao fundo do seu ser, ao âmago do seu existir, medindo a fé que os move, a coragem e o êxtase em que se transforma uma peregrinação a Santiago de Compostela.
E pelos Caminhos de Santiago tudo é possível, sobretudo, o Amor. Mas os encontros, tantas vezes misteriosos, podem transformar-se, pelas razões que a vida não explica, em desencontros, definitivos ou temporários. É esse também o mistério de uma grande parte desta narrativa. E há o chegar, o vencer e o voltar a casa (porque se volta sempre a casa) renascida.”
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