Não
se tem falado por aí além de um
grupo que ultrapassou já as paredes onde germinou e que é hoje um
fenómeno sócio-cultural com raízes e que não deixa ninguém
indiferente. A Universidade Sénior do Grupo dos Amigos de Montemor,
que teve início há mais de uma década com o nome de Estudos
Gerais, é, nos dias que correm e no panorama cultural da cidade,
muito mais do que a soma dos elementos que a formam.
Porque
tenho lá muitos amigos, professores e alunos, sei da pureza dos seus
objectivos e da riqueza das suas intenções. O partilhar de
experiências de vida, a aprendizagem nos mais diversos campos do
saber (História, Património, Literatura Portuguesa, Teatro,
Música…) e o sentido que tudo isto continua a dar à existência
de cada um deles substitui, de forma inteligente e prática, a velha
ideia de que os mais velhos nada mais podem aprender e, pensamento
ainda mais grave mas que continua a arrastar multidões, nada vale a
pena depois de uma certa idade.
Não
serve este pequeno apontamento para listar as dezenas de actividades
em que a Universidade Sénior se envolve, cruzando os seus saberes
com outras instituições da cidade e de outros pontos do país, mas
há que destacar os elementos da Tuna que, ao dividirem em dois os
seus afazeres, conseguem representar peças de teatro de alguma
complexidade e cantar afinadamente, com graça e brilho, nos concerto
em que participa.
Não
sei de forma concreta, nem poderei saber, o que poderão sentir esses
alunos/actores/cantores/músicos/construtores de instrumentos,
quando fazem tão bem o que nos mostram. Mas calculo que, depois de
cada aula, de cada concerto ou récita, se sentem mais felizes,
cultural e socialmente mais úteis e motivo de orgulho para os
amigos, filhos e netos que os aplaudem generosamente. Sim, depois de
certa idade é tempo de sermos pais cada vez mais presentes, avós
imprescindíveis, maridos e mulheres de uma vida. Porque os novos
tempos isso exigem. Mas também é tempo de reviver, de recuperar, de
renascer, de afastar o que nos preocupa, num processo contínuo e sem
fim. E é isso, sobretudo isso, que faz correr Vítor Guita e os
outros professores que com ele formam equipa, disponíveis,
preocupados, conscientes, pedagogos q.b. e orgulhosos dos frutos da
sua obra.
Querem
saber os motivos desta minha admiração por todos eles? Se não
tivesse, porventura, chegado há muito tempo a essa conclusão,
bastaria a extraordinária participação do grupo na mais recente
encenação de Vítor Guita do “Novo Entremez”, de Curvo Semedo,
para perceber que a vida das pessoas não termina com a aposentação.
Muitas vezes, é aí que ela recomeça.
O
importante, dizia alguém, não é a meta, é o caminho até lá…
Neste caso concreto, acreditem, é tudo importante, sobretudo o Amor.
Pelas Pessoas, pelo Saber, pela Arte.
1 comentário:
Estamos perante estudantes que para além de aprenderem, continuam a dar-me muitas lições de vida, em especial a minha Mãe, que muito me orgulha pela sua presença perseverante neste grupo e pela sua alegria de viver que me contagia.
Pedro
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