Seis
meses quase passaram desde o
primeiro dia deste ano, fértil em tantas coisas e, a ver bem, em
coisa nenhuma em especial. Não vou fazer o balancete deste período
(para isso, há jornalistas credenciados), até porque seria logo
alvo de propostas de alteração ou até de uma ou outra blasfémica
ofensa por parte de um ou outro leitor menos bem disposto por causa
deste calor que nos invade a paz de espírito. Por isso, esqueçamos
o que passou e brindemos ao que há-de vir, às promessas eleitorais,
às pinturas de muros e paredes, aos arranjos nas ruas e nos largos,
às fotos da Oposição, muitas fotos da Oposição, com jogos do
antes e do depois, e à vontade, muita vontade, por parte de toda a
gente (acho eu) de tornar este Monte ainda Maior. Mas, para isso, é
preciso arte, jeito e vontade genuína de ensinar e aprender com
todos os envolvidos no processo. Cativar o eleitorado não é fácil
e, como dizia alguém muito sábio, mais vale cair em graça do que
ser-se engraçado. E, sobretudo, não ter medo de manifestar a sua
opinião, ainda que, por tal, se torne alvo de epítetos que nada têm
a ver com a essência daquilo que opina.
É
por isso que a arte de bem descascar uma batata não
é para todos. Retirar o invólucro a um tubérculo arredondado nas
formas e liso na textura é fácil e todos o podem experienciar.
Agora, retirar a casca a uma batata torta, sinuosa, produto de alguns
espasmos da natureza, não se torna fácil, principalmente quando o
cozinheiro só aprendeu, por diversas vias, e por deformação
ideológica, a descascar batatas só de um determinado lote ou a
utilizar, apenas e só, um determinado tipo de faca. É por isso que,
quando alguém decide descascar aquela batata que ninguém ousara
descascar antes, acaba por ficar sujeito a apreciações que, no
mínimo, reflectem tanto a importância da sua ousadia como a
incapacidade de discussão de temas difíceis e fracturantes por
parte dos que vivem ainda a admirar ídolos de pés de barro.
Se o concelho merece a atenção de todos os que se envolvem
político-partidariamente na luta legítima e genuína pelo poder, há
que ouvir atentamente os que, não tendo qualquer filiação
partidária, pretendem apresentar ideias, soluções, apontar
caminhos para que todos, mesmo os que não aprenderam ainda a
descascar a tal batata tão cheia de polémicas calosidades, mostrem,
sem demagogia nem ligações a ideias feitas, a sua verdadeira paixão
por Montemor. A sua paixão por todos nós.
João Luís Nabo
In O Montemorense, Julho de 2017
1 comentário:
na mosca!! :)
beijinhos, com saudades...
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