Não foram nada bons os primeiros dias de Dezembro. Neste tempo de esperança, de alegria e de união familiar e de amigos, foi exponencialmente difícil quando nos vimos confrontados com o trágico acidente e consequente falecimento de um conterrâneo nosso, figura popular e de quem todos gostávamos, pela sua forma de se dar aos outros e de partilhar o que tinha com quem não tinha. Era jovem o Francisco. Vai permanecer jovem para sempre, dando continuação a outros mitos da literatura, do desporto, do cinema e das belas artes, que têm povoado o imaginário de várias gerações ao longo da História.
Era, por isso, ainda cedo. Cedo demais.
Quando um amigo parte das nossas vidas e deixa os nossos dias profundamente mais vazios e sem Sol, há sempre uma parte nossa que o acompanha e uma parte dele que fica connosco. É assim a amizade. Se não fosse como acabo de descrever, nada teria valido a pena.
Partiu o Francisco. Deixou inconsoláveis a família e os amigos, sobretudo os amigos da igualmente mítica Rua de D. Sancho, e também os companheiros e colegas que, com ele, viviam a noite montemorense com intensidade e paixão.
Também nós, um dia, partiremos, por um motivo qualquer inesperado, adverso ou, nunca o saberemos agora, já aguardado. E haverá, também, gente pouco cautelosa a trocar impressões nas redes sociais sobre o nosso estado de saúde, sobre as nossas amizades, sobre a nossa família e o nosso passado, esquecida da dimensão e do alcance que esses comentários podem atingir. Todos os amigos, preocupados, os irão ler. E os outros também.
Mas para o Francisco nada disto teve importância.
Até um dia, sabe-se lá quando... Quando for, vou levar-te notícias da nossa terra.
Descansa em paz.
João Luís Nabo
In "O Montemorense", Dezembro 2018
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