
...porque gosto de ser PROFESSOR!
Ideias velhas, recicladas a bem do ambiente intelectual português. (E algumas intimidades partilháveis)
"Os professores não devem ter medo das ameaças. É complicada a situação que se criou? Sócrates está numa encruzilhada? Pois que se saia dela sem que os professores lhe abram o trilho da retirada. A execução deste modelo de avaliação do desempenho tem que ser suspensa e o nado enterrado. (...) Não pode haver segunda oportunidade. Capitula quem perdeu. Não capitula quem ganhou."
"O processo de avaliação dos professores não era razoável (...) Continha erros." - Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação, RTP 1, 19/11/08.
Sem se saber bem porquê, a ministra da Educação emitiu um despacho, a entrar em vigor ontem, dia 17 de Novembro, com o objectivo de esclarecer um dos pontos do novo Estatuto do Aluno, interpretado erradamente por 130 mil professores. Somos todos muuuita burros!!! Obrigado, senhora ministra, pelo seu pronto e desinteressado esclarecimento.
Quando, em 1963, Martin Luther King pronunciou, junto do monumento ao Presidente anti-esclavagista Abraham Lincoln, o seu célebre discurso de libertação, não imaginava que, menos de meio século depois, um negro seria eleito para o mais alto cargo da nação americana. Não sabemos se a mudança vai ser para melhor. Sabemos que vai haver mudança. Um homem com 47 anos, negro e inteligente, não poderá ter o mesmo comportamento que um homem de 62 anos, branco e bronco. A eleição de Barack Obama representa, na sua mais profunda essência, a reconciliação do povo americano com o lado mais condenável do seu passado – um passado esclavagista, racista, incumpridor das verdades democráticas e igualitárias escritas na Constituição Americana, redigida e assinada por figuras ilustres, em Filadélfia, no ano de 1787.
Na Madeira não vai haver avaliação de professores.
Pela segunda vez neste ano, os professores, classe à qual me orgulho (ainda) de pertencer, manifestaram-se em Lisboa, não contra a avaliação mas contra o processo ineficaz com que é levada a cabo. Não é fácil explicar a quem não é professor o enleio absurdo e desnecessário em que nos encontramos envolvidos. E, pelos visto, também não está a ser fácil fazer a senhora ministra compreender tal questão. Dois meses de aulas e o sentimento de desalento começa já a perpassar para os nossos alunos, que não têm culpa das directivas ministeriais mas que são os principais prejudicados com toda esta confusão.
Milhares de professores vão estar hoje em Lisboa para, mais uma vez, dizer não a uma política educativa sem sentido, prejudicial sobretudo para os alunos, que acabam por sofrer as consequências destes abusos de poder ministeriais.
A História encarregou-se, mais uma vez, de mostrar as suas ironias. Obama é o Presidente dos Estados Unidos. Cumpriu-se o Sonho Americano? Não sei. Mas há sinais de mudança. Luther King já pode repousar em paz.