Educação, Escola, Professores, Ministério da Educação, Ministro da Educação. Devia haver um elo que unisse todos estes conceitos. Supunha-se que, para haver Educação, devia haver uma Escola servida por Professores que, estando ligados ao Ministério da Educação, conseguissem respeitar o seu Ministro mais as suas estranhas e ínvias decisões. Mas o seu Ministro não quer ser respeitado. Não quer, porque acha que o caos que neste momento reina no seu Ministério é por culpa dos serviços, dos computadores, das fórmulas matemáticas que regem os concursos, da Internet, dos Professores que se recusam a fazer provas de avaliação após inúmeros anos de serviço entre outras minudências, vielas e travessas.
A questão coloca-se: estará Nuno Crato consciente do mal que as suas políticas estão a fazer à Educação deste país? Eu acho que está. E os superiores de Crato também estão. O que falta naquela gente toda é coragem e vontade política para alterar o sistema de contratação. Como escreveu recentemente José Manuel Fernandes (JMF) no Observador online, a solução para evitar tais confusões seria a atribuição às escolas e aos directores de uma autonomia total para contratar atempadamente os professores considerados pelo director adequados para a equipa. O que JMFnão prevê é o pôr em prática da tradição que já vem do tempo de D. Afonso Henriques, que Deus o tenha: contratar os amigos e deixar de fora os inimigos. Portanto, ainda não será por aí que a coisa se resolve.
E recoloca-se a questão: não faltará naquela gente um sentimento de respeito pelos alunos, pelos pais e pelos professores? Falta. Mais: o que aquela gente não tem é um pingo de vergonha para, assumindo os graves erros perpetrados, enrolarem a trouxa e marcharem. Há, contudo, uma conclusão que é a única coisa que se aproveita no meio desta trapalhada toda: a verificação constante e diária do Princípio de Peter, que diz: “Numa hierarquia, qualquer funcionário tem tendência para subir até ao nível máximo de incompetência.”
Estamos, sem dúvida rodeados de incompetentes que sabem que o são mas que se manifestam diariamente como mártires - trespassados pelas setas da incompreensão e da cabala política - de um povo que não compreende o seu esforço em prol da salvação da pátria. E parece-me, pelo que tenho visto, ouvido e lido, que o Princípio de Pedro Passos transmite uma imagem mais clara do conceito original... do que o próprio original.
É por estas e por outras que prefiro ir ao fundo de vez a ser prolongadamente torturado por gente daquela classe sem classe.
João Luís Nabo
In "O Montemorense", Outubro de 2014João Luís Nabo
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