Se a
escrita é uma forma de liberdade, a escrita ficcional é uma
forma superior de liberdade. Escrever ficção, sejam romances, novelas ou contos, é mentir…
com classe. É inventar realidades, pessoas, sentimentos e espaços,
espaço interiores e exteriores, de tal forma que todos os que lêem
acabam por acreditar que o imaginado é real, mais real do que a
vida. É a célebre “suspension
of disbelief” de
Samuel Coleridge ou, de uma forma mais ou menos aproximada, “a
suspensão voluntária da descrença". Isto é, recusamo-nos a
não acreditar.
São
estas algumas das premissas que suportam os primeiros momentos num
contexto de oficina de escrita criativa. Outras motivações que,
nessas sessões, nos levam a orientar a imaginação e a técnica de
jovens candidatos a escritores, é “colocá-los” no lado de
dentro do texto e perceber assim, sob a perspectiva do criador, como
funciona a sua “criatura”, chamemos-lhe texto, neste caso
concreto, mas que poderia ser uma pintura, uma escultura, uma foto ou
qualquer outra manifestação artística.
Pois,
neste final de ano lectivo, há, para além da habitual febre das
notas, dos exames e das angústias inerentes e legítimas, um facto
incontornável e, por isso mesmo, digno de anúncio. O Agrupamento de
Escolas de Montemor-o-Novo vai publicar uma edição de contos
originais, da autoria de dois alunos que já começaram a dar que
falar nesta área. Joaquim Quadrado e Mateus Lopes Bregas, agora a
darem os primeiros passos numa área ingrata, difícil e demasiado
banalizada, merecem o meu público agradecimento pelo esforço (isso
da inspiração é um mito absurdo), pela paciência, pelo talento e
pela capacidade manifestada em mentir tanto em tão pouco tempo.
Continuamos a espalhar mentiras logo em Setembro? Cá por mim…
In "O Montemorense", Junho 2015
In "O Montemorense", Junho 2015
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