Vêm
aí mais umas legislativas.
Já se nota o nervosismo dos senhores que, no Governo e na Assembleia
da República, irão continuar a fazer cumprir as orientações da
troika,
comandada pela inefável senhora Merkel. Começaram, sempre
oportunos, Passos e Costa, a pendurar atempadamente as cenouras à
frente dos burros para ver se ganham mais um tachito e se podem abrir
algumas portas aos amigos mais necessitados.
Ora
vejam lá como a vida pode melhorar de um dia para o outro... desde
que haja eleições: já se fala do aumento dos abonos de família,
da reposição dos salários, da recuperação da reforma dos
professores aos 36 anos de serviço, do alívio fiscal... Os
portugueses, mais uma vez, ficam sem saber como agir. Sentem ainda na
pele e na família o peso das medidas de austeridade sofridas nestes
últimos quatro anos e não esquecem o que lhes foi retirado, quer em
termos de salário, quer em condições de trabalho e de aposentação.
Vivem ainda na desconfiança de que o novo Governo, seja ele da cor
que for, depois de ganhar a simpatia do povo neste período
eleitoral, possa acabar por atraiçoar a confiança que nele
depositaram. Não sei se o futuro sorri ao Partido Socialista, que se
encontra com uma ligeira vantagem nestas sondagens mais recentes, mas
sei que os actuais partidos do Governo vão continuar
convenientemente casados, porque só assim é possível ao Partido
Social Democrata formar um governo de maioria. De resto, não sei
(ninguém sabe) mais nada. Sabemos, é uma verdade indiscutível, que
alguns dos amigos de quem lá ficar vão ter uma vidinha regalada
durante quatro anos. Isso é ponto assente. E nós, ainda não será
nos próximos quatro anos que veremos os nossos problemas resolvidos.
Pode,
no entanto, haver uma novidade que nos traga mais ânimo: em Janeiro
de 2016, outro inquilino habitará o Palácio de Belém. Pode ser que
o novo Presidente da República tenha capacidade e coragem
suficientes para, dentro das competências que a lei lhe confere,
estar mais atento aos problemas do país e aproximar-se com outra
frequência dos mais desprotegidos.
Precisamos
de um ponto de referência. Não de um mártir, de um santo ou de um
herói nacional (já tivemos um durante mais de 40 anos e foi o que
se viu!), mas de uma pequena luz que nos mantenha a esperança de
voltarmos a ser felizes neste país onde, não fosse ele tão mal
frequentado, seria fácil vermos de que matéria são feitos os
sonhos dos que nele nasceram.
In "O Montemorense", Julho, 2015
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