terça-feira, 21 de julho de 2015

Eles adoram o povo



Vêm aí mais umas legislativas. Já se nota o nervosismo dos senhores que, no Governo e na Assembleia da República, irão continuar a fazer cumprir as orientações da troika, comandada pela inefável senhora Merkel. Começaram, sempre oportunos, Passos e Costa, a pendurar atempadamente as cenouras à frente dos burros para ver se ganham mais um tachito e se podem abrir algumas portas aos amigos mais necessitados.
Ora vejam lá como a vida pode melhorar de um dia para o outro... desde que haja eleições: já se fala do aumento dos abonos de família, da reposição dos salários, da recuperação da reforma dos professores aos 36 anos de serviço, do alívio fiscal... Os portugueses, mais uma vez, ficam sem saber como agir. Sentem ainda na pele e na família o peso das medidas de austeridade sofridas nestes últimos quatro anos e não esquecem o que lhes foi retirado, quer em termos de salário, quer em condições de trabalho e de aposentação. Vivem ainda na desconfiança de que o novo Governo, seja ele da cor que for, depois de ganhar a simpatia do povo neste período eleitoral, possa acabar por atraiçoar a confiança que nele depositaram. Não sei se o futuro sorri ao Partido Socialista, que se encontra com uma ligeira vantagem nestas sondagens mais recentes, mas sei que os actuais partidos do Governo vão continuar convenientemente casados, porque só assim é possível ao Partido Social Democrata formar um governo de maioria. De resto, não sei (ninguém sabe) mais nada. Sabemos, é uma verdade indiscutível, que alguns dos amigos de quem lá ficar vão ter uma vidinha regalada durante quatro anos. Isso é ponto assente. E nós, ainda não será nos próximos quatro anos que veremos os nossos problemas resolvidos.
Pode, no entanto, haver uma novidade que nos traga mais ânimo: em Janeiro de 2016, outro inquilino habitará o Palácio de Belém. Pode ser que o novo Presidente da República tenha capacidade e coragem suficientes para, dentro das competências que a lei lhe confere, estar mais atento aos problemas do país e aproximar-se com outra frequência dos mais desprotegidos.
Precisamos de um ponto de referência. Não de um mártir, de um santo ou de um herói nacional (já tivemos um durante mais de 40 anos e foi o que se viu!), mas de uma pequena luz que nos mantenha a esperança de voltarmos a ser felizes neste país onde, não fosse ele tão mal frequentado, seria fácil vermos de que matéria são feitos os sonhos dos que nele nasceram.

In "O Montemorense", Julho, 2015


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Distraídos crónicos...


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