Não sei por
quantas reformas já passaram os professores e os alunos desde o longínquo
25 de Abril de 74. Sei que em todas elas houve pontos positivos e pontos
negativos mas que, surpreendentemente, raramente foram utilizados como partida
para as reformas subsequentes. Notei que nos últimos anos do consulado de
Sócrates e em todo o reinado de Passos se privilegiou a formação pouco
aprofundada dos alunos, a necessidade de transição de ano sem que, muitas
vezes, os conhecimentos mínimos tivessem sido alcançados, e com o único
objectivo de Portugal figurar em posição de destaque nos rankings europeus de sucesso escolar. Felizmente que a maioria dos
professores, pelo menos os das equipas pedagógicas a que tenho pertencido ao
longo de mais de trinta anos, não alinhou nessas directivas do passem-os-alunos-senão-levam-tau-tau
e continuou a trabalhar com o rigor que a sua consciência profissional desde
sempre lhe ditou.
O novo ministro da educação, Tiago Brandão Rodrigues, investigador na prestigiada
Universidade de Cambridge na área da oncologia, seria, como era de esperar, um
verdadeiro desconhecedor das questões que têm atormentado quem trabalha nesta
área tão fascinante que é a Educação. Não sabemos ainda quais os planos
concretos do seu ministério. No entanto, as pequenas alterações que começou a
introduzir parecem-nos apropriadas e com futuro. Talvez haja nas suas políticas
e na sua eventual nova visão sobre estas coisas
do ensino intenções de, através de reformas sérias e exequíveis, redignificar a
carreira dos professores, responsabilizar os alunos por um maior empenho no seu
trabalho, nas suas pesquisas e no estudo das matérias fundamentais para o seu
futuro. Em suma, que não haja medo de possibilitar aos alunos, aos docentes por
eles responsáveis, aos pais e a todos os parceiros capacidades e conhecimentos
para que todos possam continuar livremente a escolher os seus caminhos, a lutar
pelos seus ideais e a pôr em causa, sem sombra de hesitação, muitas vezes
primeiro ainda que os tão inefáveis sindicatos, o que os governos decidem pôr
em prática de lei para lhes tramar a vida, em nome de interesses escusos,
filhos muitos deles de pai incógnito e de ventre maldito.
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