(Foto: autor desconhecido)
Ainda não li qualquer reacção por parte dos partidos da Oposição
que, normalmente, e como é da praxe, procuram atribuir
responsabilidades por este tipo de situações e que quase sempre
apontam a Maioria como principal alvo das suas críticas. Desta vez,
e à data deste escrito, ainda não o fizeram. Nem serei tão pouco
eu a fazê-lo. Porque não sei como se pode evitar estas catástrofes
e porque penso que os responsáveis autárquicos, maioria e oposição,
já terão pensado em tornar efectiva uma vistoria rigorosa a todos
os edifícios do centro histórico que se encontram em situação de
iminente desmoronamento. A chuva, o sol, o vento e a poluição que
têm vindo, ao longo de décadas, a conviver com os edifícios das
décadas de 20, 30 e 40 do séc. XX, começam a fazer os seus efeitos
erosivos, sobretudo em imóveis devolutos e cujos proprietários não
se encontram financeiramente em condições de proceder aos
necessários melhoramentos e, muito menos, a uma total reconstrução
dos seus imóveis antigos.
Há vários anos que muitos montemorenses, quer verbalmente, quer por
escrito nos jornais da terra, vêm a alertar para o estado de
degradação de alguns dos edifícios da histórica “encosta do
Castelo” e daqueles que circundam outro largo emblemático da
cidade – o Largo General Humberto Delgado. Mais quatro ou cinco
tempestades como a que destruiu o muro do Jardim bastarão para
deitar abaixo alguns prédios do mítico largo onde se ergue o
Monumento aos Combatentes da Primeira Guerra.
Se, aparentemente, houve algum desleixo com o estado do muro Jardim
Público, que este acontecimento nefasto, que para nós,
montemorenses, tem o valor de uma verdadeira tragédia patrimonial,
sirva para alertar quem de direito, de modo a, urgentemente,
evitar-se repetições. Montemor não pode ser visto como uma velha
caravela, esventrada, abandonada ao sabor das intempéries, que, por
falta dos contínuos e necessários cuidados de manutenção, deu à
costa, mil tempestades depois, a gritar por socorro. Exigimos da
autarquia uma maior vigilância e os meios necessários para prevenir
estas situações que deixam na traça da cidade cicatrizes difíceis
de sarar. Como? Não me compete a mim dizê-lo. E, já agora, que
não apliquem as modernices habituais nas reconstruções do género.
Queremos um muro exactamente igual ao que lá estava.
In "O Montemorense", Maio de 2016
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