Os alunos não
são todos iguais. Ainda que tenham a
mesma idade, uma origem familiar comum ou vivam na mesma rua. Muito menos
iguais são os de diferentes faixas etárias e, consequentemente, com interesses
muito diversos. Por isso, um
aluno com onze anos não pode ser tratado como se tivesse dezassete, nem
vice-versa. Não resulta. Nem em termos académicos, nem em termos de
afectividade e cumplicidade, tão necessárias em contexto de sala de aula.
Nem
sempre é fácil para um professor, mesmo com alguns anos de experiência,
entender essas diferenças: ou por cansaço ou por insensibilidade ou por
questões de feitio. Mas elas estão lá, de forma visível e à nossa espera todos
os dias, no decorrer do ano lectivo. O entusiasmo que nos guia, bem como os
objectivos essenciais da nossa prática lectiva é, quase sempre, cumprir o
programa do ministério e dar as mesmas oportunidades, de forma igual e
indiferenciada, a todos os alunos de uma mesma turma. Julgamos, assim, estarmos
a dar visibilidade a um ensino justo e equitativo. Nada mais errado. Muito
menos nos tempos que correm, com turmas onde existem alunos de diferentes raças
e etnias, com origens familiares diversas e, tantas vezes, problemáticas. Para
não desenvolver aqui a temática da inclusão, necessária, democrática e
obrigatória para crianças com necessidades educativas especiais.
Porque todos somos diferentes e todos temos limitações da
mais diferente espécie, espero que nunca ninguém, arrogando-se de pedagogo
iluminado e epifânico, decida fazer-me um exame prático de futebol, de ballet
ou mesmo de mandarim. Sem as devidas ajudas especializadas e personalizadas… é óbvio
que vou reprovar em todas as provas e que serei considerado um aluno com sérias
dificuldades de aprendizagem.
In "O Montemorense", Outubro, 2016
1 comentário:
Ora nem mais!!!
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