Os anos começam bem para uns e mal para outros. Ainda no tempo das cavernas, altura em que
S. Gregório não tinha nascido, os homens e as mulheres não tinham a mesma noção
de tempo do que nós, mas também teriam dias melhores e dias piores. Com mais
caça ou menos caça. Com melhores ou piores colheitas. Com vidas conjugais
calmas ou agitadas. Com mais guerrilhas ou menos guerrilhas pela posse das
terras e de alguma gruta assim tipo T5.
Nada mudou, apesar de tudo. Esses tempos eram, também eles, injustos.
2017 é agora
mais um momento (breve, muito breve) que se quer sempre renovado, melhorado e,
sobretudo, justo. Mas sabemos que não é assim. A vida, desde o tal tempo dos
nossos pré-históricos avós, continua a não ser sempre justa e nem sempre temos
aquilo que merecemos. No entanto, “navegar é preciso”, como dizia o poeta, e
todos, quer tenham fé num Deus, em vários, em nenhum ou apenas em si próprios,
têm o direito a uma vida digna e sem sobressaltos. Para isso, basta, às vezes e
apenas, que o outro seja respeitado nas suas opções, nas suas diferenças, nas
suas limitações ou nas suas capacidades. A nossa maior limitação é, de facto,
não vermos como todos, de uma forma ou de outra, somos, tantas vezes, tão
limitados.
Citando um autor
famoso chamado Mateus, São Mateus, que eu leio de vez em quando, “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então
verás claramente para tirar o argueiro do olho do teu irmão.” (7:5)
Bom Ano Novo.
João Luís Nabo
In "O Montemorense", Janeiro de 2017
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