Embora sensível à função estética de qualquer obra de arte ou
performativa, não terei conhecimentos suficientes para analisar a
questão em termos técnicos ou artísticos, e não foram essas as
questões que motivaram este texto. No entanto, não fiquei
insensível nem ao genérico da novela, nem aos exteriores, centrados
em magníficas imagens do Castelo, da Cidade e de outros pontos
conhecidos (Barragem dos Minutos, Herdade da Comenda do Coelho,
Cromeleque dos Almendres) que nos deixam sempre com um aperto na
garganta.
Mas não é esse o maior gozo de todos: o maior gozo de todos é
quando ouço as personagens a falarem de Montemor como se fossem
mesmo de cá, como se estivessem, tal como nós, profundamente
apaixonados (ou não) por todos os encantos desta terra. É, muitas
vezes, esta magia que a literatura e o cinema têm que é o de
poderem misturar a realidade com a ficção, ficando nós, quantas
vezes, sem sabermos onde começa uma e acaba a outra. E, na nossa
imaginação, sempre a mil, ainda pensamos ser possível darmos de
caras com o recém-regressado Pedro Homem, com
o bondoso Tio Jacinto, a Sofia, confusa e à procura do seu rumo, ou
o Raúl e a Cremilde da sede dos pescadores.
Então, há que aproveitar esta oportunidade, única e sem
precedentes, de termos Montemor-o-Novo a ser visto quase diariamente
no mundo inteiro. Torna-se urgente tirar partido da força e do poder
da televisão e, agarrados a esta obra de ficção, procurar atrair
gente à cidade e ao concelho, porque precisamos de mais movimento,
de mais gente, de mais turistas, de mais habitantes, de mais capital,
de mais compras e de mais vendas.
Por isso, quero ter a certeza de que, muito em breve, o executivo
camarário vai iniciar (se não o fez já) uma série de acções
estratégicas, concertadas não só com as agências de viagens,
companhias turísticas, marcas de produtos e serviços, entre outros
eventuais interessados, mas também, e sobretudo, com empresas,
restaurantes, pastelarias, hotéis, pensões, associações culturais
e desportivas da cidade e do concelho. Podemos deixar de ser um local
de passagem para nos transformarmos num espaço que, dado a conhecer
pela caixa mágica, se transformará num polo atractivo, com muita
gente a querer passar por cá e visitar as maravilhas que nós cá
temos e que tantos e tantos desconhecem. E quem vem demora-se, come,
dorme, faz compras. E pode até decidir cá viver. Não podemos ter
medo de quem nos pode dar a mão em termos económicos e humanos. Não
podemos fechar Montemor ao mundo. Aproveitemos a oportunidade. É
agora ou nunca.
Obrigado RTP. Obrigado Câmara Municipal. Obrigado Rui Chapa. Sem ti,
o protagonista teria morrido e a novela não teria qualquer sentido.
João Luís Nabo
In "O Montemorense", Janeiro de 2017
1 comentário:
Concordo perfeitamente. Só é pena não ser uma telenovela de uma televisão privada, tipo TVI ou SIC com maior audiência, pois economicamente falando e apesar de não o ser, o share conta muito para o sucesso.Saudações
João Paulo
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