Já
me ando a repetir. Mas no preciso
momento em que alinhavo estas ideias não sei se o meu futuro e o
futuro dos meus vão estar dependentes de um governo dito de direita,
se de um governo dito de esquerda. E isso preocupa-me. Ambas as
possibilidades me preocupam. Gostaria de acreditar que qualquer um
serviria para nos oferecer a estabilidade de que precisamos para a
nossa vida. No entanto, pensar assim é atingir um nível de
estupidez a que não me posso permitir. A minha fofa, consciente das
minhas preocupações, regressou um bocadinho ao passado para
concluir umas coisas que se para nós são óbvias, já tal não são
para a maior parte dos portugueses que sofre, indiscutivelmente, de
amnésia, autismo e síndrome de Estocolmo. E disse-me ela, um dia
destes, à hora do jantar: “Se o
governo PS de Sócrates pôs as máquinas a trabalhar e escavou o
pântano, o governo PSD/CDS de Passos e Portas alargou o perímetro
do dito e empurrou-nos lá para dentro. Por isso, como é possível
os portugueses quererem, feitos borregos, que qualquer deles governe
o país?” Calou-se pensativa. E
exclamou entre duas garfadas de arroz de pato:
“Ah! Já sei! O sofrimento nesta terra de passagem é garantia de
salvação eterna!”
Sim. Nem
no tempo do Salazar havia tanto misticismo e tantos mártires em
regime de voluntariado.
In "O Montemorense", Outubro 2015
In "O Montemorense", Outubro 2015
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