Após
quinze anos de propaganda eleitoral na televisão portuguesa,
Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) candidata-se ao mais alto cargo da
nação. Isto se ainda existir nação quando chegarmos a Janeiro. E
julgo que a sua primeira tarefa, em defesa dos valores da pátria e
dos direitos dos portugueses (se ainda houver portugueses) é demitir
o Governo, dissolver a Assembleia da República e convocar novas
eleições. Se MRS for coerente com o que pareceu pensar e defender
ao longo destes anos, vai ser esse o primeiro gesto de salvação
nacional. Costa, Passos, Portas e outros estão manchados por anos de
mau uso do poder público, por incumprimento constante e contínuo da
sua palavra, pela mentira descarada e sem vergonha, pela falta de
sentido cívico e social para com todos os que mais precisam.
A fofa, sempre atenta às minhas preocupações, levantou os olhos do
cachecol amarelo-fluorescente que estava a tricotar e atirou,
convencida: “Eu sei como é que esses políticos podiam
recuperar a dignidade e o prestígio.” Saí do meu momento de
repouso e abri, tímido, o olho direito. Sentindo-me atento,
continuou: “Eu cá convidava os três para virem até cá e
passearem o Balú.” Abri os dois olhos, acreditando que ela não
estava a sentir-se grande coisa. E concluiu: “Quando as pessoas
começassem a ver esses três em boa companhia, sei que muita coisa
poderia mudar. Não é, Balú?” Desta vez, foi o labrador,
pachorrento, que abriu um dos olhitos, soprando um uff!!
ensonado. Eu fechei os meus e consegui pensar ainda antes de voltar a
adormecer: “É capaz de ter razão… Amanhã telefono aos
tipos.”
In "O Montemorense", Outubro 2015
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