domingo, 18 de outubro de 2015

Os ditos da fofa (parte 3)



As sondagens levadas a cabo antes das eleições são cada vez mais fiéis aos resultados oficiais. A malta cola-se ao televisor nas noites eleitorais não para saber quem ganhou, mas para comparar as percentagens atribuídas a cada força partidária com os números apresentados previamente pelas sondagens. E é, de facto, impressionante. Há uma diferença mínima, é certo, mas que não influencia o resultado final. A minha fofa andou a cismar nisto, porque desde a hora do almoço que não me dirigia a palavra. Chamei-a: “Vou mandar o Cloreto deste mês à D. Maria Manuel. Queres lê-lo?” Ouvi-lhe os passinhos curtos e leves, porém circunspectos: “Pode ser…” E leu. E concluiu: “Se as sondagens reflectem antecipadamente o resultado eleitoral, não vale a pena o povo ir às urnas. Não se consegue mudar nada…” Tinha razão.
Ouviu-se a campainha da porta. “Deixa-me ir abrir”, disse ela. “São aqueles três de que falámos há pouco.” Para mim: “Vai buscar o Balú e põe-lhe a trela.” Ainda a ouvi cumprimentar: “Boa tarde, senhores doutores. Esperem um bocadinho que o Balú já está quase pronto para o passeio. Aí vem ele. Ah! Doutor Portas, tem aqui uns saquinhos de plástico para… enfim, o senhor sabe… Pronto, divirtam-se e bom passeio. E se o Balú não obedecer às vossas ordens não lhe prometam nenhum osso extra. Ele é muito mais inteligente que muitos portugueses…”

In "O Montemorense", Outubro 2015

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Distraídos crónicos...


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