Também não entendo
por que motivo os alunos andam a transportar diariamente vários
quilos de livros para a escola, se alguns deles nem sequer chegam a
ser abertos no decorrer das aulas. Gastam-se centenas de euros (eu
cheguei a despender, cada Setembro, 600 euros em livros e em
materiais escolares no tempo em que os meus três filhos eram alunos)
para transformar as crianças em carregadoras de saberes profundos
sem, por vezes, fazerem ideia do que andam a transportar. O problema
é que não é responsabilidade das escolas e dos professores dar a
volta à questão. Há interesses extraordinários metidos na coisa
que continuarão a fazer com que as editoras e o ministério, os
autores de manuais e as editoras, o ministério e os autores de
manuais queiram manter esta estrutura que vai acabar por esgotar as
já parcas bolsas da maioria dos pais que, ainda por cima, estão
assim a colaborar para que os filhos possam vir a ter problemas de
saúde ao nível da coluna vertebral… que é onde assenta o crânio
(que tem dentro um cérebro.)
Alface, pela
espessura dos livros que nos deixou, havia de concordar comigo.
Tamanho não é sinónimo de qualidade e este escritor montemorense,
falecido há 10 anos e homenageado no passado dia 8 de Março nos
Paços do Concelho da sua terra, conseguiu provar com os seus textos
narrativos que basta uma única frase, escrita com saber e
inteligência, como só ele sabia, para pesar mais do que os cinco ou
seis manuais escolares que os miúdos levam hoje, diariamente, para a
escola.
Tenho
a certeza de que para este escultor da palavra, mordaz, satírico,
contundente e literariamente livre, bastaria uma leve sebenta,
dobrada ao meio e enfiada no bolso de trás das calças para poder
ser o mais sábio dos alunos e ser hoje o mais descontraído dos
mestres.
João Luís Nabo
In "O Montemorense", Março de 2017
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