O mês de Março é,
aparentemente, um mês morto. É assim uma espécie de “toma lá
calma e não te enerves, que isto há-de passar”, um mês de fazer
favor que nos deixa mergulhados numa espera e num ansiar por outros
dias com mais luz. Março, outrora dedicado ao deus romano da guerra
e da agricultura, é hoje apenas o terceiro mês deste calendário
que nos obriga a um intervalo entre a noite e o dia, entre a sombra e
a luz, que nos arrasta nestas horas que não são invernosas nem
primaveris, num limbo demasiado longo onde as almas aguardam, nem
sempre serenamente, a libertação.
Essa
virá com os dias que se avizinham, uns de Paixão e Morte, outros de
Ressurreição e Esperança, outros sem coisa nenhuma que se pareça,
mas, ainda assim, cumpridores do calendário dos homens e da
natureza. Poupa-se luz, poupa-se gás, poupa-se a alma e o pensamento
e os psiquiatras ficam mais libertos para irem à pesca. É por isso
que gosto muito mais do que vem depois.
João Luís Nabo
In "O Montemorense", Março, 2017
3 comentários:
Desculpa!O mês de março é importantíssimo! É o mês em que eu nasci. E sem mim o mundo não era a mesma coisa. Beijinhos
Há exxcepções, claro! Tens razão! Beijinhos!
e eu que pensava que o mês de Março era bonito, porque se começavam a avistar, para nossa paz de espírito, as primeiras folhas a aparecerem nas árvores, as primeiras flores a colorirem os canteiros... eu própria, sou uma delas, nascida neste mês :) :) :) :) ...mas, pronto. tenho que concordar que é um belo texto :)
beijocassss
avómaria
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