O mundo começou, recentemente, a dar provas de uma polarização sem precedentes na política e nos
partidos que a fazem. Os Estados Unidos da América e o Brasil são disso exemplo
quando, nas urnas, a esquerda e a direita, nos seus conceitos mais
tradicionais, lutam seriamente pelo poder, ganhando uma delas sempre à
tangente.
Lula da Silva e
Bolsonaro, recentemente, e Biden e Trump, em 2021, perceberam e mostraram como
as respectivas nações de encontram divididas, com dois grandes grupos
perigosamente separados e com uma força eleitoral muito equivalente. Sempre
abominei ditaduras venham elas dos partidos e regimes admirados pelo Chega, surjam
elas dos partidos e regimes idolatrados pelo PCP. Uma ditadura de esquerda,
como as que dominam na Coreia do Norte ou na China, é tão perigosa como a
ditadura Russa ou como a hegemonia bélica e territorial, e a política de ingerência
noutros países, dos Estados Unidos da América.
Estes resultados e
aquilo que todos nós vamos testemunhando levam-nos a concluir que as políticas
de esquerda nem sempre são as mais liberais e que as de direita nem sempre são
as mais conservadoras, mas, e é o que se revela mais importante, nenhum tipo de
ditadura serve os princípios de um mundo livre e democrático. É então que se
coloca a questão: se assim é, qual o motivo de resultados tão iguais nas
eleições mais recentes? Por que terá vencido a candidata pelos Irmãos de
Itália, um partido conotado com a extrema-direita italiana?
A História recente,
bem recente, provou-nos quais eram as consequências para os cidadãos quando governados
(leia-se oprimidos) por ditaduras: Hitler, na Alemanha, Mussolini, na Itália,
Franco, em Espanha, Salazar, em Portugal, Estaline, na União Soviética. Regimes
totalitários que não admitiam a diversidade, a pluralidade de ideias, de religião,
de pensamento, tendo como remédio para tais “desvios” a censura, os campos de concentração,
as prisões, as torturas, as deportações, os fuzilamentos. A História ainda mais
recente mostra-nos o que acontece no Iraque, no Irão e noutros países onde a
religião se confunde com o Estado e onde a ausência do voto livre se traduz num
futuro de repressão, de miséria e de obscurantismo, sobretudo para as mulheres.
As novas gerações
e o desconhecimento cada vez maior que têm da História, do nosso passado enquanto
portugueses e europeus, pode ser um dos motivos pelos quais se começa a vivenciar
este “ela-por-ela” entre regimes que podem assegurar alguma segurança aos seus
cidadãos e outros que são, pelo discurso dos seus líderes, agarrados a um
populismo nunca visto, uma clara porta aberta a um futuro incerto e meio
obscuro. Por cá, os partidos do chamado Centro estão cada vez mais encostados à
esquerda ou à direita, porque começam a perceber que é aí que vão recolher os
votos de que precisam para “tomar” o poder. O Partido Socialista terminou há
pouco uma relação com os partidos de esquerda, e o PSD anda, vai que não vai, a
querer respirar os ares do Chega.
Os portugueses
ainda podem, por enquanto, pensar por si. Os picos de crise económica, como a
que está neste momento a acontecer, e que levam a graves crises sociais, são o
rastilho para que, à imagem de outros tempos e de outras nações, surja um
salvador da pátria, com olhos mansos e voz firme.
Cá por mim, vejo
com olhos turvos os caminhos que se avizinham.
Uma
nova escola
Ainda que unidos
pela língua, falta-lhes, e a nós também, o conhecimento mais profundo de ambas
as culturas e vivências, das experiências do presente e do passado, para que
nos seja permitido a todos, alunos e
professores, criar uma plataforma de entendimento, de modo a que o sucesso
escolar seja possível. Se há professores legitimamente preocupados com as
avaliações dos seus alunos, tanto portugueses como brasileiros, outros pensam
que essa questão, mais académica, deverá ficar secundarizada pela importância
fundamental a dar, antes de mais, à inclusão desses jovens (e de outros de outras
nacionalidades), não só nas nossas turmas mas também na nossa vida, na vida da
nossa cidade e das nossas associações e grupos de trabalho ou de lazer. E sem
esquecer que a nossa atenção deve igualmente estar virada para a adaptação dos
alunos portugueses a estas novas relações, porque também eles estão a viver uma
nova experiência, que sendo, à partida, enriquecedora e importante para o seu
crescimento como seres sociais, tolerantes e inclusivos, pode não ser fácil de
gerir e cimentar.
Porque as escolas
se vão tornando a cada dia que passa, cada vez mais “internacionais”, é vital a
alteração de todo um sistema com largas dezenas de anos, de modo a acolher um
número cada vez mais crescente de alunos estrangeiros espalhados por todo o país
e criar as condições adequadas para que os alunos portugueses possam e saibam
receber e apoiar quem chega à sua escola, tendo deixado atrás de si uma história
de vida, um lar, uma escola, amigos e familiares.
Até há uns meses a
esta parte, tudo tem sido muito fácil. Vamos começar agora a ser
postos à prova.
1 comentário:
sem dúvida os próximos tempos serão tempos muito difíceis esperemos que a humanidade sobreviva a mais esta vicissitude
Enviar um comentário